Capítulo 10
Henrique
Quando chegamos ao Rio de Janeiro, peço para o motorista parar no shopping. Desço do carro e vou à loja da minha mãe, compro um vestido para Sabrina, uma forma de me desculpar pelo café que entornei nela.
Sabrina
Assim que ele sai do carro, começo a chorar, estou muito confusa e perdida em meus pensamentos. Estou com tanta raiva de mim mesma, fui tola. Não deveria ter aceitado essa porcaria de convite, ele que se virasse com os problemas da família dele.
A porta do carro se abre, é ele, e minha visão está embaçada por causa do choro, viro o rosto para o lado, não quero que ele me veja chorando.
— Sabrina, pare de chorar, por favor, é por causa da roupa? Eu comprei outra para você e talvez assim possa consertar o que fiz, você quer me dar uma bofetada? É isso, se for, pode dar, mas, por favor, pare de chorar.
Ele tenta enxugar minhas lágrimas, mas eu me afasto.
Quando chegamos à casa de sua mãe, está cheia de carros.
— Droga, a família está toda aí — ele fala.
Olho pela janela do carro e percebo que esse casamento será o casamento. Quando entramos a sala, estão todos reunidos. Henrique me apresenta para as algumas pessoas como sua noiva, e eu cumprimento a todos que ali estão.
Quando estamos indo para o quarto, ele me chama.
— Sabrina, teremos que dividir o quarto hoje, ou minha família irá estranhar o motivo de sermos noivos e não dormirmos juntos.
— É o quê? Claro que não vamos dividir um quarto, você só pode estar ficando louco! Tudo bem ser sua falsa noiva.
Ele me interrompe.
— Fala baixo, querem que descubra que tudo isso é uma mentira?
— Eu estou pouco me importando com o que vão descobrir.
Depois de longas horas de discussões no corredor, ficou decidido que vamos dividir o mesmo quarto hoje e amanhã no navio.
Na manhã seguinte
Sabrina
O dia hoje será de muita correria por causa do casamento, vejo algumas pessoas andando para cima e pra baixo com arranjos enormes de flores.
A minha primeira noite com Henrique foi tranquila. Eu dormi na cama e ele no sofá que tinha no quarto, fiquei com certa pena dele, o procurei pela manhã, mas não achei.
Final da tarde
Estavam todos em seus carros, esperando o sinal do primo de Henrique, que iria se casar hoje, para sairmos juntos para o local em que estava o navio. Dentro do carro, pensei em puxar assunto com Henrique, mas ele estava com uma expressão de que não queria muito assunto, decidi deixá-lo quieto.
Distraída em meus pensamentos, ouço a voz dele me chamando.
— Sabrina, eu gostaria de me desculpar por ontem — disse ele.
— Tudo bem, eu que agi de forma errada, desculpe-me por ter falado daquela forma. Como fui muito mal-educada, gostaria de dizer que vou deixá-lo fazer as perguntas. Mas, com uma condição, que eu também possa fazer sobre você.
Ela deu um sorriso e eu fiquei feito um bobo, que sorriso lindo ela tinha.
— Certo, eu faço a primeira pergunta — disse ele.
— Por que você resolveu ir trabalhar em uma casa de prostituição? — perguntou ele, já sabendo da resposta.
Percebo que ela franze a testa e seus olhos enchem-se de lágrimas.
— Bem, eu e uma amiga decidimos entrar para essa vida porque achávamos que não teríamos um emprego, por conta de nossas famílias terem nos abandonados, e não tínhamos família para receber apoio nenhum e para pagar as mensalidades da faculdade.
— Cadê sua família, Sabrina? — Minha preocupação por aquela mulher apareceu.
— Não sei, como eu disse, minha família me abandonou. E quando fiz 20 anos, tomei a decisão de ir para aquela casa.
Percebo amargura em sua voz ao falar do abandono.
— Nossa, deixe eu lhe ajudar, Sabrina, eu tenho imóveis por toda parte de São Paulo e te dou algum cargo em uma das minhas empresas — disse Henrique.
— Eu não posso aceitar, além disso, seria muito complicado sair dessa vida que tenho, Fábio não me deixaria sair daquela casa, e tem minha amiga, que eu não abandonaria.
— Eu farei o possível para lhe tirar dessa vida — disse ele.
Ele não conseguiria, Fábio com certeza faria um preço bem alto, e ele não iria poder fazer nada.
— Agora é minha vez de perguntar.
— Pode perguntar, sou um livro escancarado.
— Por que seu pai não passou a empresa para seu nome logo assim que faleceu?
— Ele me achava um irresponsável, e não tive como provar para ele. Ele achava que se eu me casasse seria mais responsável.
— Seu pai, com certeza, hoje em dia estaria orgulhoso de você — ela diz.
— Não, Sabrina, meu pai com certeza não estaria. Não importa o que fizesse pela empresa, ele sempre me acharia um completo irresponsável, sem contar as humilhações que ele me fazia passar.
Imagens do meu pai vêm à minha mente, imagens dele me humilhando.
— Sinto muito, Henrique — disse ela
— Sem problemas, minha vez de perguntar — respirei fundo e pensei no que iria perguntar. Bem, qual é o seu sonho?
— Eu sou apaixonada por culinária, meu sonho é ser uma chef famosa. Mas é apenas um sonho bobo.
— Escute, Sabrina, nunca é apenas um sonho bobo.
Sorri com o que ele disse.
E, com aquele sorriso que ela deu, sem pensar em mais nada, me aproximo e encosto a boca em seus lábios, e ela fala baixinho.
— Você não pode me beijar assim.
Ignorei o que ela disse e puxei-a para cima de mim, fazendo com que sentasse em meu colo, explorei cada canto daquela boca e deixei que minha mão passeasse em seu corpo. Fomos interrompidos pelo motorista.
— Desculpe-me, Senhor Henrique, mas já chegamos.
Resmunguei entrei os lábios de Sabrina, que logo saiu de cima de mim e se arrumou para descermos do carro.
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Uma Noite Prazerosa (degustação)
RomanceDesde criança, quando foi abandonada ainda bebezinha, Sabrina sempre batalhou para ter seus sonhos alcançados. Quando completou seus 20 anos, tomou uma decisão para sua vida, mas não sabia o que lhe aguardava. Henrique sempre foi frio e calcu...