Capitulo um.

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Amália on

Mais uma vez eu tô aqui, largada no canto do quarto. Depois de uma sessão de surra, de abuso e tudo que você puder imaginar.

Me dói saber que as únicas pessoas que eu tinha me colocou nesse caminho, minha mãe e meu padrasto.

Eu amava meu padrasto como se fosse meu pai, sentia que ele era meu protetor.

Até o dia que ele e minha mãe começou a se drogar e me jogar nas mãos desse lixo que é o Nego.

Meu irmão é minha vida, ele é mais velho que eu, porém, não conseguiu proteger disso tudo. Ele trabalha com nego, ele é seu braço direito. Ele não pode fazer nada, ele tentou e ainda tenta. Mas quem disse que o capeta em pessoa deixa?

Ele deve sentir um prazer enorme em fazer tudo isso comigo, não sei o que passa na cabeça dele.

Estou a mais de 3 anos nessa vida, não me acostumei, não tem nem como né? Quem se acostuma com uma pessoa te abusando?

Já engravidei duas vezes, as duas vezes perdi pelas surras, ele nunca soube, e não vou contar tão cedo.

É, lembrei que tenho que limpar essa casa e fazer comida pra ele, ou isso ou mais uma surra.

Levantei, entrei pra dentro do banheiro, deixei a água morna cair sobre meu corpo. Amo tomar banho no quente, mas infelizmente com esses hematomas não consigo.

Sai do banho, vestir uma calça larga e um cropped, calcei a chinela e desci.

Coloquei o Kevin o Cris porque eu não sou obrigada né, mores. Arrumei a casa todinha, fiz faxina geral, até no quarto da peste.

Fiz arroz, Strogonoff, Frago cozido e feijão. Duas opções de mistura pra depois não ouvir bosta.

Fui pra sala liguei a tv e tava passando Vascão, amo, não vou mentir hein. Desliguei até o som.

Do nada escuto a porta abrindo, nem dei atenção.

Nego: Fez almoço?
Amália: Fiz.
Nego: Fez o que?
Amália: Vai ver, ué. To ocupada assistindo o jogo, licença aí faz favor.
Nego: Mina, faz favor hein. - foi desligando a tv
Amália: Mas o meu caralho mesmo hein. Fiz arroz, strogonoff, frango cozinho e feijão. Agora liga a tv que você desligou.
Nego: Primeiro coloca minha comida. - levantei bufando e fui colocar.
Amália: Tá na mesa, vai comer.
Nego: Tá perdendo o medo né, bandida.
Amália: que nada, só aprendi se eu não falar, eu apanho. Se eu falar, eu apanho. Então, tanto faz.
Nego: É, tanto faz. Bora comer você também.
Amália: Nego, da licença, eu quero assistir o jogo.
Nego: Bora, garota. Tenho paciência não, tu tá ligada.
Amália: Até cego ver. - falei baixinho.
Nego: Eu ouvir tá? - Balancei os ombros levantando.

Pela primeira vez em 3 anos a gente trocava muitas palavras e ele não encostava em mim. Mas também né, o maluco já me espancou hoje. Almocei e sair da cozinha deixando ele sozinho lá.

Assistir o jogo todinho, perdemos né, novidade nem tem.

Nego passou pegando a glock, colocando o fuzil nas costas e pegando as chaves.

Amália: Pede pro Diogo vim aqui hoje.
Nego: Por que você não manda mensagem? eu hein
Amália: Eu mandaria se você não tivesse quebrado meu celular hoje. - falei revirando os olhos.
Nego: Pode pá, fé pa tu.

Subi cansadona, entrei no quarto e capotei.

Vendida para o dono do morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora