Despertar da aurora

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Indra acordou com o despertador lhe causando dor de cabeça, ele não queria levantar, então simplesmente ignorou que estava tocando. Passando as mão pelo seu braço esquerdo, ele sentiu suas veias, coçou sua pele suavemente e se sentou, fazendo cara de estar chateado. Acordar antes das oito nunca foi uma característica dele, mas aquele era um dia diferente.
Na frente da cama estava o espelho do seu guarda-roupa. Primeiro ele viu um dos seus chifres quebrados e sorriu por se lembrar de uma das coisas que aquilo havia lhe dado. Depois viu a tatuagem de dragão que cobria todo o seu braço esquerdo, sua mãe provavelmente não falaria mais com ele se visse aquilo. Ele também possuía uma tatuagem de raposa em todo o seu braço direito.
Se pondo de pé, Indra sentiu as cicatrizes do seu abdômen, mas não era algo que ele se preocupava mais. Como pensou na mãe, agora ele estava apenas se perguntando o que ela diria do cabelo comprido que ele queria mesmo usar daquele tamanho, embora pra sua mãe, cabelos brancos como o dele deveriam ser mantidos curtos e organizados o tempo todo.
Agora não tinha mais ninguém para dizer o que ele devia fazer ou como ele devia ser.
Indra andou devagar, ainda sem vestir uma camisa, até a cozinha. Andando próximo das bancadas de mármore, ele pegou um biscoito e tentou o comer sem demonstrar nenhuma pressa, estava tudo bem, ele merecia alguns momentos assim.
Indo até a sala mordendo outros biscoitos em sua mão, Indra chegou na sala, abriu o baú em cima da mesa, se sentou no sofá marrom e sorriu.

-Feliz aniversário para você, garoto.

Dentro do baú tinha somente uma carta.

"Olá filho, se você está lendo isso, significa que você conseguiu chegar em 21 anos de idade sem morrer, mas eu não estou mais com você. Tenho certeza de que se lembra de tudo que aconteceu, mas vou te lembrar. Depois os últimos Regicidas trouxeram o dia de volta, tudo parecia bem, mas os três séculos após isso se basearam num grande caos sobre quem iria governar depois que o Departamento de Defesa Internacional foi desfeito. A última ação deles foi destruir as armas reais, eles queriam tirar as chances de guerra, mas agora existiam os híbridos.
Quando o Governo Provisório foi montado, eles dividiram doze grande famílias de híbridos que deveriam manter a paz, em diversos lugares do mundo eles ficaram conhecidos como Os 12 de Buda, já que cada família representava um signo no horóscopo chinês. Cada uma das famílias recebeu 1/12 da metita, o metal especial no qual as armas reais haviam sido forjadas.
Fazem 500 anos agora desde que tudo explodiu. Mas agora é seu papel buscar o papel de líder. Eu pensei que seria o meu papel, mas eu não era a escolhida. Seu pai não conseguiu aguentar tudo o que nós  Leviathans somos, por isso ele quebrou seu chifre, mas nós somos muito mais do que isso filho, nós podemos ser enormes.
Eu sei que você não é, nunca foi um candidato a Imperador na sua cabeça. Sei que você acredita que não quer isso, então se decidir que não vai lutar, eu não vou brigar com você, não poderia nem se quisesse.
Se eu estou olhando por você, de onde quer que eu esteja, quero que saiba que estou com saudade, parabéns meu filho".

O garoto olhou no fundo da caixa, nela havia o sobretudo preto com detalhes  dourado que sua mãe usava.

-Acho que depois disso você não me deu muita escolha, não é?

Na parede lateral da sala estava um arco e um punhal preto e vermelho. O punhal recebia esse nome apenas por gosto já que a lâmina irregular e curva era do tamanho do braço do garoto. Ele conseguia ver seus olhos vermelhos refletidos no metal escuro.
Pela primeira vez no dia, Indra olhou para fora da janela do seu apartamento. A cidade estava vazia. Aquele já era o dia da batalha, ela já tinha começado. Sair de casa significava que ele aceitava participar dela.
Significava que ele era o representante de sua família.
Ele abriu a janela, o vento da manhã soprou no seu rosto e mexeu no seu cabelo.
Puxou o fio do seu arco e uma flecha azulada apareceu. Ele enxergava mais longe que outras espécies, mas não confiava somente nisso, um aparelho se expandiu a partir da sua orelha, vindo sobre seu olho direito, que aproximava ainda mais a sua visão, além de lhe dar algumas informações sobre o terreno.
Ele deu a última mordida em sua última bolacha e disparou.

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