Mel, doce produzido a partir do néctar das flores
Geralmente, encontrado em estado líquido e viscoso
Mel, nome de várias mulheres fortes, doces, independentes e divertidas
_Calp16
Eu já estava olhando por tempo de mais pra Marta, então quando ela passou por mim e começou a procurar algo entre os cabides só acompanhei com os olhos e por incrível que pareça não me distraí. Acho que meu pai ficaria orgulhoso de mim e quando eu chegasse em casa nós teríamos uma bela de uma conversa, eu sempre soube que a vida passava mais rápido que podemos imaginar, só nunca imaginei que ficaria boa parte dela migrando meus pensamentos do presente para coisas mais agradáveis. Sempre gostei de ser realista e sabia que quando o assunto fosse futebol a mudança seria involuntária, mas com o resto o que me custava ter um pouca mais de atenção.
_ Esse vestido é tão lindo, não sei o que ele ainda está fazendo aqui. Eu tinha colocado pra doar, porque não fica mais bem pra minha idade, só que em você vai ficar deslumbrante pode ter certeza.
Ela estendeu a mão e eu peguei o objeto que ela segurava, um vestido muito fofo. A parte de baixo era preta, lisa e solta, mas quando chegava no cintura tinha uma pequena facha para marcar aquela área e ao chegar a parte de cima branca com delicadas flores douradas que cobriam do ombro esquerdo até um pouco a baixo do busto e o mais incrível era que combinava com meu bom e velho all-star de couro preto e cano médio que me acompanhava na maior parte do tempo.
_ É muito lindo, obrigada por me emprestar.
_Eu estou te dando sua bobinha, pode pegar uma lingerie nova nessa gaveta e no fim de semana leva uma mochila porque eu comprei umas coisas pra você.-ela fez de propósito aquela safada, sabia como eu sou uma pessoa ansiosa.
_ Pode me dar hoje, eu já estou de mochila.
_ Não, é muita coisa, já não vai caber tudo com a mochila vazia.
_Certo, malvada.-resmunguei e ganhei um cafuné.
_ Bom, vou sair pra você se trocar, mas vai rápido que já são sete e vinte. Vou descer e você encontra com a gente lá na varanda de frente pro jardim de rosas.
_Tá bom.Eu não demorei muito pra trocar de roupa, porque ir pra escola era uma das minhas coisas favoritas. Quando finalmente olhei na espelho do closet como eu tinha ficado estranhei um pouco porque aquele não era meu estilo cotidiano, mas como não ficou ruim só calcei o tênis e desci as escadas até que chegar onde eles estavam.
_ Nossa, você está parecendo uma princesinha.-Marta comentou o que automaticamente me fez revirar os olhos.
_ Eu não sou uma princesa, tô mais pra criada que serve a criada da criada da criada da princesa.-antes mesmo de eu terminar de falar a Marta já estava com aquela cara de mãe aborrecida.
_ Eu só digo que você está uma gata.-o Lucas acrescentou.
_ Bajulador.-resmungo antes de começarmos a comer.Eu só comi salda de frutas, um copo de café com leite e um pãozinho doce incrível. Mas a mesa estava repleta de variedades alimentícias e esses eram um dos grandes motivos para eu adorar comer na casa dos meus amigos. Os que comiam comida de verdade é claro, eu não gostava de comer na casa daqueles que tinham pais frescos e faziam a família comer todas aquelas sequências de refeições, aquilo me dava até arrepio na espinha.
_ Filho, vocês vão com o motorista ?-Marta como sempre puxando assunto entre nós dois.
_ Não mãe, hoje eu vou usar a minha moto.
_ Você vai fazer a menina subir naquela coisa de vestido ?- eu sempre amei a Marta, mas desde de sempre as caras que ela fazia pra se expressar me davam um medo danado, principalmente a que ela fazia pra se impor.
_ Mãe...eu te amo muito e você sabe, mas aquela coisa é muito importante pra mim. E eu tenho certeza que a Mel não tem nenhum problema com motos, ela cansa de ir com os amiguinhos dela de moto pra escola.-eu estava rindo por dentro, o ciúme dele tinha ido nas estrelas com o tom sarcástico que ele usou.
_ Eu realmente não tenho problemas com motos, Marta.
