Aranhas, carta e flores

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Fili acordou cedo na manhã seguinte; o sol ainda não tinha se levantando no horizonte. Uma névoa de pouca densidade dominava a floresta, vestígios fracos do fogo advindo da fogueira do acampamento pouco iluminavam o ambiente, contudo o jovem príncipe conseguia observar muito bem que alguém andava por entre as árvores. Se levantou rapidamente e logo pegou o punho de sua espada, decidindo investigar. Se aproximou sorrateiramente e...

– Vocês anões não sabem mesmo ser silenciosos... – Disse alguém na sombra. Este empunhava uma espada, que parecia emitir um brilho tênue, como se refletisse a pouca luz do ambiente.

– Legolas? – Perguntou confuso, reconhecendo de imediato a voz.

– Bom dia, Fili! – Sorriu o elfo, se aproximando e se deixando fazer visível aos olhos do anão.

– O que pensas estar fazendo? Eu podia ter te atacado!

– Eu teria me defendido com facilidade. Quando você anda até parece um mûmak!

O príncipe regente apenas deu os ombros.

– Não subestime um guerreiro anão... – Resmungou – Além do mais, você não respondeu a minha pergunta. O que estava fazendo acordado?

– Estava vigiando – Sussurrou. Um vento frio passou por entre as árvores, levantando os seus cabelos loiros. Fili sentiu seu coração bater forte com aquela visão. Legolas realmente era lindo.

– Er... - Pigarreou, já que não queria fazer uma expressão tola ao lado do elfo. Sabia como o seu tio ficava ao lado de Bilbo, e muitas vezes era tal como um cachorrinho tentando chamar a atenção do seu dono. Lembrava-se de que tinha comentado o fato para Kili. Este concordou, e até acrescentou mais na descrição, dizendo que quando tio Bilbo paparicava o primeiro rei, se este fosse realmente um cachorro, eles teriam visto o rabo do tio balançando para os lados alegremente. Fili, um herdeiro de Durin não seria assim! Controlaria suas emoções. – Então... – Fingiu ajeitar o seu cinturão, para não encarar diretamente o seu companheiro – O que estava vigiando?

– As aranhas.

– Essas aranhas... Eu nunca tinha visto algo assim antes. Mas existem muitos seres estranhos e obscuros no nosso mundo...

– Elas começaram a aparecer a alguns meses... De início eram poucas, mas agora parece uma infestação! Tentamos contê-las, lógico. Contudo, trata-se unicamente de uma medida paliativa.

– Por que não informaram Erebor? Poderíamos ajudar!

– Sabes muito bem como o meu pai é teimoso e orgulhoso...

– Seu povo pode estar em perigo, orgulho não deve ser levado em conta agora!

– Eu sei. Mas creio que será questão de tempo até meu pai finalmente desista e peça ajuda ao seu tio... Contudo, não creio que Erebor possa nos ajudar.

– Hã? Como assim? Dúvidas da nossa habilidade de batalha?!

– Obvio que não é isso... – Resmungou Legolas cruzando os braços diante de si – Eu só acho que não será destruindo as aranhas é que irá resolver o nosso problema. Elas vêm de algum lugar! Devemos saber a origem e assim eliminar o mal pela a raiz. Mas para que isso ocorra, eu tenho que sair do meu reino e investigar... Eu já tinha proposto isso antes ao meu pai, mas ele foi contra! Ele crê que devemos nos preocupar unicamente com Mirkwood, proteger a nossa fronteira e que o que está acontecendo na Terra Média não é importante e não irá nos afetar... Essa visão é limitada e errada. Todos os reinos e os povos estão de certa forma interligados... Além disso, não podemos impedir que o mal adentre no nosso lar, se este já dominou tudo a sua volta! – Neste ponto ele já estava quase gritando, pois era evidente que estava contendo o seu desagrado com as atitudes do seu pai. Fili realmente o entendia; no passado, muitas vezes discordava das opiniões do seu tio em relação na forma que governava e julgava as situações. Atualmente Thorin tinha melhorado um pouco o seu "gênio", e já estava mais aberto a discussões e até mesmo a aceitar a influência de outras raças em Erebor e reatar velhas alianças.

Os dois Reis sob A MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora