Capítulo 3

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Nota:

Eu tô muito feliz com a visibilidade que a fanfic está tendo! Obrigado por me dar uma chance pessoal!❤

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Eram dez da manhã quando Harry chegou na residência dos Parker e claro, a primeira coisa que fez foi questionar sobre Peter. Ficou sabendo que Loki Odinson esteve na casa e sua preocupação foi ao limite mas não conseguiu fugir de seu pai e ir ao socorro de Pete.

Ao contrário do dia anterior, Harry e Wade não conversaram, Wilson estava exausto e o Osborn preso em pensamentos. Pelo menos tinha conseguido convencer a diretoria do colégio a deixarem os três com a mesma grade horária. Já estavam no terceiro ano de todo modo e cada um ao seu modo era um gênio em alguma matéria. Isso sem contar o fato que ameaçou o diretor dizendo que seu pai retiraria toda a ajuda que dá ao colégio. Harry sabia usufruir do poder que o sobrenome Osborn trazia.

Já Peter, ele não sabia como se sentia. Não pela falta de emoções, mas pelo excesso. Se fosse descrever, era o céu nublado, ameaçando a se desmanchar em uma forte chuva. Entretanto Wade e Harry eram os raros momentos que o céu abria o suficiente para a luz do Sol se mostrar presente.

O menor não dormiu, não quando todas as vezes que tentou teve pesadelos. A cena do estupro, a sensação do gozo escorrendo de si, Peter conseguia ouvir sua alma quebrando como um espelho que é atingido por uma pedra. Era horrível, doloroso. Acabava consigo, e Peter não tinha noção de que ainda havia algo em si que podia ser quebrado. Bom, descobriu da pior forma possível.

A madrugada foi difícil, tendo os pesadelos tirando sua opção de descansar. Ficou deitado na cama, olhando a porta aberta - uma exigência de Harry e Wade - mas as suas piores lembranças sendo revividas tão fortes em sua mente que podia afirmar que muitas delas aconteceram em poucas horas, mesmo tendo se passado anos.

Seu braço estava arranhado, sangrando. Não conseguia controlar a compulsão e mesmo com as unhas curtas, conseguiu se machucar o suficiente para ter que enfaixar. Até tentou procurar algo afiado, mas não encontrou. No pouco momento de lucidez que teve - isso sendo as quatro da manhã - foi até sua mesa que usava para estudar e puxou uma caixa escondida embaixo dela. Era um projeto que começou quando era pequeno e se viu fascinado pela ciência. No começo, era apenas uma reprodução do globo terrestre, mas conforme aprendia, mais detalhes colocava. Atualmente sua meta era fazer um aparelho que girasse o globo, usando a gravidade da terra que seria redirecionado ao globo, bom, se conseguisse tirar de sua mente a ideia com os recursos que tinha disponíveis. Afinal não era nenhum Tony Stark, mas se os professores tinham fé em si e no talento que diziam ter, porquê não tentar?

A resposta veio em questão de meia hora, quando jogou o projeto no chão porque sentia que não daria certo. Nada na sua vida dava, porque algumas sucatas juntas dariam? Tinha certeza que Tia May o abraçaria e o iria encorajar. May, outra parte de sua vida que simplesmente não deu certo. Se não tivesse insistido, não os teria matado.

Peter sentou no chão, o corpo tremendo, as lágrimas borrando a visão, sua mente lhe fazendo o favor de lembrar de tudo. Tudo que gostaria de esquecer. O pânico de simplesmente se imaginar andando na rua tomando seu corpo como ácido, o medo de alguém encostar em seu corpo era doloroso demais. Porque ainda estava vivo? Não conseguia puxar o ar para os pulmões, as mãos arranhando mais ainda os braços, deixando o leve cheiro de ferro no ar. Depois tudo escureceu.

Não, não havia desmaiado. Quando notou, estava na frente do espelho com Wade segurando sua mão. A voz do loiro sendo apenas um eco distante em sua mente. Demorou um pouco para perceber o que iria fazer e quando sua mente processou a situação, suas pernas perderam a força e caiu no chão, chorando, o peito ardendo pelos sentimentos, a mente doendo pela memória, a mão sentindo os cortes mesmo que não tivesse nada ali. Chorou, a voz de Wilson ficando mais perto, mais evidente e Peter se agarrou ao pequeno sentimento de proteção que ela o trazia.

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