Eu, você e ele

| Bônus |

Faz uma hora desde que Jack deu a triste notícia que o jatinho de Derek desapareceu. Eu estou em um estado de nervos, ansiedade, tristeza e todo aquele misto de sentimentos que me deixa descontrolada. 

Estou na casa de Antony porque me encontro incapaz de ficar sozinha. Daqui a pouco iremos todos nos reunir na casa dos pais de Manu para aguardar por qualquer nova notícia, até em tão não houve nenhum pedido de socorro na área e nenhum sinal da aeronave.

- Meu amor você precisa se acalmar, isso faz mal para nossa sementinha. - é assim que ele chama o bebê que carrego em meu ventre. 

- Eu não consigo. - Eu chorei tanto que até mesmo me falta lágrimas. Nesses momentos é como se um filme de tudo que você viveu com aquelas pessoas se passasse em sua cabeça.

Penso na Manu, em Derek e nos meus afilhados. Eles são só bebês, e Enzo? Meus Deus não gosto nem de imaginar. Já rezei todas as orações que conheço e nada parece diminuir o aperto em meu peito.

- Vamos tomar um banho e nos encontrar com os outros. - diz me pegando em seu colo e nos dirigindo até o banheiro.

Depois do bum da descoberta da gestação Antony mudou muito, ainda não me pediu em casamento e eu também não quis forçar a barra, mas tudo está fluindo muito bem entre nós dois. Ele quer que eu me mude para sua casa no próximo mês, não sei ainda se irei sair de casa. Fico pensando em meu pai lá sozinho, e se ele precisar de mim? Eu quero me casar, mas tenho receio em sair de casa.

Tomamos banho, ganho uma massagem deliciosa e só então me arrumo para sair de casa. Confesso que ter Antony ao meu lado em um momento desse me deixa mais tranquila e segura. Ele é um bom ouvinte e consolador. 

- Te amo pimentinha. - diz me dando um beijo rápido enquanto passa a mão em minha barriga que está começando a crescer.

- Também te amo. 

Saio de casa com o coração na mão, tenho medo do que possamos ouvir quando chegar lá. Até mesmo dá para notar um ar de preocupação vindo do meu namorido. De uns meses para cá ele e Derek se tornaram bons amigos e sei que o que aconteceu também o afeta tanto quanto a mim.

Sinto meu coração acelerar a cada esquina. Chego a perder o ar quando chegamos na casa dos meus "tios". Minhas mãos estão soando e uma fisgada na barriga me faz curvar. Disfarço para que Antony não perceba, não quero preocupá-lo.

Na sala estão praticamente todos os nossos amigos e familiares, exceto por Mia e Erick que não puderam vir devido a distância.

- Boa noite! - cumprimento a todos e recebo uma resposta em uníssono. 

Vejo a mãe de Derek sentada em um canto, abatida e de cabeça baixa. Ela tem dedicado parte do seu tempo ao filho e netos, até mesmo se tornou mais próxima de Manu e sua família. Apesar de tudo que aconteceu eu sinto um pouco de pena dela e fico feliz que tenha conseguido o perdão do filho, foi uma situação difícil.

- Sra Foster, vai ficar tudo bem. - digo colocando a mão sobre seu ombro. Ela levanta a cabeça com o rosto abatido e me lança um sorriso fraco.

- Estou tentando me convencer disso minha querida. Fiquei tanto tempo longe do meu filho, temos tanto para viver e compartilhar juntos. Não posso perdê-lo. 

- Eles são fortes, estarão em casa em breve. - digo tentando convencer mais a mim mesma do que a ela.

Cumprimento Theo e me agarro a Sra Lia que está aos prantos. Eu me pergunto quando eles terão paz porque é sempre coisas ruins acontecendo, minha amiga não merece isso.

- Minha menina, meus netos e meu genro Karol. Por que? - aperto meus braços em volta do seu pescoço e tento transmitir conforto pelo abraço porque eu não tenho uma resposta para sua pergunta.

Estamos todos sentados em silêncio quando Jack chega. Imediatamente todos se levantam e o encara, ele até se assusta.

- Boa noite a todos. Temos uma boa notícia, o avião foi localizado e todos estão vivos. Não sabemos ainda a causa do acidente e nem mesmo o tipo de ferimento porque os bombeiros ainda estão em fase de resgate. Estou em constante contato com a base da Seguryt de Tocantins e assim que obtiver maiores informações direi. - afirma entrando no pequeno escritório do Sr Túlio acompanhado de sua presença.

- Graças a Deus, obrigado senhor! - glorifica Lia enquanto suspiramos aliviados. 

Resolvo preparar um chá para todos, precisamos manter a calma e a fé. Sigo para a cozinha e começo a pegar o bule para fazer o chá quando mãos fortes me envolve.

- Eu disse que tudo ia ficar bem pimentinha. - diz em meu ouvido. 

- Você é meu porto seguro. - beijo a pontinha do seu nariz e volto para minha missão.

Faço os dois tipos de chá que encontro na gaveta do armário, camomila e erva doce. Sirvo a todos que aceitam de bom grado, até mesmo Antony que não gosta de chá está tomando uma xícara.

Mais uma fincada surge em minha barriga me deixando um pouco preocupada, talvez eu deva marcar uma consulta com minha ginecologista ainda essa semana. Estou com três meses de gestação, não tive enjoou ainda e nem tonteiras, mas as fisgadas tem me incomodado nas últimas semanas.

Espero que esteja tudo bem com nossa sementinha.

Estou quase cochilando no colo de Antony quando Jack aparece com uma feição mais séria do que o normal. 

- Tive mais uma notícia que não é muito boa. Derek está acordado e passa bem, assim como o piloto, co-piloto e a menina Charlotte. - Engulo em seco quando ele faz uma pausa. - Porém Enzo, Manu e Logan estão desacordados e com alguns ferimentos pelo corpo. A equipe do hospital irá me notificar assim que o médico passar o estado de cada um.

 Eu tento me manter sã, mas é impossível nesse momento. Solto um grito que assusta a todos e então começo a chorar como uma louca, acho que realmente estou pirando.

Leva pelo menos trinta minutos para me acalmar, tive até que vir para o antigo quarto de Manu para não assustar ainda mais os outros.

- Os pais da Manu, assim como o Theo estão indo para lá em um avião fretado por Jack, você gostaria de ir? Sei que com a gestação é mais difícil ficar viajando, mas gostaria de te perguntar, sei que Manu é como uma irmã pra você. - Antony anuncia entrando no quarto.

- Eu prefiro aguardar um pouco, não me sinto disposta a viajar embora eu ame a todos eles. - afirmo tentando não transparecer que algo está errado. 

Não vou contar a ele nada sobre as pequenas dores, não quero assustá-lo atoa, deve ser normal.

Ele balança a cabeça em concordância, me dá um beijo e se vai me deixando sozinha com meus pensamentos.

************************************

Uma hora depois seus pais e Theo já estão entrando no pequeno jato fretado para a viagem. Combinei com Antony que na próxima semana se eles não forem transferidos para cá nós iremos, assim da tempo de fazer os exames e conversar com a médica. 

Voltamos para casa, ele fez um sanduíche natural que é o mais gostoso da minha vida, principalmente porque eu estou com muita fome. Como, escovo os dentes, ligo para o meu pai e então me ajeito sobre a cama, Antony me acompanha logo em seguida.

Faço uma pequena oração pedindo pela proteção de todos e então adormeço nos braços do meu homem. 

Que amanhã seja um dia melhor e que tudo fique bem logo.