A entrega da carta

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Thorin soltou um suspiro de prazer. Adorava sentir os dedos de seu esposo em seus cabelos, trançando, penteando. Quantos anos tinham se passado desde que deixara outro alguém tocar o seu cabelo e cuidar de sua aparência com tamanho amor? O primeiro rei acreditava que a última vez que tivera alguém desempenhando essa mesma função, fora na época que sua mãe ainda estava viva. Estava relaxado, e o peso do seu trabalho parecia se esvair toda vez que passava algum tempo com Bilbo; contudo, naquela manhã estava meio distraído. Fazia e desfazia a mesma trança diversas vezes, e mesmo que Thorin adorasse aquele momento, ele ainda tinha reuniões a comparecer...

– Bilbo – Chamou, mas não obteve resposta – Bilbo?

O hobbit realmente parecia perdido em seus pensamentos.

– Bilbo, eu acho que Bofur acabou de quebrar seu conjunto de chá de porcelana.

Aquilo foi um golpe baixo, sabia disto, mas era a forma de fazer o seu esposo acordar do seu estado contemplativo. Como mágica, Thorin sentiu seu cabelo sendo puxado com força.

– O que disse? O que aconteceu com minha porcelana? – O tom de fúria era evidente na voz do pequeno hobbit; o anão sabia por experiência própria que não era muito sensato irritar o seu pequeno esposo.

– Ai, Bilbo, tesouro! Meu cabelo! – Naquele momento, o grande primeiro rei anão de Erebor choramingou devido a dor; ora, os cabelos e barbas dos anões eram sensíveis!

– Oh, desculpe. – Disse Bilbo soltando a trança rapidamente – Mas e a porcelana?

– Eu menti, era só para te chamar a atenção. – Explicou se virando para fitar o seu amado. Ambos estavam sentados na cama, Bilbo em suas costas cuidando do cabelo; era uma rotina matinal habitual entre eles.

– Não minta sobre essas coisas, Thorin Escudo-de-Carvalho Durin! – Falou o menor, colocando as mãos na cintura. Entretanto, a sua postura de "hobbit zangado" no momento não assustava o rei anão, que tinha os olhos focados na grande barriga que seu amado exibia, agora mais proeminente quando Bilbo fazia aquele tipo de ação.

– Desculpe, meu amor. – Sorriu, e ele não parecia nem um pouco culpado pelo que tinha feito, na verdade.

– Mas... Eu estava tão distraído assim?

– Sim, não que eu reclame de suas habilidades de trançar, tampouco de passar mais tempo com você, contudo eu tenho uma reunião daqui a meia hora.

Bilbo suspirou. Dentro da montanha não sabia muito bem como o tempo passava, afinal sempre se guiou pela a posição do sol, mas parecia que os anões tinham uma total consciência sobre isso, mesmo vivendo debaixo da terra.

– Desculpe.

– Não, está tudo bem. – Disse, agora não sorrindo mais. Podia ver a preocupação transparecer nos olhos do seu amado – Bilbo, o que estavas pensando? Está se sentindo bem? É o bebê? – Falou rapidamente, já tocando a barriga do esposo, buscando sentir se tinha algo de errado. O hobbit não escondeu o sorriso se formando em seus lábios; Thorin poderia ser fofo, às vezes.

– Não, amor. Eu estou bem, e o nosso filho está bem. – Acariciou a barriga, sua mão se encontrou com a mão grande e áspera do seu marido – Nós estamos ótimos.

Thorin suspirou aliviado.

– Então, o que é?

– Eu estou preocupado com Kili e Fili, me pergunto sempre se conseguiram chegar ao Condado; além disso, estou pesando também no Drogo. Em sua segurança.

– Se quiser, mandarei um corvo para nos informar mais sobre o encaminhamento da missão. Mas, temo que talvez ele não chegue a tempo; esta missão foi planejada para ser desempenhada com rapidez, e eles podem estar a caminho de Erebor neste momento que conversamos. – Tentou tranquilizar – Eu também estou preocupado com eles, pois essa é a sua primeira missão oficial. Digo, sei que meus sobrinhos já fugiram outras vezes e exploram a Terra Média, contudo desta vez é diferente.

Os dois Reis sob A MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora