Brincando de casinha

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Constantemente fugindo, é assim que me sinto, geralmente dentro da minha cabeça de pessoas desagradáveis ou dos meus próprios pensamentos. Só que, agora estou fugindo do treinador. Bom, não literalmente porque tudo o que eu tinha de correr pra longe dele já corri. Neste exato momento estou escondida sob a arquibancada enquanto escuto ele dar a maior bronca no Lucas sobre responsabilidade e que não se deve usar a confiança que os outros depositam em você dessa forma. Depois de um tempo a gritaria acaba e um Lucas muito triste e desolado sai pela porta na qual entramos, assim que ele dá dois passos depois do batente da porta, ela é fechada com força e eu escuto o barulho de chaves indicando que a mesma está sendo fechada, quando  ele está em frente de onde me encontro escondida o puxo pela entrada lateral na qual passei e começo a fazer minhas perguntas.

_ O que houve ? - toda minha vontade de rir foi substituída por preocupação.

_ Eu não sou mais capitão do time.

_ O quê ?- grito e rapidamente cubro minha boca com medo de sermos descobertos.

_ Tudo bem gata, ele já foi falar com os outros jogadores sobre a eleição de um novo capitão, já está tudo decidido.

_ Ele não pode fazer isso, você é o melhor capitão que essa escola já teve 

_ É...ele disse algo parecido antes de começar a gritar comigo sobre responsabilidade e...-o interrompo antes de continuar e completo sua frase.

_ Confiança, eu ouvi.

 _ Certo, mas aposto que não ouviu quando ele disse vai retirar meus privilégios porque acredita no meu potencial e que isso vai me fazer aprender a ser gente.

_ Nossa, isso deve ser falta de sexo.-resmungo bem irritada com o desfecho do nosso dia.

_ Não cara, não diz isso. Ele é como um pai pra mim.

_ Tá, desculpa.-pedi sinceramente, já que ele parecia realmente ofendido, mas aí o babaca começou a rir. _ Seu escroto!

_ Foi mal, mas você tinha que ter visto sua cara .

_ Minha cara !? Vai pra merda! - gritei com ele e sai pisando duro debaixo da arquibancada.

_ Ei ! Gata, espera. Eu realmente me senti ofendido, mas sei que mereci.

_ Mereceu mesmo, eu mandei você não gemer alto, otário.

Eu queria ficar puta, porque odeio esse tipo de brincadeira, mas toda a raiva que eu estava sentido despareceu. E por apenas um momento me permitir sentir plenamente feliz e completa só por estar perto dele.
Quando ele me deu a mão, eu sorri, fazia muito tempo que alguém não me tirava gargalhadas como ele. Então, como se nada tivesse acontecido, começamos a andar em direção ao carro de mãos dadas e eu sorria tanto que a minha boca chegava a doer, o vento agitava alguns fios do meu cabelo, mas nem isso estava me irritando, eu podia sentir a grama macia afundando sob meus pés e para mim parecia o paraíso.
Ao passarmos pelo portão que liga o estacionamento a quadra de esportes, logo chegamos ao carro, um Audi preto e azul, eu sentei no banco do passageiro e senti rapidamente  o aroma de couro e o cheirinho de rosas frescas, depois de ouvir a porta dele bater tive que fazer piada do cheiro, mesmo gostando.

_ Então... por que seu carro está com cheiro de rosas ?

_ Porque eu peguei a encomenda da minha mãe no florista.

_ É uma delícia.

_ Vou comprar aromatizantes de rosa e colocar no carro pra você.

_ Legal da sua parte, mas quem disse que eu vou andar de novo no seu carro ? Nem me pagou um jantar.

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