O que acontece no condado...

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– ...Deste modo, devemos aumentar o preço dos produtos provenientes de Erebor para os homens da Cidade do Lago! Obteremos ainda mais lucros e retornaremos, aos poucos, nossa posição econômica nesta região! - E assim Glorin acabou o seu longo discurso no conselho, arrancando aplausos dos comerciantes. Thorin não compartilhava da mesma animação dos outros anões, tampouco Balin, que estava sentando ao seu lado esquerdo, muito menos Dís; sua irmã estava sentada ao seu lado direito, sendo quase uma cópia feminina do primeiro rei de Erebor, tendo cabelos negros, olhos de íris azul penetrante; contudo, era mais baixa que o irmão e apresentava um semblante mais relaxado. Apesar disso, Thorin sabia que sua irmã era extremamente exímia em esconder o que pensava, por trás de um sorriso cordial e amável, mas podia mudar de atitude tão rapidamente quanto uma cobra pronta para abocanhar a sua presa. Sim, ele ainda tinha cicatrizes em seu corpo das brigas que tivera com Dís quando eram apenas crianças, isso o ensinou a não a subestimar e muito menos irritá-la.

– Achas mesmo que é correto aumentar os preços dos nossos produtos? – Começou a falar o anão rei – Achas que os homens irão ter dinheiro o suficiente para comprá-los? Suas cidades sofreram um período de recessão com a presença constante do dragão na montanha... Além disso, com a queda de Erebor o comércio diminuiu, a miséria e desespero o consumiu. Sem contar os danos passados causados pelo o maldito dragão que destruiu uma das cidades dos homens... Eles agora que estão reconstruindo suas vidas e restabelecendo sua economia, tal como nós. Devo lembrá-los que a aliança entre os homens e anões ainda é algo frágil! Eles nos culpam pela destruição do passado causado por Smaug!

– Esses mesmos humanos estavam comercializando com os elfos traidores! – Contra argumentou o anão.

– Tal como nós estamos fazendo agora... – Falou Balin exibindo um sorriso divertido, que fez com que Glorin rosnasse de raiva – Os homens precisam sobreviver; naquela época de destruição e desamparo, eles buscaram o apoio dos elfos e assim sobrevieram... Não acho que devemos flagelá-los por algo que eles fizeram no passado, a qual se estivéssemos na mesma posição, também faríamos.

– Aliança com os elfos?! – O anão perguntou, cheio de escárnio.

– Não se esqueça, Glorin, que os anões já tiveram uma aliança com os elfos e que atualmente está sendo refeita... – Lembrou o conselheiro – Esses ressentimentos passados só irão abrir velhas feridas ao invés de cicatrizá-las...

– Balin tem razão... – Concordou Thorin – Mesmo que eu não simpatize com os comedores de folhas, sei que precisamos manter a paz entre as raças.

– O aumento dos preços dos produtos não está relacionado tão somente a esses fatos passados, mas sim ao retorno da nossa posição de direito como polo econômico da Terra Média!

– Erebor já foi muito rica... E foi essa riqueza que atraiu o dragão. Além disso, trouxe também a doença a minha linhagem... - Disse o rei anão com evidente tristeza em sua fala – Eu prometi a mim mesmo que iria reerguer Erebor, mas não para cometer os mesmos erros! Iremos crescer, sim... Mas não devemos ser movido unicamente pela a ganância, senão acabaremos derrotados novamente! O principal foco de Erebor agora é a reconstrução e restauração! As alianças entre os elfos e homens devem ser também mantidas! O crescimento econômico ficará para segundo plano.

– Mas... - Glorin iria argumentar, contudo, foi interrompido com a abertura abrupta da porta de entrada do conselho.

– Kili? Fili? O que estão fazendo aqui? – Perguntou Dís com um tom de voz levemente irritado – Estamos no meio de uma reunião... Como bem sabem!

– Peço perdão... - Começou a falar Fili, meio embaraçado, com os olhares de todos lançados sobre eles.

– Tio! – Kili parecia não ligar para a situação indo de encontro ao rei anão – Você precisa fazer alguma coisa para impedir o tio Bilbo!

Os dois Reis sob A MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora