A chegada do novo Durin.

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– Nossa... - Drogo estava maravilhado com Valfenda. A arquitetura era um misto de delicadeza e precisão. Tudo bem organizado e artístico, o pequeno hobbit se sentia dentro de uma obra de arte. Nada comparado ao modo de vida rústico do Condado, nem mesmo o Bolsão tinha tanto esplendor. Seus dedos acariciavam de leve os diversos livros que compunham a biblioteca élfica gigante que lorde Elrond permitiu que visitasse; na verdade, até insistira, afinal era um bom passatempo enquanto seus companheiros estavam sendo tratados. Até quisera ficar ao lado de Kili, mas os elfos eram bastante rígidos quanto seus tratamentos médicos. Só os curandeiros poderiam ficar na presença dos doentes durante o tratamento.

– Bilbo iria adorar isso aqui... – Falou, fascinado. Seus olhos logo abandonaram as várias estantes para se concentrarem em uma grande pintura, que tomava praticamente toda a parede da biblioteca, do lado oposto aonde se encontrava. A peça de arte lhe chamou atenção, mas não sabia o porquê, talvez fosse a presença daquela figura escura e sinistra sobre um homem que, com a espada quebrada, lhe cortava os dedos. Um anel dourado parecia ser o principal foco da pintura - este brilhava tênue em um dos dedos escuros decapitados. Drogo sentiu um calafrio percorrer seu corpo de modo tão abrupto que até se abraçou.

– Interessante, não é?

A voz de Elrond fez o menor soltar um gritinho assustado e se sobressaltar.

– Minhas desculpas, mestre Bolseiro, não foi minha atenção assustá-lo.

– Oh. Não... – Riu nervoso, Drogo – Não precisa se desculpar, eu que estava muito distraído e não o ouvi se aproximar.

– Hum... - Os olhos azuis do elfo se voltaram a pintura – Eu te entendo. Às vezes me perco a observando, mas lógico que por motivos diferentes do seu.

– Motivos diferentes? Oh, desculpe. Eu não deveria estar te perguntando isso... – Disse envergonhado o menor, afinal, podia ser algo pessoal e que não deveria ser alvo da curiosidade dos hobbits.

– Você teme a pintura, pois ela retrata uma época sombria do passado de nosso mundo; mesmo sem saber, sabes do poder que essa imagem exala. No meu caso, essa pintura me faz reviver lembranças que há muito tempo quis esquecer.

– Lembranças? Mas essa batalha deve ter ocorrido há muito tempo... Oh. Que tolice a minha, esqueci da imortalidade dos elfos.

Elrond sorriu.

– Está gostando da biblioteca? – Inquiriu o lorde elfo, claramente querendo mudar de assunto, o que deixou Drogo intrigado. Aquela pintura... Aquela batalha antiga... Aquele estranho ser sinistro... Aquele anel. Havia algo que estava perdendo. Sabia que iria, de alguma forma, pesquisar mais a respeito. A curiosidade sempre fora um defeito e uma qualidade de um hobbit.

– Sim! Ela é estupenda! Bem maior que a biblioteca que temos no Bolsão. Bem que muitos dos nossos livros foram destruídos no incêndio, de modo que não me sei ao certo o tamanho real de nossa coleção de livros, mas tenho certeza que não se compara aos de Valfenda!

– Lamento pelo o que ocorreu ao seu reino.

Drogo negou com a cabeça e sorriu.

– Não, está tudo bem... Vocês não tinham a obrigação de nos salvar.

– Creio que minha linhagem tem a total obrigação de proteger; pelo menos a família dos Bolseiros.

– O quê? – O hobbit tombou a cabeça para o lado, confuso – Como assim?

Elrond parecia surpreso pela a expressão do seu pequeno companheiro - logo depois assentiu com a cabeça, como estivesse concordando com algum pensamento que lhe veio à mente.

Os dois Reis sob A MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora