MinHo não estava suportando mais tudo aquilo que começou a acontecer abruptamente em sua mísera vida.
Sua mente parecia estar se afogando em meio a tantas incertezas e sentimentos novos que afloraram em seu ser, e não conseguia lidar com tudo isso, nunca em sua vida havia se afeiçoado tanto a alguém ao ponto de deixar que ela controlasse sua vida e suas emoções, que fazia seu coração bater mais rápido e causasse frios na barriga ao ver um simples sorriso direcionado a si, não sabia que ao se afeiçoar em alguem poderia desmoronar tudo aquele orgulho e egocentrismo e permitir ter o luxo de sentir um ciúme ardente ao ponto de começar a ter raiva de quem encostasse nele.
Tentando controlar sua respiração, Minho desencostou sua testa do espelho encarando seu reflexo, os cabelos molhados após um banho quente, estão grudados em sua testa e o vapor ainda saia de sua pele, por todo seu corpo ainda tem algumas marcas arroxeadas e avermelhadas feitas por Han Jisung, seu modelo ideal.
Minho se odiou internamente por não ter falado sobre a regra que sempre usava em relação a não deixar marcas em seu corpo, mas ele sabia que queria ter elas na sua pele, no fundo ele queria que aquelas marcas ficassem eternamente gravadas ali para poder se lembrar como foi bom ter aquele garoto em seus braços, amando e admirando cada centímetro dele, gravando os detalhes em sua memória para nunca mais se esquecer.
Mas ele sabia o significado das marcas que estão em seu corpo, elas existiam para dizer que ele pertencia apenas ao garoto de cabelos escuros que despertou sua atenção desde a primeira vez que repousou seus olhos sobre ele, sabia que aquilo estava marcando território e Minho não queria ser território de ninguém, não queria perder sua liberdade ao se tornar exclusivo para a pessoa que marcou-o.
Com relutância o artista voltou seu olhar para seu reflexo no espelho do banheiro, desejou com todas as forças esquecer o corpo do garoto de cabelos pretos que usa as benditas meias arrastão, se pudesse odiar ele faria com toda a sua força, mas ele não se sentia capaz para desenvolver ódio por Han Jisung, nunca confessaria isso, mas esquecer ele seria como tirar sua própria vida.
— MinHo?- a voz de Chan despertou-o de seu transe, havia se esquecido que não está sozinho em casa.
— O que quer?
— Morreu aí dentro?- A risada do australiano irritou o Lee.
— Vai pro inferno Christopher Bang.
Após o silêncio que ocorreu depois de proferir aquelas palavras, Minho teve certeza que Christopher havia saído de perto da porta, sua mente ainda nublada não permitiu pensar em outra coisa, o artista inspirou fundo e tirou sua toalha da cintura para terminar de se secar, vestiu uma calça moletom e sentou em cima do tapete, encolheu as pernas até seus joelhos estarem em seu peitoral, abraçou suas pernas e encostou a cabeça na parede olhando para o teto.
Minho tentava diferenciar os sentimentos dentro de si, em seu coração surgiu o ciúme, paixão, ansiedade, atração e desejo, cada tipo de sentimento deixava seu cérebro confuso sem permitir processar o que estava sentindo, Minho nunca amou ninguém além de si mesmo.
Amor é uma palavra muito forte para definir aquela sensação, o artista não usava a palavra amor em vão, sem sentir realmente que era algo intenso e sem controle, amar é como se jogar de um penhasco tendo certeza que lá embaixo vai ter alguém fazendo o impossível para te segurar e impedir que se machuque com queda, se trata de se arriscar sem medo tendo ciência de que aquilo nunca irá te abandonar, amar no seu ponto de vista era dar a vida em troca de algo maior, se sacrificar por um bem maior e ninguém no mundo havia feito ele se sentir assim, a palavra amor é tão profundo que rara as vezes ela fazia parte do seu vocabulário, essa palavra transmitia medo e receio do desconhecido.
O loiro respirou fundo mais uma vez e fechou seus olhos, permitiu que a sua cabeça se abaixasse para encostar a testa em seus joelhos, lágrimas quentes e carregadas de dúvidas começou a rolar por sua face perfeita e cair na sua calça moletom, ao se dar conta que estava chorando, Minho se assustou e passou a costa da destra em seu rosto limpando-as, porém percebendo que ainda não haviam sido cessadas.
