Quando Indra tocou os pés no chão, ele não esperava ter mais nada ali. Mas pela sua visão periférica, ele conseguia sentir que algo a mais estava por perto. Um bastão estava próximo de sua cabeça, ele sentia o calor que emanava dele.
Olhando para trás, agora ele via Sal com pele escura. Usando a técnica proibida dos híbridos, agora ele estava na forma real de um Elfo Negro. Tinha aumentado de altura e suas orelhas estavam pontudas. Seus olhos, diferente da pele, estavam brancos.- Há quanto tempo não nos vemos, Indra?
Ele estava praticamente sem roupas, o que significava que ele precisou entrar nesse modo para se curar enquanto se feria para tentar ficar vivo. Era uma boa técnica.
-Fazem alguns anos, Sal.
-Como quer fazer?
-Você deixou ela morrer, então agora você morre.
-Da mesma forma que você matou a Leona?Indra rangeu os dentes.
-É, da mesma forma.
Se teletransportando, Indra foi para longe, ele precisava pensar em um jeito de lidar com a cura, e a distância era a única coisa em que ele era melhor nesse momento.
Ele estava com raiva, acima de qualquer coisa ele apenas sentia a raiva vindo forte por seu peito. Um dos seus braços era consumido por sinais dourados, o outro por marcas negras, as coisas que ele tinha alagado de si mesmo por tanto tempo agora estavam batendo na sua porta, forçando a entrada.
Perder o controle naquele ponto seria praticamente admitir a derrota, assim como Afonso, aquele não era um oponente simples, mas ele era forte então se fosse capaz de parar a cura, ele poderia vencer.
Era mesmo a hora dos Coelho revidarem? Se fosse, ele tinha que ser melhor do que tudo que já tinha feito, tinha que estar pronto para devolver todos os anos de luta perdidos, todos os territórios, todas as dores com um golpe só.
O golpe de Salazar veio como uma explosão, com sua voz espanhola recitando algum encantamento ao fundo. Indra mudou sua posição para não sofrer dano, mas sabia que aquilo não seria o suficiente.
Elfos usavam a energia dos elementos ao seu redor para restaurarem a sua própria, dessa forma, eles nunca ficavam realmente cansados, e como Sal podia se curar, uma batalha de resistência terminaria com Indra morto de exaustão antes de qualquer coisa.
Enquanto se teletransportava, Indra disparava várias flechas, que cortavam partes do corpo do seu oponente. Mesmo sem errar, Indra não estava vencendo, diferente da relação com Leona, agora ele causava danos, mas os danos eram negados pela cura que vinha logo depois.
Sem ter escolha, ele avançou, uma luta que era a distância se tornou um combate estranho de arco contra bastão, os dois se chocando como armas de peso, com estranhos arcos feitos no ar para compensar a ausência de objetivo das armas.
Indra deu um passo para o lado, o bastão acertou seu ombro direito com um peso que fez seu corpo inteiro sentir o choque. A dor lhe fez acordar ainda mais, deixando seu arco cair no chão, Indra segurou as facas com corrente que ele tinha "herdado" de Leona.
Quando a faca perfurou o abdômen, a energia dourada do braço de Indra se dispersou pelo corpo de Sal.Prisão de luz - disse Indra.
As marcas deviam impedir que ele se curasee, mas elas iam durar pouco tempo, o que significava que ele precisava ser rápido. Usar as sombras e a luz era uma coisa nova para ele, mas ele devia ser ainda mais rápido se quisesse sair dali com vida.
Tumba das sombras.
Ao proferir as palavras, as sombras do chão tomaram conta do corpo de Sal, que foi preenchido e devastado numa grande liberação de energia das trevas. O barulho do grito foi substuido por um silêncio funerário.
Indra pegou a faca em suas mãos e cortou seu cabelo, o colocando no chão. Energia saiu de seus chifres. Enquanto o cabelo em sua cabeça se tornava preto, ele se cobria com o capuz do uniforme de representante.
Andando lentamente, pois cada passo lhe causava uma dor excruciante no ombro, Indra alcançou Karna, que lhe olhava com pena. Indra ficou invisível, mas não fazia diferença, Karna ainda conseguia ver o rapaz com dor.
Parecia que o tempo que durou a luta de Indra foi o suficiente para que o Hipogrifo se curasse.
Indra montou e se deitou sobre o pescoço do seu único amigo.-Quantos há vivos?
-Além de nós, mais dois - respondeu Karna.
-Sinto que eles estão lutando agora.
-Devem estar, mas provavelmente estarão melhores do que você, fisicamente e psicologicamente.
-O que quer dizer?
-Que é melhor darmos para trás e nos mantermos vivos.
-Vamos ficar vivos de qualquer forma, juro pelo fundo do Oceano.
-Pelo fundo do Oceano?
-Sim.
-Então eu juro pelos infinitos céus que irei te ajudar até o fim.Indra acariciou o pescoço de Karna com o braço que ele conseguia movimentar.
-Vamos para a Igreja, então?
-Sim, vamos voar uma vez mais amigo.No céu, Indra tinha uma memória que não lhe pertencia.
"Karna e Hipérion voavam no céu da noite, eles pareciam estar voando de forma aleatória, mas buscavam algo extremamente específico. Depois de despistarem os seus inquisidores, ele bateu na janela do último andar do palácio.
Violet abriu a janela e lhe encarou com seu sorriso de sempre. Sua roupa de dormir deixava que ele visse a queimadura em seu peito.-Olá Violet.
-Boa noite senhor Karna, boa noite Hipérion.
-Quer fugir um pouco?
-Eu não devia.
-O que devíamos fazer?
-Você não quer saber minha resposta.Eles sorriram"
Indra pulou de Karna ainda invisível, ele via Inca no telhado da igreja, com sangue em seu machado e alguém deitado no chão ao lado da igreja.
"Bem-vindo ao fim dos tempos". Pensou Indra.
Fazendo mais força do que deveria, Indra disparou uma flecha, se tornando visível no último minuto. O machado de Inca o quebrou no meio, com um sorriso, ele mostrou as presas em sua boca.
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O Caminho do Rei
FantasíaTudo parecia estar bem depois que a noite finalmente acabou, mas a busca por poder nunca iria parar. Já não é mais sobre ser rei, é apenas sobre descobrir o que você é.