CONFIO EM VOCÊ

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Ele sentou em uma poltrona e eu me sentei na outra, de frente para ele. Ele encostou-se na mesma e cruzou as pernas, passou os dedos sobre os lábios estreitando os olhos.

– Bom, sabe meu nome, mas eu não sei o seu. – Falei.

– Certo. Me chamo Adam, Adam Collins. – Estendeu uma das mãos.

– Alyssa Owen, mas você já sabe. – Apertei sua mão.

Só agora notei que não posso ler sua mente. Já estou tão acostumada em poder ler mentes, que não poder ler parece ser estranho.

– Sim. Bom, Alyssa... Não tem cara de médium. – Balançou a cabeça, sorrindo.

– Ah, as aparências esganam.

– Tenho certeza disso. – Sorriu. – Bom, se importa de fazer uma leitura para mim?

– Não, tudo bem. – Só espero que ele não tenha notado meu nervosismo.

Nunca tinha feito isso na frente de alguém antes, é meio constrangedor. Minhas mãos soavam, sentia meu coração palpitar,  como se fosse sair. Eu estava muito nervosa.

– Como você faz? – Perguntou, sério.

– Ahn, só preciso encostar em você, assim consigo ver toda sua vida, passado, presente e futuro. – Engulo em seco.

– Hm... Interessante.

Ele estendeu uma de suas mãos e eu a toquei. Foi como se estivesse passando um filme sobre sua vida.

Perdeu os pais com quinze anos, á seis anos atrás. Tem um irmão mais novo de dezenove anos, Lucky. É um cara sério, fechado, na maioria das vezes arrogante, intimidador, cínico... Afortunado. Atraente, chama atenção das pessoas por onde passa. Sua última relação deu errado por seu temperamento explosivo, quase agrediu a parceira, então ela foi embora. Ele se sente culpado por quase agredi-la, mas não o suficiente, ele não gostava dela. Tem algo, algo negro em seu passado, presente e futuro, é estranho. Eu não consigo ver a parte escura, não consigo ler. Mordo os lábios, tentando ir mais fundo. Mas sou impedida, foi como se alguém me empurrasse de volta, me impedindo de ver o resto, algo ou alguém não queria que eu visse.  

Afasto minha mão da sua rapidamente. Sinto o suor escorrer em meu rosto, as mãos geladas, sinto o ar preso em meus pulmões, o arrepio em minha espinha, arregalo os olhos.

– Esta pálida, senhorita Owen. – Me encara, como se nada tivesse acontecido. Ele não sentiu isso? Foi só comigo? O que foi aquilo?

– E-eu sinto muito. – Me enrolo com as palavras, engulo em seco. – Me desculpe, não é nada. – Tento dar um sorriso nada convincente.

– Não parece. – Me estuda com os olhos.

– Serio, não é nada. – Murmuro olhando para todos os lados menos para ele.

– Tudo bem. O que viu?

Sinto minhas mãos suarem novamente e o coração acelerar, droga.

– Nada de mais.

– Se não viu nada de mais não esta qualificada para o emprego. – Diz frio.

– Talvez. – O encaro, nervosa, porem tentando disfarçar o máximo possível.

– Como quer que alguém confie em você se não confia em si mesma? – Diz ríspido.

– Sempre tem as respostas para tudo? – Digo cínica.

– Talvez. – Sorri. – Quero que me diga, acha que é capaz de trabalhar aqui?

– Olhe para mim. – Sorrio.

– Estou olhando.

– Acha que depois da reação que tive não vi nada? – Pergunto.

– Me diga você.

– Eu vi algo, mas não me sinto a vontande para falar sobre sua vida com você. – Digo nervosa pela escolha das palavras, não sabendo se fui clara o suficiente.

– Se quiser o emprego terá que mudar isso.

– Vou melhorar com o tempo. – Garanto.

– Assim espero. – Molha os lábios. – O esprego é seu.

– O que? – Digo incrédula. – É só isso? Não tem mais testes ou perguntas?

Confio em você. – Estremesso com suas palavras.

– Costuma confiar facilmente nas pessoas assim? – Pergunto.

– Não, é a primeira, senhorida Owen. – Sinto uma energia passar por todo o meu corpo, eletrizando-o.

– Obrigada? – Digo sem saber o que dizer. – Me chame de Alyssa, por favor.

– Claro, Alyssa.

Meu nome soa tão bem em seus lábios, é uma sensação tão nostálgica que imagino coisas por um minuto, logo corando por meus pensamentos.

– Vamos almoçar? Para poder acertar as coisas. – Sugere.

– Claro.

Se levanta e caminha até a porta, o acompanho.

A BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora