Havia apenas duas coisas na vida que Penelope nunca perdeu.
A primeira delas é o controle.
Sua primeira experiência de impacto aconteceu quando ela ainda tinha seus nove anos. William, seu irmão mais velho e amigo mais confidente, a deixou para trás para ir servir no Afeganistão. Ele nunca voltou. Mas Penelope nunca teve tempo para chorar uma vez que estava ocupada demais cuidando da mãe, que entrou em depressão depois de perder o filho mais velho.
Sua segunda experiência foi aos quinze anos.
Ela perdeu a mãe para a doença.
Nos seis anos antes do seu suicídio, Penelope testemunhou seus picos altos e baixos, estranhos e alegres; e então muito bons e extremamente ruins depois. Mas ela nunca - nunca - desistiu de tentar de ajudar a mulher a melhorar porque ela é uma Park, e uma Park nunca desiste.
No entanto, ela não nega que tal instabilidade fez da sua pré-adolescência um lugar escuro que ela não visitava com frequência. Ela nunca visitava, na verdade. Depois de tudo, ela tinha medo de pensar que preferia sua mãe enterrada do que viva e depressiva, fazendo-a assistir outro de seus episódios desesperados enquanto ela implorava para os paramédicos deixarem ela morrer.
Foram três longas tentativas até ela conseguir finalmente se suicidar. Três tentativas que deixaram Penelope plantada no corredor de emergência de algum hospital, às duas meia da manhã, preocupada e impotente com os braços sempre cruzados.
Dizem que a terceira é da sorte.
É o que dizem.
Penelope sabia, mas ela não entendia na época.
Como uma noite tranquila poderia terminar daquele jeito? Como acordar poderia ser tão tortuoso? Ela nunca questionou. Ela nunca pensou. Os gritos horrorizados do seu pai eram inconfundíveis. Ela sabia o que encontraria quando chegasse no final do corredor e mesmo assim ela não hesitou quando correu, e ela não estava errada. Sua mãe estava lá. Os pulsos cortados, os lençóis brancos ensanguentados; o homem que Penelope chamava de herói sobre o corpo morto, gritando para ela reagir, para pegar um telefone, para chamar por ajuda, para fazer qualquer coisa... Enquanto Penelope continuava paralisada, assistindo.
Então Débora quase morreu.
De noite.
Pulsos cortados.
Penelope não consegue respirar.
Seu coração está batendo em suas costelas tão forte que ela acha que vai desmaiar.
Ela tira as roupas do corpo como se estivessem pegando fogo. Ela sente sua pele pegando fogo. Sua respiração descompassada. A água do chuveiro congelando, tão fria que seus ossos estremecem.
A colega de quarto de Débora, Suzana, chegou pouco depois da menina voltar a respirar e logo correu para chamar Dorian, que trouxe as enfermeiras do colégio para socorrer a jovem suicida. Penelope quer dizer que ela teve coragem de continuar lá. Que ela teve coragem de amparar Débora... De ajudar. Mas uma vez que Suzana cobriu o corpo nu da menina, ela correu do quarto como se o próprio diabo estivesse atrás dela.
Talvez estivesse.
Lizzie estava certa.
Ela era o diabo.
Seus joelhos cedem e ela se senta no chão do box. A água do seu cabelo escorrendo. Existe uma parte de Penelope que sabia que ela deveria se levantar e tirar os vestígios de sangue do seu corpo, para exorcizar o pecado de outra pessoa, para tirar a tentativa de um suicídio da sua pele. Mas ela não consegue. Seu corpo está tremendo demais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Not for us [posie]
FanfictionJosie tinha mil motivos para dizer porque a amava, mas Penelope nunca mereceu saber. Então ela prefere listar os motivos para odiá-la. Legacies [1x11]