CARA NOVO

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– Cale a boca, Megan! – Exclamei.

– Cale você! Caramba, eu pensei que nós fossemos amigas, mas você não me conta nada.

Suspirei irritada. Droga, eu não posso contar!

– Meg, tem segredos que as pessoas não querem compartilhar, entenda isso. Eu não preciso te contar tudo!

– Só queria que confiasse em mim da mesma forma que confio em você. – Bufou frustrada, jogando-se sobre a cama.

– Eu sei. – Abaixe o tom, frustrada comigo mesma por não poder contar.

– Olha... Me desculpa, OK? Você não é obrigada a contar nada mesmo, não é obrigada a confiar em mim. – Deu de ombros, triste.

– Sinto muito... Eu queria te contar, Meg. Só... só que não posso, entende? – Ela assentiu, continuei. – Sabe quando você tem um segredo que não é seu? E então não  pode contar?

– Sim, tudo bem. Sério... Não precisa explicar nada. – Falou, mas ainda podia se notar a frustração em sua voz.

Suspirei e sai.

Meg e eu somos amiga á um tempo, nós dividimos um apartamento, não muito grande, mas confortável o suficiente. Megan é o mais próximo que eu tenho de uma família, posso até dizer que a amo. Nós nos divertimos bastante, mas também brigamos muito, normal. A maioria das vezes é o mesmo motivo, minha falta de confiança sobre ela.

Sabe, não é que eu não confie nela, eu confio, mas como vou chegar para ela e dizer que tenho poderes sobrenaturais? que tudo que dizem sobre mim, é verdade, uma boa parte não tudo, que não preciso ouvi-la dizer algo para saber alguma coisa, que posso simplesmente escutar seus pensamentos, como vou dizer isso a ela? Provavelmente, ela me mandaria para um hospital de doidos.

Me sinto mal por não poder compartilhar tudo com ela, de verdade. Mas tenho problemas maiores que isso.

Caminhei desajeitada até o ponto de ônibus. Eu ainda não tenho uma moto, mas em breve... Esperei ali, sentada até ele passar. Subi no mesmo e paguei o motorista, rodei na roleta e sentei-me em um dos bancos, na janela. Um pouco depois, um cara sentou-se ao meu lado.

Pelo o que eu consegui ver, ele tinha a pele pouco bronzeada, cabelos negros, com a parte da frente grande o suficiente para tocar em seus olhos, mantinha o maxilar travado, seus músculos tensos e a expressão de raiva.

Estremeci. Ele direcionou seus olhos para mim e sorriu de lado, de uma forma maldosa. Droga, ele me assustava, de uma forma estranha. Tentava disfarçar a tensão em meu corpo, tentava não demonstrar medo. Isso é tão estranho!

– Vai ficar encarando, bonitinha? – Sorriu, aquele sorriso maldoso de lado novamente.

– O que? – Até agora, não tinha notada que eu o estava encarando. Queria cavar um buraco e me enfiar nele.

– Vai só olhar? – Levantou uma das sobrancelhas. Isso foi uma cantada?

– Estava distraída, não notei. – Manti a voz firme. Quase parecia que ele podia ler meus pensamentos, quase.

– Tudo bem olhar, todo mundo olha. – Deu de ombros, bufei. Mais um convencido no mundo.

– Eu não estava olhando. – Resmunguei. Ele riu.

– Falou isso para si mesma ou para mim? – Sorriu de uma forma enigmática. Como quem diz " eu sei o que esta pensando". Encarei-o.

Quase gritei de felicidade quando chegou o ponto em que eu desco.  Atravessei a porta as presas, suspirando. O que foi isso?

Dei uma olhanda para trás e o vi ali, droga! Ele mantinha aquele maldito sorriso no rosto, torci os lábios e continuei andando. Olhando de segundos em segundos pra trás para ver se ele ainda estava lá, ele está me seguindo?

Parei e encarei a porta que onde eu devia entrar se não tivesse uma placa escrito "fechado" na mesma. Bufei irritada, vim para nada?

O cara passou por mim e a abriu a porta, quase engasguei.

– Tudo bem, bonitinha?

– Sim, droga. – Murmurei. – Você, hum, tipo... Trabalha aqui ou algo assim? – Ele não tinha cara de quem tem poderes mediúnicos.

– Sou o dono. – Levantou as sobrancelhas. Quase engasgo novamente.

– Certo, eu.. bom, eu vim tentar uma vaga para trabalho. – Torcida os lábios.

– Alyssa, certo?

– Certo. – Gostei da forma que meu nome saiu de seus lábios.

– Tenho umas perguntas, antes de tudo.

– Tudo bem.

Disse, apenas. E entrei.

A BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora