Querida, pequena vida. #1 ꪜ

⭒CAPÍTULO OITO⭒

Abri os meus olhos e me revirei na cama. Fazia um bom tempo que apenas me mantenho aconchegada nas cobertas sentindo o vento frio vindo da janela e criar coragem pra levantar foi um pouco difícil.

Senti o cheirinho bom vindo da cozinha e ouvi uma música antiga que não me era estranha. Coloquei a minha pantufa e desci degrau por degrau. Ao chegar no fim da escada abri um sorriso ao ver os cabelos grisalhos presos em um coque bem feito. A saia jeans vindo até o joelho e uma blusa neutra por baixo do avental amarelo amarrado na cintura, ela dançava no ritmo da música e ao me ver deixou o tabuleiro sobre o fogão, tirou as luvas e veio de encontro me aconchegando em um dos abraços mais confortáveis desse mundo. O cheiro de peônia que vinha do cabelo dela só me fez sorrir e então fechei os olhos enquanto acariciava a minha cabeça.

A minha avó sempre faz falta quando está nas maluquices dela.

─ Como você está meu bem? ─ Ela sorriu quando desfizemos o abraço e tirou algumas mechas do meu rosto. ─ A sua mãe saiu mais cedo e foi com a Eva para levar a sopa pros moradores de rua e me pediu pra te acordar, mas preferi deixá-la descansar

─ Poderia ter me acordado vovó. ─ Olhei pra mesma que apontou pra mesa no centro da cozinha. ─ Nossa, que cheirinho bom!

O cheirinho do bolo que ela faz nunca vai ser irreconhecível! Muito menos os biscoitos, me sentei abraçando os braços sobre o peito, faz muito frio lá fora e com certeza essa noite vai nevar. Espero que o pessoal do time e as líderes tenham conseguido se organizar com a doação dos cobertores pros moradores de rua.

Segurando a xícara sobre a minha boca continuei esfriando o café enquanto a minha avó me contava sobre as viagens que ela havia feito. Cada uma mais engraçada que a outra e é cada história! Com toda certeza daria um livro.

─ Fiquei sabendo que você foi visitar o seu pai. ─ Sentada na cadeira bem a minha frente me atrevi pegar mais um pedaço do bolo. ─ Comeu muito do que a sua outra avó fez pra você?

A vovó Grace não seria a mesma se não me perguntasse isso, ela morre de ciúmes de mim por ser a única neta e por sempre estar aqui com ela e o vovô Ellif. Quando vou pro Brasil a vovó Lourdes também me mima muito com as típicas comidas brasileiras e não troco elas por nada nesse mundo. Então, sempre evito comentar até porque amo as duas igualmente e sempre vou gostar da culinária diferente de cada uma.

─ Vovó Grace! ─ A repreendi com uma cara fechada que ao contrário dela tinha o melhor sorriso. ─ Vou sempre amar as duas igualmente

─ Finjo que acredito. ─ A mesma me olhou com desdém, ela sabe muito bem que sempre evito falar desse assunto e acabo revirando os olhos. ─ Você está animada pra festa?

Animada? Se pudesse soltava fogos de artifício. Sempre me emociono, assim como todos da cidade e é tudo tão lindo assistir as crianças fazendo homenagens no coral. O exército sempre vem pra passar uma semana com os familiares.

⭑⭑⭑

Sentada no sofá da sala puxei o cobertor pra tentar me esquentar um pouco mais enquanto a minha avó assiste alguns documentários e um tranquila olho pra mesma sentada na poltrona com os olhos pequenos lutando para não cochilar. Isso me faz voltar ao passado quando a minha mãe ia trabalhar no Drivin e a mais velha ficava o dia todo cuidando de mim. Ela também considera a Maddie como uma neta e sempre nos deu presentes iguais, não importava o preço.

Desliguei a televisão depois de me certificar que a mesma está dormindo, tirei a minha coberta e coloquei sobre a mesma que resmungou um pouco enquanto roncava baixo. Peguei as duas xícaras sobre a mesa de centro e me arrastei até a cozinha, lavei o que estava na pia e quando terminei aproveitei para conferir as notificações do meu celular. Havia poucas mensagens, apenas uma foto muito engraçada da Maddie e do Zack tomando café no Drivin e assim que cliquei no zoom percebi que o Liam estava um pouco atrás vestido com o uniforme atendendo algum cliente. Não sabia que hoje ele ia trabalhar com a minha mãe e achei que estaria ajudando o pessoal no colégio.