Rodoviaria

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Já são 01:49 da madrugada

Estou na rodoviária com minha mãe e minha irmã mais velha.
A ficha começa cair lentamente de que vou estar sozinha... de novo.

Mamãe me olha uma última vez, está com os olhos inchados de tanto chorar. Não é a primeira vez que ela me deixa para trás mas
dessa vez é pior. Estou tão longe de casa!

Não tenho amigos
Não tenho família
Não tenho um lar
Não ainda

Estou tentando ver isso como uma nova chance, para recomeçar e mudar. Mas que ilusão a minha achar que por esta em outro lugar tudo pode ficar no passado...
Por mais que tentemos somos o que somos, não podemos mudar esse fato.

Aceno para minha mãe que está eufórica na janela. O coração aperta e começo a pensar que coisas ruins podem acontecer...

" E se for a última vez que a vejo?
Se o ônibus virar?
Ou se no caminho para meu novo apartamento sofro um acidente?
Talvez um ladrão me assalte e me mate?
E se eu nunca mais a vê-la?"

O ar falta no pulmão, por alguns minutos me sinto sufocada. A cada centímetro que o ônibus se afasta meu desespero é maior.

Eu queria abraçá-la mais uma vez, talvez as horas antes do embarque não tenham sido o suficiente.
Eu nem ao menos chorei
Deveria ter chorado; eu deveria...

Uma música começa a tocar em minha mente.
Eu tenho o péssimo hábito de tornar as imagens ao meu redor cenas de um filme imaginário que somente eu posso ver.

Ela foi embora
E eu estou com medo

Volto devagar pelas ruas, paro em um bar e compro uma cerveja. É a primeira vez que compro bebida sozinha. Está um clima bom, a lua está clara apesar do breu das ruas.

E aqui estou eu... sozinha nessa cidade sem cor em buscar de um objetivo

Não posso fracassar
Não tenho escolha

O que devo fazer para me sentir livre? Por que mesmo morando só e longe de tudo me sinto em uma gaiola grande e forte.









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Eu escrevi isso a alguns dias atrás

Apenas um sofrimento qualquer Onde histórias criam vida. Descubra agora