| Bônus - Melissa |

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Os próximos capítulos serão dedicados a mostrar o quanto Enzo é especial, afinal o livro também tem como objetivo enfatizar o seu dom. Espero que gostem!!

No auge dos meus 20 anos eu me sinto completamente exausta, vulnerável e sensível

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No auge dos meus 20 anos eu me sinto completamente exausta, vulnerável e sensível. Eu passei parte da minha infância cuidando da casa, entregando panfletos e até mesmo cheguei a pedir nas ruas, isso para conseguir ajudar minha mãe em casa. Ela é simplesmente a pessoa mais guerreira que eu conheci, sempre fez de tudo para que eu pudesse ir pra escola, deixava de comer para me alimentar.

Quando eu tinha 10 anos meu pai saiu de casa e deixou um fardo muito grande para ela. Graças a Deus que a casa que moramos foi uma herança dos meus avós que faleceram quando eu ainda era um bebê. Depois de quase 5 anos minha mãe se envolveu com um homem, no inicio ele era legal, levava nós duas para passear, ajudava minha mãe com algumas contas... mas depois que passou a morar conosco tudo mudou. Ele agredia minha mãe, me espiava no banho, vivia bebendo e chegava em casa quebrando tudo. Quando fiquei mais velha, com 18 anos, eu o enfrentei e ameacei ir na polícia se ele não sumisse de casa, ele voltou algumas vezes depois disso, mas eu sempre aparecia com um fação no portão, por fim ele desapareceu. 

Dois meses depois minha mãe descobriu que estava grávida, de gêmeos ainda por cima. Ela ficou em choque, começou a ter depressão e eu tive que ser forte por nós duas. Comecei a fazer bico em algumas casas de família, lavava, passava, ajudava com as crianças, mas isso só durante a gestação porque desde que as crianças nasceram eu me dediquei a elas.

Minha mãe trabalha de domestica em uma casa de família, mas eles não são pessoas tão boas. Eu rezei muito para conseguir um emprego porque sei que ela está cansada, seus olhos estão tristes, sua pele abatida e seu rosto já da sinais de rugas, mesmo aos 35 anos. 

Eu estava desistindo de procurar quando passei enfrente a uma agência que dizia estar precisando de funcionário. Entrei e me deparei com um lugar extremamente lindo, pessoas por todos os lados. Me lembro de desanimar quando pensei que eles estavam procurando uma modelo, porque nem de longe eu conseguiria ser uma. Quando descobri que o cargo era para babá eu quase dei pulos de alegria.

Eu agradeço a Deus todos os dias por ter conseguido esse emprego e agradeço muito mais por meus patrões serem pessoas tão maravilhosas, a Senhora Manu até cozinhou pra mim. Confesso que estava faminta, eu não almocei em casa, comi apenas um pão pela manhã e tomei café da tarde com as crianças.

Essa casa é tão linda, eu já sonhei em morar em uma casa assim quando era criança, mas hoje eu sei que isso está longe de acontecer. Minha mãe ia gostar daqui, há um enorme jardim e também uma piscina, eu nunca entrei em uma.

- Tia Mel, você está bem? - O pequeno Enzo pergunta me abraçando cautelosamente. Ele é tão lindo e emana uma energia tão boa.

- Estou melhor e você meu pequeno príncipe? - faço cocegas em sua barriga e ele á gargalhadas.

- Sim, tia Mel. Você pode morar com a gente? Eu gosto de você. - sorrio com seu pedido.

- A tia Mel tem dois irmãozinhos em casa e a mamãe, não pode deixá-los sozinhos. - ele faz cara de triste.

- Você pode trazer eles, eu gostaria de conhecê-los. - Crianças tornam tudo tão fácil em suas cabecinhas.

- Seus pais não iriam concordar com isso. 

- Concordar com o que? - dou um salto do sofá ao ver o Senhor Derek encostado na porta.

- Não é nada senhor, coisa de criança. - desconverso.

- Papai a tia Mel pode vir morar com a gente? Ela e a família dela, por favor. - pede juntando as mãozinhas.

- Ainda é cedo filho, desculpe Melissa. Você está melhor?

- Sim, a Senhora.. quer dizer Manu trouxe comida para mim. - ele concorda com a cabeça e se vai. Enzo vai correndo atrás e eu permaneço sentada no sofá.

Confiro no meu relógio de pulso, são 19 horas. Salto do sofá e começo a procurar minha pequena bolsa, desnorteada. Minha mãe precisa de mim para ajudar com as crianças, merda. Saio do quarto e acabo batendo no meu patrão.

- Desculpe Senhor Derek. - ele me encara com um olhar penetrante que faz meu corpo tremer, as vezes ele parece mal.

- Onde vai com tanta pressa? 

- Pra casa. - informo me dirigindo para a porta.

- Você está realmente bem para ir? 

- Sim, obrigado! - quando estou quase abrindo a porta ele me chama.

- Melissa, vou pedir pra Roger te levar, está escuro e vai demorar pra você chegar em casa. - concordo porque realmente não gosto de andar sozinha a noite.

***************

Chego em casa às 20:00, está cheirando café. Entro na cozinha e encontro minha mãe bebendo café e comendo um pacote de bolacha. As crianças estão sentadas no chão bebendo o que me parece ser suco de laranja.

- Mamãe onde você arrumou tudo isso? - pergunto não entendendo.

- O motorista do seu patrão trouxe. - responde se levantando para me abraçar.

Lágrimas correm pelo meu rosto. Eu serei eternamente grata pelo que eles estão fazendo pela minha família em tão pouco tempo que me conhece. Os armários estava vazios e agora há alguns pacotes de bolacha, biscoitos, leite, café e frutas.

Obrigado Senhor Deus por ter sido tão bondoso comigo!

Eu, você e eleOnde histórias criam vida. Descubra agora