Olá, meu nome é Annie, tenho apenas 17 anos e eu poderia facilmente falar que sou uma menina comum que mora em uma cidadezinha e que sou meiga e gentil, mas estaria mentindo. Estaria mentindo porque é dificil ser comum quando se tem que lidar com me...
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Eu e Julie estavamos sentadas na mesa da parede da melhor e unica lanchonete da cidade que era apenas uns sete minutos de onde estava ocorrendo a festa. Eu sei que minha mãe ficaria furiosa comigo, mas ali com certeza era um lugar mais tranquilo para conversar com Julie, e eu sei também que precisava conversar com ela e não poderia ser com uma multidão em volta, pois, finalmente iria contar a ela o que eu via, e talvez sua reação não seria a melhor. Na verdade eu tinha medo do que ela acharia sobre isso. Mas por outro lado eu simplesmente não aguentava mais segurar aquilo dentro de mim, precisava contar para alguém, alguém que não seria minha psicóloga ou meus pais, alguém que realmente me entendia, e essa pessoa era Julie e mesmo assim eu tenho medo da menina me julgar, falar que realmente era esquesita e parar de falar comigo pelo fato de me achar uma louca. Aquilo me dava calafrios então disse para ela me esperar que só ia dar uma passadinha no banheiro, precisava jogar uma água no rosto para finalmente a coragem vim.
E foi isso que fiz, entro no banheiro, me encarando no espelho, não sei se teria coragem para contar para a minha melhor e única amiga quem eu sou de verdade, o que vejo e o que sinto.
- Vamos Annie, você consegue. - Sussurro baixo para mim mesma enquanto abaixo na pia e abrindo a torneira, jogo a água no rosto e um pouco na nuca também, respiro fundo e levantando a cabeça. - Vai dar tudo certo.
Pego o papel para secar o rosto e quando volto para o espelho vejo o menino parado logo atrás de mim. Olho para trás rapidamente e ja não vejo mais nada. Engolo em seco enquanto respiro rápido por conta do susto, olho em volta e está um silêncio total.
- Olá? - Quase faz um eco. - O que você quer? - Vou até a primeira cabine e abro e só tem apenas a privada, vou até a segunda e vejo a mesma coisa e assim abrindo todas e não vendo absolutamente ninguém. Saio correndo do lugar abrindo a porta com força enquanto estou um pouco tonta. Vejo Julie ainda sentada na mesa brincando com os sachês de ketchup me esperando.
Deveria perguntar pra ela se alguém havia entrado ou saído do banheiro além de mim, mas seria um jeito meio estranho de começar a contar pra ela, então apenas tento me sentar na mesa como se nada tivesse acontecido.
- Demorei? - Pergunto dando um sorriso sem graça.
- Não muito. - Ela suspira me analisando. - Está tudo bem?
- Sim. - Encaro a menina. - Por que não estaria?
- Está um pouco pálida. - Ela sorri. - Como se tivesse visto um fantasma.
Ela mal sabia que era quase isso mesmo. Mas realmente não queria falar logo de cara assim, então apenas sorrio para ela vendo o garçom trazer uma taça enorme de milkshake.
