Lição

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Definitivamente, Kili era um tolo. E o jovem príncipe anão sabia disso; na verdade, anteriormente se considerava mais como um espírito livre, feito um corvo voando por além dos limites dos reinos. Não seria herdeiro ao trono, de modo que não era cobrado tanto quanto o irmão em relação a sua responsabilidade em relação ao seu futuro. Este, por sua vez, sempre lhe fora incerto. Queria ajudar Fili, lógico, mas não se via como um conselheiro e tampouco um general; afinal, um anão que era mais alto que o normal e usava uma arma nada comum para o seu povo sempre inspirou falatório entre os nobres e o povo anão. Muitos o consideraram impróprio para ter o título de príncipe, outros até cogitavam que de fato não era filho de Dís e nem irmão de Fili. Sim, Kili era diferente do estereótipo dos anões - então imaginava que seu destino deveria ser além de Erebor, onde se sentia deslocado; destino esse que ainda lhe parecia nebuloso e incerto. Contudo, essa era a realidade do seu passado, pois agora conseguia ter vislumbres de seu futuro. Os dias, ou até meses e anos seguintes, não mais lhe pareciam tão sombrios. Drogo participava de suas ambições futuras. Queria estar ao lado do pequeno hobbit, conquistar seu coração e juntos construiriam uma família. Era isso que desejava... Drogo tinha falado em construir o seu próprio destino quando estavam justificando a sua decisão de se aventurar além do Condado - mesmo não sabendo ele que Kili também tinha o mesmo desejo, mas que estivera perdido sem saber como encontrar seu caminho. Contudo, desde que encontrara o jovem Bolseiro finalmente tinha um objetivo que seguiria.

Por isso, doía tanto ver que Drogo estava chateado e não lhe dirigia a palavra.

– Você deveria pedir desculpas. – Sugeriu Fili, que cavalgava ao seu lado.

– Eu tentei, mas ele me ignora - Disse cabisbaixo. Pôde ver Drogo conversando com Legolas, e pareciam entretidos em seu pequeno mundo de amizade que Kili não conseguiu deixar de transparecer o seu ciúme.

– Tente outra abordagem, sei que ele só está um pouco chateado... Talvez esteja tentando te punir.

– Me punir? Como assim?

O anão de cabelos loiros deu de ombros.

– Não sei... Talvez esteja tentando te educar.

– Me educar? Desde quando eu preciso de educação? – Inquiriu abismado.

– Kili, você quer mesmo que eu responda a essas perguntas? – Fili arqueou uma das sobrancelhas.

– Bem... – O Durin mais novo parecia meio desconfortável com toda aquela situação – Eu posso ser meio que infantil algumas vezes...

Meio? – Riu o outro.

– Ei! Desde quando você se tornou "Fili, o exemplo de maturidade"? Só porque se tornou o líder desta missão não significa que tio Thorin irá esquecer de todas as confusões que nós nos metemos! – E para enfatizar o fato apontou para si mesmo e para o irmão – E creio que ainda iremos nós meter em muitas outras.

– Não tenho culpa se atraímos confusão. – Disse simplesmente – Mas a questão é: você passou do limite.

– É, é. Eu sei... Às vezes eu faço coisas sem pensar nas consequências. –Olhou de relance para Drogo, este, por sua vez, reparou que estava sendo observado e virou o rosto para o lado, com um biquinho evidente nos lábios.

Fili conteve a fala. Já iria questionar o irmão sobre o fato de ter dito "às vezes", tendo em vista quantas vezes falou coisas inoportunas para o momento. Contudo, Kili também estava certo em relação à realidade de ambos se meterem em confusões, logo, quem era Fili para julgar o irmão mais novo?

– Bem, creio que terá que provar para o nosso hobbit as suas reais intenções. –Disse o anão de cabeleira dourada.

– Eu já estou o cortejando! – Falou rapidamente e um pouco baixo, temendo ser ouvido pelos os outros membros do grupo.

Os dois Reis sob A MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora