Apenas um sofrimento qualquer

Continuação

Segui meu caminho as pressas para minha casa

Fiz a burrada de ir para o curso de short curto e na volta estava sofrendo as consequências do inverno da Argentina

A cada esquina que passava menos movimento tinha nas ruas
E eu não só estava sozinha... como também me sentia só.

Toda vez que eu escutava um barulho que me assustava o xingava mentalmente

-idiota
-idiota
-idiota

Faltava 3 quadras para minha casa
E foi quando aconteceu

Tentei atravessar a rua mais o sinal do semáforo fechou e tive que aguardar os carros passar

Um cara começou a se aproximar falando rápido demais pra entender
E como sempre respondo para esse tipo de pessoas falei:
-yo no tengo plata

Mas ele não parou... segurou meu braço e tentou tirar minha bolsa

Entrei em desespero

Corro ou luto?
Corro ou luto?

Tentei correr... eu não iria entregar a minha bolsa que estava com todos meus materiais da faculdade e com todo meu dinheiro do mês

E foi quando ele me empurrou para a parede e começou a me enforcar

Eu já tinha deixado a bolsa de lado
Ele poderia pega-la e fugir
Mas ele queria mais...

Os seus olhos eram de desejo, estava gostando de me ver sofrendo, com dor.

3 adolescentes apareceram
O primeiro que estava de bicicleta correu e empurrou esse homem

Eu cai e por 3 segundos não soube o que fazer
Não respirava
Não sentia nada
As pernas não me obedeciam

Peguei minha bolsa e corri
Sem olhar os carros passando
Sem olhar os garotos atrás
Sem olha aquele cara

Simplesmente corri com a necessidade de encontrar um lugar seguro

Cheguei na entrada do apartamento e foi só então que reparei que estava prendendo a respiração

O ar entrando em meus pulmões foi como facas perfurando

Entrei no elevador e milhões de pensamentos passaram por minha cabeça
Embaralhados

Entrei em desespero
Encarei o espelho mas não me enxerguei

Não podia chegar naquele estado em casa
Minha mãe não podia me ver daquele jeito

Sentei, respirei, pensei
Entrei em casa como se nada tivesse acontecido
Como se tivesse sido só mais um dia qualquer

Minha mãe me perguntou se aquele idiota tinha me acompanhado
E como um doce veneno falei que sim
Afinal ainda éramos amigos

Deitei na cama e fingi que estava dormindo
Porque era angustiante demais continuar mentindo

"Isso poderia ter sido evitado"
"Ele poderia ter me acompanhado"

Mas preferido acompanhar ela
E quem sofreu as consequências fui eu

Eu o odiava e o amava
Mas a mágoa que estava sentindo era forte demais pra aguentar

No outro dia o encontrei de novo e fingir que tudo estava bem
E fui embora sozinha de novo
Porque eu não queria incomodar
Por que não gosto de mostrar fraqueza

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Infelizmente isso realmente aconteceu comigo
E as marcar no meu pescoço me fizeram ficar semanas lembrando daquela noite