Comecei então uma verdadeira jornada para me entender. Custei muito mas passei pelo movimento gótico, contos e sites voltados não para pornografia mas luxúria, tribo underground, esbarrei com o movimento sadomasoquista e algumas outras coisas até que a sigla BDSM começou a aparecer com mais frequência. Mas como eu não conseguia encaixar bem tudo isso que vivia com o que lia, perseverei em descobrir o que era aquilo afinal que eu "era"; e cada vez mais BDSM reaparecia. Tendo uma pista mais sólida, iniciei pesquisas em sites externos ao Brasil, li muita coisa européia e durante quase 3 anos fui pesquisando, lendo e experimentando as coisas.
Finalmente me encontrei, ou pelo menos acreditava, mas era um mundo muito louco, até para os meus modestos padrões de "violência". No entanto algo não batia para mim, tudo no BDSM estava por demais estigmatizado a roupas de couro e acessórios muito específicos. Eram dezenas de títulos, casas com nobreza e regras particulares; fiquei impressionado com as quantidades de tudo o que lia, era um mundo à parte; e como tudo ainda me parecia muito um roleplay, decidi que eu não tinha dinheiro nem tempo para vivenciar aquilo. E até acreditei que era um pária, que viveria aquelas minhas coisas de forma única, e do meu jeito !
No Brasil (em português) não encontrava nada que me chamasse a atenção, geralmente eram apenas traduções do que lia lá fora, e como na ciência, permaneci lá por fora visto que eram mais estruturadas. Vale uma nota: o único site em que achei conteúdo mais ordenado por aqui foi o Sr. Verdugo; criei uma conta mas me parecia muito mais uma vitrine do que um local para se estudar e conhecer mais; talvez tenha pego um momento ruim, enfim, nunca mais voltei lá.
Permaneci nas fontes em inglês até cerca de uns 2 anos atrás quando comecei a procurar (e encontrar) muito mais referências em português; ainda que estranhe (até hoje) que alguns termos utilizados lá fora são completamente diferentes dos atribuídos aqui, como exemplo o conceito de primal, que é visto apenas como uma encenação e o de predador que aqui é atribuído a condutas criminais (o que está bem longe da realidade "out Brazil".
Mas de tudo que li, uma coisa eu tinha certeza: eu era um dominador e precisava de uma submissa ! Mais ou menos nesta época conheci meu (eterno) bebê, ela tinha apenas 18 anos e 4 meses quando me encontrou nos contos eróticos que escrevia; ela se ofereceu para ser minha e em menos de 6 meses veio morar na minha cidade, passando a me servir diariamente por alguns anos. Com ela comecei a testar muitas coisas novas e conforme me soltava de forma irrestrita sobre aquele corpo (que me pertencia), encontrava algo que gostava e então pesquisava e descobria que já existia até um nome para aquilo; e agora eu não me sentia único, ou sozinho, no mundo !
Com esta minha bebê reconheci os padrões de humilhação, degradação, spanking, chuva prateada e muitas outras mais. Atingi um nível de vida que jamais sonhara, ela realmente me impressionou por algum tempo. Nos víamos quase todos os dias e contávamos, dia a dia, meus gozos e peripécias. Durante muitos meses seguidos eu a via antes do trabalho, no almoço e antes de voltar para casa. Foram momentos de muita lascívia, luxúria e BDSM; realmente um período de descobertas !!!
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Homem Primal
Non-FictionA história de um homem que descobriu os papéis naturais de homem e mulher, macho e fêmea, na natureza e resolveu pautar sua vida de acordo com suas descobertas. Esta obra narra a história de um personagem ativo no meio BDSM em uma odisseia cheia de...