Capitulo 7

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                                         Na segunda e na terça ninguém ousou a me chamar de esquesita ou qualquer coisa assim na escola. Por ao contrario, as pessoas me olhavam com medo ou nem olhavam, era melhor assim, preferia que sentissem medo do que pena. Enquanto Sophie, nem tinha visto rastros dela.

                      Pintava algumas madeiras para a festa de amanhã. Eu não tinha a menor ideia do que estava fazendo e nem pra que eram, apenas haviam falado para pintar e eu apenas estava pintando.

                      Algumas pessoas andavam em minha volta ainda preocupados por obra estar atrasada, havia muito trabalho pela frente e a gente não tinha feito nem metade ainda. Acho que o que me dava mais raiva é por todos estarem se matando para o trabalho fluir enquanto  as meninas do coral fingiam estar ajudando enquanto conversavam e dava risadas.

                        Olho para trás e elas estão sentadas na beira do palco da igreja dando mais risadas. Será que elas tem um pouco de noção? Se não quisesse ajudar era só não vir. Reviro os olhos. Nojentas. Volto para frente e vejo a estátua de Jesus me encarando, olho para as madeiras amarelas pegando o pincel mas não me sinto confortável e meu olhar vai de novo para a estátua que continuava me encarando profundamente.

            - Desculpa. - Engulo em seco enquanto olho também a estátua. - Eu erro nos pensamentos as vezes.

            - Tá falando com quem Annie? - Dou um leve pulo de susto e nem preciso olhar para saber quem perguntou já que a voz da líder do coral era impossível esquecer.

            - Com ninguém. - Balanço a cabeça. - Estou pintando as madeiras.

                      Eu volto a pintar as madeiras e espero que ela não insista. Querem saber até o que converso com Jesus.

           - Porque não cantou com a gente no domingo? - Ela pergunta e sinto sua presença mais próxima a mim.

           - Eu... - Limpo a garganta e me viro lentamente e observo ela parada ainda na beira do palco. - Estava com dor de garganta. Não quis forçar para não ficar pior.

                       Ela balança a cabeça e parece satisfeita com a resposta embora era mentira. Eu tinha que sair dali antes que ela fizesse mais perguntas e acabasse me perdendo na própria mentira.

               - Eu vou ver se o Steven precisa de ajuda lá embaixo. - Saio quase que correndo dali. Espero que ela não tenha desconfiado de nada.

                              Desço as escadas da igreja e entro no porão vendo Steven furar algumas madeiras. De longe dava para ver uma gota de suor escorrendo perto de seu cabelo castanho. Ele era um menino super gentil e legal, se eu não soubesse que ele tinha uma queda por mim, com certeza conversaria mais com ele. É só que não queria ficar dando falsas esperanças.

                              Passo a mão no meu cabelo estava amarrado e um pouco sujo com tantas coisas que ja havia feito.

           - Precisa de ajuda? - Pergunto me aproximando do menino e ele me encara ajeitando o óculos e notando a minha presença.

          - An... - Steven encarava a placa. - Sobre isso aqui não. - Ele foi até mais um monte de madeiras do outro lado pegando algumas e colocando na minha frente. - Sobre isso aqui sim, preciso que fure elas. Vai ser para a barraca do beijo.

          - Vai ter isso também? - Pergunto quase surpresa.

         - Por incrível que pareça sim. - Ele me olha do outro lado da mesa. - Você vai participar?

AnnieOnde histórias criam vida. Descubra agora