Mas por que? Minho não conseguia encontrar uma explicação lógica, em seu coração pulsava aquela sensação de perda, porém ele não tinha ganhado nada para se achar no direito de pensar que perdeu alguma coisa.
As dúvidas só aumentavam conforme o tempo passava, então Minho deixou que aquelas lágrimas descessem como cascatas até não restar nenhuma gota, parecia que a sua alma estava passando por um processo de lavagem após aceitar que precisava chorar, a cada gota que descia a bagunça em seu interior se ajeitava e ficava organizado, permitindo pensar com clareza e encher a verdade em meio a tantas mentiras criadas por si próprio, talvez agora ele poderia se sentir bem.
Ele precisava fazer algo para se distrair, ocupar a sua mente com alguma coisa para não enlouquecer com aqueles pensamentos intrusivos, Minho se levantou e saiu do banheiro indo até seu quarto e procurando uma roupa descente para se vestir, arrumou seus cabelos loiros, saiu do seu quarto e passou por Chan no corredor, até ouviu ele chamar seu nome, mas naquele momento não estava afim de conversar, então apenas colocou seus sapatos e saiu de seu apartamento, indo ao único lugar que talvez pudesse encontrar o garoto de cabelos negros feito a noite.
(•••)
Jisung não conseguia gritar por ajuda, sua boca estava tampada por uma das mãos do homem que lhe assediava sem pudor algum, as lágrimas desciam pela sua face assim como sentia nojo e repugnância pelo bafo de álcool vindo do homem da mesma forma que sentia com os toques dele em seu corpo.Sabia que era perigoso sair da boate de Seungmin durante a noite, ainda mais com as roupas que estava vestindo, obviamente isso não justificava, mas dado pelo horário ele sabia que algo do tipo poderia acontecer, a culpa não seria dele, mas poucos entenderiam isso, Jisung não quis chamar seus amigos para buscá-lo pois não queria incomodar e dar mais trabalho a eles, se ele soubesse... com certeza teria ligado implorando para ir até boate para te buscar e levar para casa.
Enquanto caminhava por uma rua vazia, próximo da boate, Jisung sentia que aquele um cara estava há muito tempo seguindo-o e foi num momento de distração que ele segurou seu braço jogando-lhe no chão, Jisung tentou gritar e implorar por ajuda, mas sua boca havia sido tampada por aquela mão asquerosa, impedindo-lhe de clamar para que alguém viesse socorrê-lo, numa falha tentativa o músico lutou para se livrar daquelas mãos nojentas, mas obviamente o homem é mais forte e maior.
Quando aquele ser horrendo estava quase penetrando seu corpo, Jisung sentiu ele ser tirado de cima do seu corpo e a mão dele deixar sua boca livre para gritar, com lágrimas nos olhos o moreno abriu-os e conseguiu ver pela penumbra da noite os cabelos loiros que pertenciam a Minho.
O moreno se encolheu na parede enquanto o mais velho dava uma surra no seu violentador, o menor não queria mais olhar aquela cena, então ele abaixou a cabeça e fechou os olhos novamente, estava com nojo de si mesmo naquele momento, sua mente repetia constantemente que ele deveria tomar um banho para retirar toda aquela sensação horrível que espalhou por sua pele.
Jisung inalou o perfume de Minho quando ele se abaixou para abraçá-lo fazendo um leve carinho nos cabelos, sua voz calma dizia para se acalmar pois já estava tudo bem, mas o músico não conseguia controlar o choro e os soluços que abandonavam sua garganta a força.
Minho não sabendo o que fazer naquele momento para acalmar o menor resolveu pegá-lo no colo e aninhar em seu braços e levá-lo até o seu carro, Minho pegou seu celular discando o número da delegacia avisar sobre o ocorrido, aproveitando que aquele homem nojento e asqueroso estaria desacordado naquele mesmo local até a chegada dos policiais.
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Fetiches | Min•sung (REESCREVENDO)
Fiksi PenggemarJisung faz curso de música numa universidade muito renomada na Coreia do Sul e nas suas horas vagas ele faz parte de um grupo de dança numa boate que pertence ao seu amigo, Kim Seungmin. MinHo é um artista plástico que adora recriar as pessoas com o...