_ Esses jovens de hoje em dia, me dão uma dor de cabeça.-ela completou o drama com a famosa mão na cabeça que as mulheres usavam pra demonstrar fragilidade.O resto do café da manhã foi tranquilo, eu tinha deixado o material de hoje no armário, então não estava preocupada com isso e como tinha que estar ás oito na escola assim que terminamos o café da manhã fomos em direção a garagem. Era mais fácil chegar nela cortando caminho por dentro da casa do que por fora e foi isso que fizemos, eu nunca tinha entrado pela entrada interna naquela garagem o que era muito estranho, mas no fim das contas era só uma garagem comum com carros e uma moto solitária de luxo.
_ Me responde uma coisa que eu nunca entendi, por que pessoas ricas gostam de ostentar tanto, é sério...-não consegui terminar de falar porque ele começou a gargalhar muito.
_ Você mesma se respondeu, ostentamos porque podemos.
_ Não foi assim que eu quis dizer, você não me deixou terminar. Todo mundo faz alguma coisa por algum motivo profundo, mesmo que não saiba. Era isso que eu queria saber.
_ Sinceramente, eu não sei. Eu tenho dinheiro desde que eu nasci e se quero algo eu compro, o que não posso comprar eu conquisto. Meus pais me ensinaram isso é essa é minha vida, eu só aceito.
_ Eu não gosto de aceitar as coisas como elas são, se você algum dia descobrir o motivo me conta, por favor.
_ Claro,vamos pequena.-eu nem perco tempo quando ele me entrega o capacete e já o coloco.
Antes de subir na moto mando uma rápida mensagem pro Vitor me desculpando por não ter avisado antes que não ia com ele e tudo o que recebo é um belo de vai se fuder, ótima maneira de começar uma manhã.Uma das coisas que eu sempre gostei de fazer é andar de moto, mas precisamente de pilotar, só que ir na garupa também servia na maioria da vezes. Sentir o vento, a adrenalina correndo mas veias o cheiro de couro, todas essas coisas me faziam sentir viva, estiquei um pouco o pescoço pra olhar o caminho que o Lucas estava fazendo e vi carros prédios e pessoas passarem com o vultos por mim tão rapidamente quanto meu coração acelerava, meus dedos formigavão de tanto apertar seu abdômen e junto com o cheiro de couro podia sentir o seu cheiro que parecia com girassóis depois da chuva, delicioso. A sensação de ter o corpo dele entre o meu era diferente de tudo, parecia que todos meus átomos estavam em estado de excitação. Eu estava obviamente culpando o longo período que eu não fazia sexo, eu conseguia até contar nos dedos. Dois malditos dias, o que era horrível pra mim que normalmente não chegava nem a vinte quatro horas sem.
_....- ele disse alguma coisa, mas não consegui entender por conta do vento.
_ Quê!?
_ Eu disse que vou pegar o caminho mais rápido, se segura.-não espero que meu corpo sinta o efeito da aceleração e já me agarro com todas minhas forças ao seu corpo. Todos meus músculos se contraem conforme a adrenalina vai inundando as minhas veias e logo vi a escola pela minha visão periférica.
_ Minha nossa!!Eu nunca cheguei tão rápido na escola.-minha voz saiu mais alta do que eu esperava, então tentei diminuir o tom depois de ter gritado primeira parte.
Ele me esperou descer e depois estacionou a moto no local correto e nós entramos juntos na escola como não fazíamos há anos. Então, não foi surpresa quando todo mundo desviou a atenção do que estava fazendo pra acompanhar nossos passos e eu nem liguei, nunca me importei de chamar atenção mesmo.
_ Deve tá todo mundo se perguntando como você ainda não me matou.-ele sussurrou bem perto do meu ouvido esquerdo de propósito, porque sabia que ia me causar arrepios.
_ Engraçado, tô me fazendo essa mesma pergunta.-falei no tom mais sarcástico que consegui, mas fui interrompida pelo banho de milk shake que o Lucas levou.
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O mascote
RandomUm dia ela acordou e percebeu que o mundo mudou, que ela tinha mudado. Os sonhos não eram os mesmos, as dores eram mais profundas e as memórias que se formavam estranhas e tudo que ela queria era voltar atrás e esquecer tudo que descobriu, mas isso...