Magnus e Alec - A Ascensão da Paixão

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Malec

O prédio surrado pelos anos de Magnus adquiria uma cor densa, próxima do marrom escuro quando o sol ousava se pôr nas margens do East River. As sombras cobriam a avenida perto do estreito de Nova York como um cobertor protegendo os mundanos do calor e trazendo um frio fora de época para a região.

A decoração rústica de dentro do edifício fazia o lugar parecer retirado de outra época, muito antes de Alexander nascer, ou mesmo seus pais. A cama sustentava uma balaústre de madeira escura em cada extremidade, dando um teto a poucos metros de sua cabeça. Apesar da madeira parecer extremamente resistente, o colchão era magicamente macio.

Magnus Bane dormia com o tórax virado para o colchão. Suas feições em seu rosto transmitia uma paz difícil de se imaginar. Parecia um anjo descansando, o que era irônico de certa forma.

Receoso de se mexer e acabar acordando o parceiro, preferiu ficar imóvel ouvindo sua própria respiração enquanto admirava a beleza de seu namorado. Desde as curvas que os lábios faziam, amassados pela bochecha que permanecia pressionada pelo travesseiro, até o relevo que o lençol evidenciava em seu corpo, dando forma a lugares que ainda Alec não tinha reparado.

A tempos atrás teria passado semanas se torturando por ter pensado em alguém dessa forma. Já tinha feito isso antes diversas vezes, quando dividiu um quarto em Idris com Jace, ou nos banhos compartilhados também com Jace. Sua antiga vida só quem importava mesmo era seu Parabatai. Viver na sombra dele era confortável, e desejar algo que nunca poderia ter ajudava a se esconder dentro da verdade.

Os olhos de Magnus abriram, sonolentos e surpresos. A noite passada era uma página em branco e ver Alec o observando em sua cama o fez pensar que talvez tivesse ido longe demais. Que horas seriam? Cedo demais ou tarde demais? E porque sentia a ceda do lençol em atrito diretamente com sua pele?

Virando o tronco para cima tentando se ajeitar da melhor forma possível, percebeu que sua cabeça doía, como se um sino tivesse em constante movimento perto de suas têmporas. Levou seus dedos delicados e esguios à cabeça, falhando em tentar parar a dor.

Desde o primeiro momento em que viu Alec no Instituto, algo dentro de Magnus se acendeu como num estalar de dedos ele acendia as luzes da casa. Jurou lá mesmo que não ignoraria aquele sentimento e tentaria, pela última vez, correr atrás do amor.

Agora que o real e o imaginário haviam colidido, imaginava se Alec, como ele, haviam realmente feito sexo. Sua voz saiu embargada de sono assim que apoiou as costas na cabeceira da cama — Nós... – Um ar de dúvida escapou de sua boca.

— Fique tranquilo – Disse Alec — Eu lembraria se algo assim tivesse acontecido – O jeito que proferiu as palavras, quase como um sussurro, era extremamente sensual.

— Presumo que esteja faminto – Magnus o fitava. Apesar de dividirem o mesmo lençol, metade do corpo de Alec estava exposto. Começou pelos pés, e foi subindo o olhar seguindo o corpo forte e definido do Caçador de Sombras. Imaginou se tudo aquilo era resultado das caçadas ou teria Alec praticado intensamente nos últimos dias. Passou os olhos pela coxa, grossa e musculosa, a box preta colada no corpo, o mamilo perfeitamente desenhado em cima do peitoral definido e coberto por pequenos pelos. A clavícula, de onde um aroma agradável de chuva, inverno e cores frias saia e inundava o nariz de Magnus, forçando-o a se lembrar de Paris, o país dos apaixonados. O queixo perfeitamente uniforme seguindo a linha da mandíbula definida e finalmente sua boca, seus lábios, poderia ficar ali pelo resto da eternidade lendo a poesia escondida nos traços de Alexander.

— Parece ausente. Está tudo bem? – Alec o fitava, curioso. Seus olhos intensos por baixo das sobrancelhas espessas dava um toque masculino ao rosto delicado e perfeitamente desenhado.

Talvez tenha ficado tempo demais perdido no corpo do rapaz.

— Ah! – Disse Magnus — Mil desculpas, não era minha intenção – As bochechas ardiam por de baixo da maquiagem dormida.

Alec riu, como se a situação o divertisse. Chegou mais perto de Bane, se arrastando pelo colchão.

— Sempre que estou perto assim, isso acontece – Buscou a mão de Magnus e a trouxe até seu peito, perto do coração, que batia rapidamente. A pequena camada de pelo impedia o frio do feiticeiro transpassar.

— Em mais de 400 anos vivo, jamais me deparei com alguém como você, Alexander. – O Caçador de Sombras tocou a pele de seu braço, causando arrepios por toda a extensão do corpo de Magnus. — Você é como uma galáxia que ainda não foi descoberta... – Continuou — E só eu, no mundo, conheço. Toda vez que o vejo, todos os poros do meu corpo se contraem em desejo e súplica por você. É como se você fosse a parte que faltava na engrenagem do meu mundo. Não consigo, Alec, continuar vivendo sem você.

— Mag... Isso é – Os dois se entreolhavam, e o mundo aparentou desacelerar. Não eles dois, pois ainda podia ouvir a própria respiração transpassada e a sensação dos pelos do braço de Magnus contra a pele surrada da sua mão.

— Passei tempo demais vivo pra perceber que a eternidade é eterna demais sem alguém para dividir o mundo. E acho que encontrei esse alguém. – Magnus subiu a mão até o pescoço de Alec e o virou para selar os lábios do filho dos anjos com os seus. Um beijo proibido, mas extremamente determinado. Não existia céu nem inferno que limitaria até onde os dois poderiam ir naquela cama a partir daquele momento. Nada mais importava, nada mais existia a não ser os dois e o desejo insaciável que Magnus sentia de explorar o corpo dele até não haver mais nada para descobrir.

One Shot's Os Instrumentos MortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora