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Segure-me como se você não pudesse me deixar ir

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Segure-me como se você não pudesse me deixar ir.

Acordei pouco antes de o dia clarear completamente, nossas pernas entrelaçadas, seu braço envolvendo minha cintura possessivamente enquanto minha cabeça descansava em seu peito. Levanto um pouco o rosto e fico com o queixo apoiado em seu peito que sobe e desce com o ritmo calmo de sua respiração, o observo dormir por um tempo, seus lábios levemente entreabertos, seus olhos fechados e seus longos cílios pretos. Me mexo devagar e deixo nossa cama seguindo até o banheiro, enquanto escovo os dentes ouço o toque insistente do meu celular, corro até o quarto e pego minha bolsa rapidamente e pelo canto do olho vejo que Harry se mexeu mas não acordou. Entro novamente no banheiro e fecho a porta devagar atrás de mim, coloco o celular no balcão e ele não para de tocar, termino de escovar os dentes apressadamente e enxugo as mãos no short pegando o aparelho atendendo logo em seguida.

Sua voz me provoca arrepios, mas não dos bons. Converso o mais baixo que posso e quando encerro a ligação estou trêmula e pelo espelho noto a palidez evidente no meu rosto. Seguro com força a borda da pia puxando todo ar possível para dentro dos pulmões. Ergo e cabeça e vejo meu rosto pálido. "E agora, Lara?" Esfrego o rosto com força e me viro para sair do banheiro, mas quando abro a porta paraliso vendo que Harry estava em pé parado como se estivesse me esperando. Seus cabelos desgrenhados, cachos espalhados pelo rosto e sobre seu ombro, seus olhos apertados em minha direção, seu rosto levemente amassado pelo sono. "Você está bem Lara?" Saio do torpor para encontrar seus olhos verdes me analisando cuidadosamente. Aceno que sim, mas em seguida a ânsia me invade e levo a mão a boca para segurar o vômito e me viro rapidamente entrando no banheiro e caindo de joelhos diante do vaso. E abençoados sejam os enjoos matinais. Sinto seu corpo grande atrás de mim, Harry coloca as pernas ao lado do meu corpo, leva uma mão a minha barriga e encosta a testa abaixo da minha nuca. Seu carinho me tranquiliza mas continuo tremendo sentindo a náusea me derrubar devagar. "Amor?" Continuo buscando o ar. "Lara?" Seus carinhos se intensificam e volto a vomitar, Harry se move e pega uma toalha atrás do armário, liga a torneira ao lado do vaso e umedece o pano colocando em minha nuca.

Meu corpo treme e ele se esforça para me tranquilizar. "Vamos ao médico hum? Quero saber se está tudo bem com nosso bebê mas quero mais ainda saber se está tudo bem com você". Eu apenas concordo e me jogo devagar para trás enquanto ele abre mais as pernas para me aninhar, uma mão firmemente segurando minha barriga e com a outra ele leva o pano úmido para minha boca e me limpa devagar. "Estou nojenta Harry, isso é nojento". Me inclino rapidamente e puxo a descarga voltando em seguida para o conforto dos seus braços. Sinto seu sorriso contra minha pele. "Eu nem escovei os dentes e estou falando em cima de você, me fale sobre ser nojento". Dei risada e senti a vibração do seu riso contra mim. "Bem, é oficial então, somos um casal nojento". Seu riso para e ele me puxa mais e viro meu rosto para ele. "Sério Lara, você está bem?" Seu olhar corre por meu rosto como se estivesse buscando algum sinal de que eu estava mentindo só para correr comigo para o hospital. Sorrio diante da sua atitude zelosa para comigo. "Sim Harry, estou um pouco trêmula, mas bem". Levo minha mão ao seu rosto e faço um carinho rápido e tento me erguer, mas sou impedida por ele que levanta primeiro me puxando em seguida. Acabamos os dois escovando os dentes juntos e enquanto Harry ia ver nossa pequena eu desci as escadas para preparar nosso café da manhã.

Depois de tudo pronto coloco as coisas na mesa e espero Harry descer com Duda, nesse meio tempo meu celular toca de novo e ao ver de quem se trata já atendo sem paciência. "Eu não posso mais, estou grávida. Tente entender e me deixe em paz". Minha respiração está ofegante quando o ouço me chamar. "Amor?" Paraliso no lugar, encerro a chamada e deposito o celular na pia a minha frente me virando para encontrar meu esposo com nossa menina nos braços. Meus lábios se abrem e nada sai. Ele percebe, ele sempre percebe. Seus lábios se fecham numa linha fina, seu olhar endurece sobre mim e sou afogada numa onda de culpa ao ver que depois de tudo, posso ser eu a destruir minha família. 

"Lara..." ele fala com uma calma que eu sei que ele está longe de sentir e depois de colocar Duda sentada em sua cadeirinha se certificando de que ela está segura, se dirige a mim firmemente e para do outro lado do balcão, suas mãos seguram a borda com força, vejo os nós dos seus dedos ficarem esbranquiçados numa tentativa de controle. "Quem era no telefone?"

Nada, não consigo falar nada.

Você poderia me culpar?

Ele respira fundo e fecha os olhos, dando um aperto na ponte do nariz em um sinal claro de impaciência. "Quem era no telefone, Lara?" Repete duramente. 

Seus maxilar trava e posso perceber que ele está rangendo os dentes, mas a campainha toca e suspiro aliviada, Harry vai abrir mas não sem antes falar. "Essa conversa não acabou". 

Carla invade a casa com sua animação costumeira e lembro que ela tinha combinado de buscar Duda para passar o dia com ela, sentamos e tomamos café, eu me sentia desconfortável com a conversa inevitável que eu teria assim que ela deixasse nossa casa. Harry tornou o café descontraído, mas eu sabia que ele estava fingindo porque cada olhar que ele direcionava a mim era cheio de perguntas e uma dose pesada de raiva. E quando o momento finalmente chega, Carla deixa nossa casa com Duda nos braços eu me mantenho sentada na cadeira porque não tem mais como fugir. Harry senta diante de mim, suas pernas afastadas e descansa os cotovelos na mesa. "Então..." Gesticula para que eu comece a falar.

"Lara... só fale de uma vez. Era ele não é? Você me traiu". Respiro e o encaro com irritação. "Não Harry eu não trai, mas isso certamente faria as coisas mais fáceis para você não é?" Sua expressão amolece e eu continuo. "Eu me perdi Harry, por uns meses eu simplesmente..." abaixo a cabeça e balanço de um lado para o outro, sentindo meus fios de cabelo roçarem minha pele. "Eu sai mas não trai você. Eu fui a bares, boates, dancei, bebi". Ele me olha assustado e sua postura endurece. Levanto a mão para que ele me deixe continuar. "Antes de descobrir a gravidez, depois eu só saia por ai". Ele relaxa na cadeira e eu continuo.

"Um dia eu estava dançando e esse cara chegou em mim por trás, dançamos juntos por um tempo mas nada além disso. O cheiro que você sentiu em mim naquele dia era dele". Olho para ele que endurece a expressão e me lança um olhar recriminador. "Não o beijei, quando ele tentou me afastei, mas ele conseguiu meu número com uma garçonete do lugar que eu acabei me aproximando depois de aparecer tanto por lá". Dou um sorriso triste e volto meu olhar para ele. "Eu já sabia da gravidez aquela altura e eu.. eu simplesmente não sabia o que fazer, em como te falar e tive medo. Não era medo de você não aceitar mas um medo de...Harry, eu não sei como você conseguiu superar o que aconteceu, mas eu não e estou longe disso".

Seu olhar é doce agora, ele se aproxima e toca minha mão sobre a mesa. "Nós vamos descobrir isso juntos Lara, como sempre fizemos. Ele não vai conseguir separar a gente de novo".

Continuo parada e o acompanho com o olhar quando ele se levanta e me viro de lado para que ele consiga se abaixar diante de mim, suas mãos agora envolvem meu pescoço com carícias lentas, os movimentos dos dedos em minha pele me tranquilizam. "A gente se ama Lara, a gente tem um ao outro, nós temos isso". Sua mão vem até minha barriga e sua boca vem para a minha, Harry me beija lentamente, me mostrando através daquele beijo que eu estou segura e que não estou sozinha, não mais.

Você não pode me deixar ir, não me quebre. 

Her - (Hes)Onde histórias criam vida. Descubra agora