Indra estava chorando no chão, todas as outras crianças estavam brincando no parque da Cidade Jardim, mas Indra se mantinha sozinho, chorando e deitado, suas lágrimas frias escorriam pelo seu rosto, e ninguém nunca ia lá perguntar como ele estava. Ele era um garoto muito estranho, afinal, desde que seu pai havia quebrado um dos seus chifres na tentativa de lhe fazer mais humano, ele não parecia mais humano, então ninguém mais queria ser muito amigo dele.
Isso até aqueles três garotos garotos chegarem, os três garotos que falaram com ele e o fizeram levantar do chão.-Qual o nome de vocês? - Perguntou Indra.
-Meu nome é Sal, Salazar Montenegro - disse o garoto com sotaque espanhol.
-Eu sou Inca Engstrom - respondeu o garoto de óculos batendo a mão no peito para mostrar que era forte.
-E eu sou Afonso! - disse o último pulando no garoto - Afonso Wessex, prazer em te conhecer!
-Afonso é nome de velho - sorriu Indra.Afonso fez cara de chateado, como se não tivesse gostado muito.
-E você, garoto Leviathan, qual é o seu nome? - perguntou Sal.
-Indra Igarashi!Eles riram e conversaram juntos por horas naquele dia. Brincaram por horas no próximo dia, discutiram, choraram, brigaram, levaram tudo ao limite, mas sempre foram amigos, crianças não conseguiam pensar sobre o que os sobrenomes significavam.
Não se passaram muitos anos da amizade até que o sobrenome começasse a pesar.
A Cidade Jardim era conhecida como a cidade segura. No sudeste brasileiro, a cidade havia sido construída para que todas as doze famílias pudessem morar em seus palácios sem que haja uma grande batalha por território, sendo assim, um local neutro.
Mesmo assim, a noção de que a batalha pelo comando de tudo estava se aproximando todos eles começaram seus treinamentos.-Cara, como você aguenta esse negócio de arco e flecha o tempo inteiro? - perguntou Afonso.
-Sério? Você fica com aquele negócio de caminho da esgrima desde que começou a treinar e ainda não enjoou - brincou Indra.
-Mas esgrima é legal, arquearia é chato!
-O Clã Coelho só luta a distância - Indra fez uma cara séria ao falar isso.
-Eu sei, eu sei, agora vamos lá, fica invisível.
-Eu não vou ficar invisível cara.
-Mas você poderia!
-Mas eu não gosto!Inca veio na direção deles.
-Pela cara de vocês, o Afonso com certeza tá pedindo pra você ficar invisível, você nunca deveria ter mostrado isso pra ele e pro Sal.
- Você está muito certo meu amigo- confirmou Indra, ficando invisível.
-Olha lá - apontou Afonso - cadê ele?
-Provavelmente parado no mesmo lugar, eu não senti a presença dele se mover.Inca sentiu um arrepio por todo seu corpo e um frio vindo na sua nuca. O polegar de Indra estava em seu pescoço.
-Adivinha quem é.
Coelho, Rato, Tigre e Porco, cada um daqueles quatro era o representante de uma das famílias, de um dos importantes clãs dali.
Com O tempo, eles se separaram, nada dura pra sempre embora todos eles soubessem que iam se encontrar, eles relatavam com o momento em que isso ia acontecer, já que certamente isso causaria uma batalha entre eles.
Com essa certeza, Indra abriu os olhos e sentiu a movimentação da sua, pela visão periférica, no lado esquerdo do seu corpo ele via o quadro com a foto dos seus amigos.
Primeiro ele perdeu seu pai, que o abandonou porque ele era ele mesmo, depois veio sua mãe, que morreu em uma das batalhas do Clã Coelho em territórios, que por mais de diminuídas, ainda existiam. Seus amigos então foram afastados pelas famílias e Indra estava sozinho, mas pelo menos ele conseguiu continuar treinando.
Indra sentia um pouco de falta do seu treinador também, mas sem os seus pais ele não voltaria a morar no Palácio do Coelho.
Os Coelho nunca venceriam uma guerra, sempre que eles tentaram batalhar, perderam. As pessoas que se associavam aos clãs, queriam proteção e pediam por isso quando se sentiam como parte do Clã.
O Clã do Porco eram exímios esgrimistas e estrategistas em batalha. O Clã do Boi apresentam uma quantidade tão grande de médicos que eles conseguiam se manter no campo pra sempre. O Clã do Rato são mestres do combate e da força física. O Clã do Dragão era conhecido por muitos dos seus guerreiros que eram fortes o suficiente para moldar a história da cidade. O Clã do Cavalo tinha uma qualidade enorme para criar itens de guerra, o que fazia com que normalmente do nada, eles apareciam com tanques no campo de batalha. O Clã do Tigre possuía diversos magos de última classe. O Clã da Cobra domava animais para que os ajudassem em suas missões. O Clã do Macaco eram os mestres da versatilidade e sobrevivência. O Clã da Ovelha conseguiam deixar diversas armadilhas explosivas por todos os campos de guerra. O Clã do Galo não eram bons o suficiente em nada de guerra, já que eram um clã de produção de alimentos, mas isso permitia que eles tivessem o maior dos exércitos entre os clãs. A pequena quantidade de pessoas era suprida pela fúria de sangue do Clã do Cachorro.
Os Coelho não tinham nada disso, nem habilidades específicas, nem gente, nem aptidões, eles eram poucos.
Mas essa guerra era diferente, ela só tinha doze pessoas, e com doze pessoas a única habilidade do Clã aparecia. Eles eram assassinos.
Cansado de lembrar de coisas que não eram importantes, Indra viu quem respondeu a flecha que ele disparara alguns minutos antes e pulou da janela.Olhou para a mulher de cabelos ruivos na sua frente. Ele já tinha visto ela, provavelmente quando era menor ou em alguma reunião da sua família, ele sabia que ela era uma Silva da família Tigre, ele só não conseguia entender o motivo dela estar usando roupas de frio. Mas sentiu perfeitamente que logo logo iria entender.
Ela estendeu as mãos, Indra sorriu.
Pelos olhos dela, estava sozinha, Indra estava invisível.
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O Caminho do Rei
FantasyTudo parecia estar bem depois que a noite finalmente acabou, mas a busca por poder nunca iria parar. Já não é mais sobre ser rei, é apenas sobre descobrir o que você é.