O caminho do entendimento

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Depois de passar por uma breve sessão de cura, sendo assistida pelos habilidosos curandeiros do castelo de Miraguen – que recuperam todos os ferimentos da fada através de magia branca –, Sarah Butter se dirige até o quarto de Ranulf. O jovem entusiasmado conversa com a fada pelos corredores do castelo, eles finalmente se apresentam formalmente. Mas a fada não tira da cabeça a derrota que sofreu para o Druida Rodolfo Growolf, sempre imaginando a sua irmã Flora rindo dela.

Os dois finalmente chegam à frente de uma porta de madeira lustrosa.

– Então seu nome é Sarah? É um belo nome! Ah sim, esse é o meu quarto! – Diz Ranulf ao abrir a porta.

Sarah se depara com um quarto grande contendo janelas largas e compridas, tendo uma vista panorâmica do pôr do sol. No quarto há duas camas de solteiro, uma prateleira de livros que vai até o teto, um caldeirão de latão encostado na parede, castiçais com velas bem derretidas e um mini laboratório com vários equipamentos de vidro como tubos de ensaio, funis, balão volumétrico, béqueres e etc. O quarto tem um cheiro esquisito o qual Sarah não consegue identificar. Sem dúvida o ambiente é bem diferente do que ela está acostumada no castelo de Mila. Afinal, o quarto da fada era impecável, as servas sempre o arrumavam, deixando tudo muito organizado e limpo, bem diferente do quarto de Ranulf.

– Seu quarto é bem... Confortável! – Diz Sarah, tentando parecer simpática, mas isso não é o seu forte.

– Eu sei que ele está bagunçado, peço desculpas por isso... Eu não contava em trazer a minha criatura mágica até aqui. Sabe, nem todos têm permissão de deixar as criaturas mágicas perambulando pelo castelo, ainda mais se elas forem muito grandes ou bagunceiras. Você não é grande, mas fez uma bela bagunça quando chegou aqui, ainda bem que não a proibiram de frequentar o castelo! – Responde Ranulf, rindo desconcertado, enquanto Sarah o encara com um olhar incomodado.

– Eu gostaria que parasse de me chamar assim, de SUA criatura mágica! – Pede Sarah.

– Ok, tudo bem, não a chamo mais assim! – Ranulf dá uma risadinha forçada. – Desculpe por isso.

Mas Sarah o ignora, ela se aventura pelo quarto peculiar do rapaz, prestando atenção onde pisa, afinal, como ela sempre anda descalça, não quer pisar em nenhuma das manchas verdes esquisitas no assoalho.

– Fique à vontade! – Ranulf acrescenta para Sarah.

– Eu agradeço a hospitalidade, mas depois dessa sessão de cura relaxante tudo o que eu quero é tomar um banho, estou imunda! – A fada diz isso enquanto continua estudando o quarto.

– Ah sim, o banheiro é logo atrás daquela porta! – Ranulf indica uma porta ao lado da estante de livros.

– Minha roupa também está bem suja, você teria roupas limpas que eu possa usar enquanto os seus servos lavam a minha? – Pergunta Sarah, Ranulf franze a testa.

– Bem, quanto a roupas que você pode usar, tem as da minha irmã, acho que vocês são do mesmo tamanho... Devem caber em você! – diz Ranulf avaliando Sarah dos pés à cabeça. – Mas quanto a servos, nós não temos servos e nem nada parecido, cada um cuida das suas próprias coisas e isso implica também as atividades domésticas! – Explica Ranulf.

– O quê?! Vocês não têm servos?! – Exclama Sarah, demonstrando desapontamento. – Bem, eu não sabia que você tinha uma irmã... Eu tenho várias! – A fada muda de assunto.

– Pois é! Tantas coisas aconteceram que eu me esqueci de mencionar a minha irmã... – ele arqueja baixinho. – Ela estará aqui em breve, afinal, o exame de admissão para o segundo ano ainda não deve ter acabado e minha irmã é sempre uma das últimas na chamada da turma. – o garoto franze a testa. – Mas você tem mesmo várias irmãs? Nem imagino como é isso, eu mal consigo lidar com uma! – Ranulf fala pelos cotovelos, mas percebe que o olhar da fada está perdido, o que evidencia que talvez ela não esteja prestando atenção. Todavia, o rapaz tenta se esforçar para manter a comunicação com ela.

Coração em Chamas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora