❤ Capítulo 9

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A campainha toca e me apoio no sofá para levantar e não forçar o tornozelo

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A campainha toca e me apoio no sofá para levantar e não forçar o tornozelo. Caminho em direção à porta, sem desviar a atenção da televisão. Tem um programa esportivo acabando comigo ao vivo.

Filhos da puta!

Estão há mais de 30 minutos falando como a conduta fora das quadras afeta os atletas. Já citaram vários exemplos, mas, claro, a pauta quente do momento é detonar o Lucas aqui.

— Você está se sentindo bem, meu filho? — Dona Celina mal espera eu abrir a porta e já entra, fazendo um raio-x no meu corpo, tentando ver se machuquei mais algum lugar. — Fiquei tão preocupada.

— Agora estou sem dor — respondo, fitando o jornalista que mostra, pela décima vez na noite, fotos minhas em festas. Minha mãe acompanha meu olhar raivoso para a tela. — Que porra!

— Olha a boca perto do Vitor, Lucas! — ela repreende e, só então, me lembro do garoto. Faço um sinal de desculpas com a mão e volto para o sofá. — Por que assiste a isso, se fica estressado?

— Preciso saber o que estão falando de mim, oras.

Dona Celina revira os olhos e segue para a cozinha. Toda vez que ela vem aqui é o mesmo ritual: inspeciona a pia e a geladeira. Vitor senta ao meu lado e o cumprimento com um soquinho de punhos fechados.

Ele se parece mais com Mirela do que comigo, mas também temos algumas semelhanças como o cabelo e os olhos.

— E aí, garoto. Tudo bem?

— Sim — ele responde, me encarando com intensidade. Ajeito a perna em uma almofada para não precisar retribuir seu olhar. — Sinto muito que você vai perder os playoffs das quartas de finais.

A voz dele está com tanto pesar que fico com medo de começar a chorar e eu não saber o que fazer. Aumento o som da TV.

— Valeu — digo, simplesmente.

Voltamos a ficar em silêncio, ambos encarando as imagens exibidas à nossa frente. Eu não sei por que fico tão travado perto do moleque. Eu não faço ideia de como agir, o que fazer, e odeio esse sentimento.

Eu gosto de ter plena convicção das coisas. Gosto de dominar a situação. E com Vitor nunca foi assim.

Se eu for sincero, ele me deixa apavorado.

Eu já tentei me aproximar, mas não consigo. Travo totalmente.

— Você está com dor, pai? Com algum problema?

Hãm? — pergunto, confuso.

— Sua cara. — O menino aponta na direção do meu rosto, torcendo os lábios. — Está com uma cara diferente, fez até umas caretas.

Porra, até ele percebe a confusão que me deixa.

— Não é nada, não. — Encerro o assunto, antes que se torne mais estranho.

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