6. Pela Josie.

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Quando Lizzie sai do quarto, sua sobrancelha loira está levemente franzida. As mãos envolvidas na alça da mochila e os passos cautelosos enquanto ela se pergunta, mais uma vez, se as aulas foram canceladas e ninguém avisou a ela – porque, por algum motivo, ela não encontra uma alma viva pelos corredores.

Ok, definitivamente estranho.

Ela ainda passa por quatro esquinas e um banheiro deserto antes de finalmente desistir,  abrindo a mochila para recuperar o celular. Ela precisava ligar para Alaric e perguntar se as aulas foram canceladas, ou para Dorian, ou para Emma. Infernos, até Hope poderia saber o que estava acontecendo porque ela, obviamente, não sabia.

Ela mal digitou o quarto número do contato quando encontra a única pessoa do mundo que ela não suporta.

— Eu não estou com ânimo para suas  brincadeiras de vadia, senhor das trevas. — A loira resmunga, parando de andar quando vê os olhos da morena em sua direção. A mão sobre uma mesa de canto e os tornozelos levemente cruzados.

— É, eu notei. Ninguém está com muito  ânimo para nada, ultimamente. — Penelope diz da sua forma enigmática, rodando o indicador para sinalizar o corredor vazio.

Lizzie estreita os olhos.

— Do que você está falando?

— Oh, não importa. — Ela estala a língua, desviando os olhos para o celular na mão de Lizzie de forma sugestiva. — Não me deixe te atrapalhar.

E Lizzie não deixa, realmente, continuando a digitar os números que precisava para chamar Alaric.
Penelope assiste a cena se desenrolar em silêncio, a expressão neutra enquanto Lizzie  encaixa o aparelho no ouvido. A ligação sequer é completada antes de cair na caixa postal. Com o cenho franzido, ela tenta outra vez, mas a ligação cai de novo. Então, como último recurso, entra no contato de Emma – que nem chama, para sua desconfiança.

— O que você fez? — Ela acusa instintivamente, encerrando a chamada.

— Eu? Nada.

— Então porque não tem sinal na droga do telefone?

— Pelo mesmo motivo que eu estou presa nessa versão barata de faroeste caboclo. — Com um pequeno balançar de ombros, ela finalmente consegue a atenção de Lizzie.

— Você sabe o que está acontecendo com esse lugar? Com todo mundo?

— Talvez.

— Olha, ser demoníaco. Se isso é algum tipo de pegadinha...

— Eu acho que foram as lesmas. — Penelope a interrompe, sem procrastinar. Os tornozelos descruzando e a borda da capa negra se mexendo suavemente enquanto ela tira a mão da mesa.

— O que?

— O silêncio, o isolamento, o desejo compulsivo de comer e então a comida apodrecendo na despensa porque ninguém mais tem apetite. Foram as lesmas. — Ela diz calmamente, um suspiro singelo deixando-a enquanto Lizzie digere as informações. — Pelo menos, eu acho que foram.

Lizzie ergue uma das sobrancelha.
— Você acha?

— Eu não posso dizer certamente.  Seu pai não tem nada sobre pestes virais na biblioteca e acho que já reparou, mas o sinal do internato está nadando desde que Cassie morreu. Eu não posso usar a internet e nem ligar para ninguém.

— Por que você não saiu da escola para pedir ajuda, então?

— Eu não posso. — A bruxa mais baixa repete, infeliz por admitir sobre a quantidade de coisas recentes que ela se descobriu incapaz de fazer sozinha. — Seu pai fez Emma restringir a escola para nenhuma outra criatura entrar. O problema é que sem a permissão de Emma, ninguém pode sair também.

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