32. imagination; handwritten; shawn mendes

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Lembro de quando eu criava as situações que queria que acontecessem na minha mente e nunca as levava adiante, sempre com medo de tentar pôr em prática. Minha timidez me impediu de curtir oportunidades novas, aproveitar possíveis amores e conhecer o desconhecido, e isso sempre acabou comigo. É claro que eu queria me arriscar mais, dizer tudo o que pensava e fazer tudo o eu queria, mas eu nunca consegui admitir meus sentimentos nem para mim mesma, sempre tive medo de como o que sentimos é poderoso e capaz de mudar tudo.

Sempre que eu deixava uma oportunidade passar a vida fazia questão de cobrar e esfregar na minha cara que é isso que acontece quando você deixa de fazer algo por medo, fazendo eu me arrepender todos os dias por não ter tentado mais a sorte e pensado menos sobre ao ponto de que meus pensamentos não bloqueassem minhas ações. Sempre agi pela lógica porque era loucura escutar o coração, sempre tratei amor como uma reação química e sempre tentei ser cética em todos esses quesitos emocionais; tudo para nada machucar meu coração, tudo para não doer, acontece que não sentir nada é pior do que sentir seu coração quebrar. E era assim que eu vivia, sem sentir nada, pois evitando situações em que eu pudesse me envolver eu acabei me impedindo de •sentir•, e foi então que percebi que eu precisava mudar. Sentir coisas nos faz sentirmos vivos, e eu ja estava me sentindo oca vendo as cosias acontecerem apenas com os outros, como um belo filme em que eu apenas era a telespectadora.

Acontece que tomar decisões não é fácil, e fazer algo depois disso muito menos. Eu estava decidida a ser menos cautelosa e me arriscar mais, porém estava empacada na parte de tomar uma providência sobre isso. Ok, eu querer já era o primeiro passo, mas se tornar essa pessoa espontânea que sempre quis ser parecia algo impossível de se acontecer, mas aconteceu. Nem sei como nem exatamente quando, talvez isso tenha sido tão espontâneo como eu queria ser que acabou sendo algo que aconteceu naturalmente, mas só descobri isso sobre mim quando me libertei de um relacionamento e percebi que minha autoestima e confiança atraía as pessoas e que era eu quem estava no comando de tudo isso. Eu me senti poderosa; eu tinha impacto nas pessoas, e de repente sentir isso me deu o gás para conhecer e apresentar aos outros essa nova eu, espontânea, direta e sem negar sentimentos ou a falta deles.

Comecei a me acostumar com essa minha recém descoberta fração da minha personalidade que não consegui compreender como pude ficar tanto tempo parada, estagnada no confiável, porque é o que dizem, "o navio está seguro quando está no porto, mas não foi pra isso que ele foi feito". Essa minha antiga versão me parecia tão assustada e passada que não pensei que ainda existam pessoas na mesma, até que conheci alguém e me vi nele.

Ele me disse que tinha muitas coisas para falar, mas que não sabia como, que tinha medo de admitir sentimentos e eu me afastar, que não me beijou primeiro com medo de que eu o fosse tratar diferente, então pela primeira vez eu que fui a pessoa com atitude que tomou as rédeas da situação. Admiti que tinha sentimentos por ele e um texto escrito, então ele confessou que gostou de mim desde o começo; o beijei naquele terraço e ele se culpou dizendo que sentia muito por não ter feito isso antes por medo. Eu reconheci tudo isso, e percebi que eu realmente não seria mais aquela pessoa, se eu quisesse beija-lo eu iria, porque me arrependeria amargamente de deixar essa oportunidade passar porque fiquei esperando o primeiro passo de alguém ainda tímido diante disso, que me via como alguém muito mais experiente e tinha medo de me perder pelos seus sentimentos bobos que de bobos não tinham nada, pois eram totalmente recíprocos.

Eu me encantei por ele quando vi que nossos gostos eram parecidos, me identifiquei ao ver minhas antigas inseguranças refletidas nele e me apaixonei no momento em que senti as borboletas no estômago que as histórias me prometiam e eu nunca fui capaz de experimentar.

Ele não consegue expor tudo o que sente, fica perdido em meio aos sentimentos, mas está tudo bem, porque eu não preciso que ele diga nada quando ele transparece seus sentimentos em suas atitudes e faz eu me sentir sortuda com essa chance que o destino me deu de fazer valer a pena.

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