Capítulo 9 - De Volta à Fazenda

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Baba colocou em pequenos potinhos a sopa que fizera e subiu no alçapão, entregou com a minha ajuda um potinho para cada criança. Ao me ver comemoraram, mas ainda pareciam confusas, eu estava ao lado de Baba Yaga, a bruxa que havia prendido elas nas grandes gaiolas. Baba sacudiu a mão esquerda e destravou as trincas dos cadeados, soltando todas as crianças. Elas correram para me abraçar, contentes. Descemos todos e sentados na mesa que esticou em um passe de mágica com o balançar de mãos de Yaga, dando lugar para todos, terminamos de comer a sopa.

Baba desapareceu como fumaça diante de nós, a casa se acomodou levemente no solo e quando abri a porta, ao terminar a saborosa sopa, estávamos de volta na floresta. Saímos todos satisfeitos, de barriga cheia. O céu estava nublado, agora o solo coberto por neve branca, todos correram para fazer figuras na neve, jogavam bolas umas nas outras. Olhei pro céu e em silêncio, assistindo a diversão das crianças, agradeci. No horizonte as pequenas luzes brilhavam, as asas batiam como sinos ritmicamente, sorri.

As luzes nos guiaram pela floresta, caminhamos todos de mãos dadas seguindo as luzes. A casinha ficava cada vez mais longe, olhei para trás algumas vezes, me despedindo mentalmente. As crianças estavam todas felizes, estávamos finalmente indo para casa, sãos e salvos.

A risada de Baba soava na floresta, estridente, mas não assustava mais ninguém. A risada estridente, vinda da alma, cada vez mais longe. Agora conseguíamos ver no horizonte as muitas casinhas, o chão forrado de neve, os carros velhos parados na frente, as janelas mostravam a vida dentro de cada uma, lareiras aqueciam famílias. Passamos pela última fileira de árvores retorcidas e as crianças aos gritos, comemorando, saíram em disparada cada uma para sua família. Batiam nas portas de madeiras e eram atendidas pelas mães, irmãs, pais, avós e bichinhos, muitos caiam na soleira da porta aos prantos, agradecendo por terem voltado vivos e inteiros e logo entravam para se aquecer.

Parei diante da entrada da fazenda, Fred estava lá fora, completamente coberto por peles cheias de pelos e grossas para se proteger do frio, quando me viu não acreditou. Saiu correndo para dentro da casa avisando vovó Svetlana e Vovô Jaromir, que saíram aos prantos até meu encontro. Nos abraçamos na soleira, vovó me analisava em todos os cantos possíveis para conferir se estava inteira.

— Não acredito que você está de volta, Zelenka! — disse Fred, incrédulo, me abraçando com força, quase me levantando no ar.

— Zelenka, querida! — vovó me abraçava aos prantos, me segurando pelo rosto com as mãos quentes para me olhar.

— Veja só, que saudade minha filha! — Vovô Jaromir enxugava os olhos no velho lenço marrom que tirara de repente do bolso do enorme casaco.

— Você não deveria ter saído como saiu de casa, Zelenka! — vovó me repreendeu.

— Ora, fique quieta Svetlana! — resmungou vovô, incrédulo. — Poderíamos nunca mais vê-la! — lamentou. — Entre, querida! Rápido! — me puxavam para dentro, Fred trouxe um grande casado para me aquecer e vovô me serviu com uma grande caneca de chocolate quente. Sorri

— Estava com tanta saudade de vocês! — sorri, as lágrimas escorriam pelos olhos. — Vocês não vão acreditar no que... — olhei pra vovó que olhava pra mim de longe, encostada na mesa, colocou o dedo indicador nos lábios e fazendo "shh" sem que ninguém visse. — Todas as crianças estão a salvo agora.


OITO ANOS DEPOIS

— Então, crianças... — disse entregando-lhes um dos desenhos de Zarek. — É por isso que devemos preservar o meio ambiente. — A floresta sempre sente tudo o que fazemos.

BABAOnde histórias criam vida. Descubra agora