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20 anos

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20 anos

Nova York

Vá em frente e quebre meu coração de novo.

As luzes da rua lá fora são as únicas coisas que consigo focar com os olhos embaçados pelas lágrimas. Minha cabeça está apoiada na janela do carro enquanto Carla dirige dividindo sua atenção entre meu rosto e a estrada parando para me analisar e perguntar se eu estou bem a cada parada. Eu não consigo falar, minha garganta dói e minha boca está seca, levo os dedos aos meus lábios que ele beijou apenas há algumas horas e que agora se encontravam rachados e secos. Meus olhos ardiam por causa do ressecamento devido à quantidade insanamente absurda de lágrimas que eu derramei, me sentia tonta, fraca, enjoada, estúpida e patética.

Carla estaciona o carro, mas sou tomada por uma onda de raiva e fúria tão grande que desço antes de o carro parar totalmente, bato a porta fazendo um estrondo e caminho em direção a nossa casa com passos duros. Giro a chave destravando a porta e passeio o olhar pelos cantos encontrando apenas a luz do abajur iluminando o grande cômodo, a cozinha vazia, a luz do corredor apagada, caminho diretamente para as escadas observando as luzes acendendo atrás de mim, sinal claro que minha irmã estava fazendo o que eu deveria ter feito inicialmente. Mas eu não posso me importar menos, sigo pelo corredor e paro na porta do nosso quarto e quando coloco a mão na maçaneta abrindo a porta sua ausência é como um chute no meu peito.

Apenas com uma olhada rápida vejo que ele levou coisas além do que ele precisaria em um primeiro momento na turnê. Acendo a luz e vejo o guarda roupa aberto, poucas peças de roupa dele lá dentro, corro para nosso banheiro e vejo que ele esvaziou os armários, mas o que parte meu coração é o objeto brilhante que encontro ao lado da uma das nossas fotos, descansando no criado-mudo.

Nossa aliança de noivado.

Não sei quanto de lágrimas um ser humano pode produzir mas aprendi que é mais do que eu pensava porque não achei que seria possível chorar ainda mais. Levo uma mão a boca nunca tentativa falha de engolir o choro, minha outra mão espalma sobre meu estômago onde sinto uma dor tão forte que me desequilibra, meu corpo pende para frente mas logo sou abraçada pelo calor do corpo da minha irmã atrás do meu e então me entrego ao choro, sob sua constante proteção.

"Ele me deixou, ele fodidamente me deixou Carla". Sequer consegui dizer seu nome. "Depois de tudo, de tudo que fizemos um pelo outro, ele me deixou porra". A raiva me lava e em uma onda de fúria saio quebrando todos os quadros e porta retratos com fotos nossas. Carla fica parada acariciando o próprio ombro e me permite extravasar. Depois que não há nada mais me sento no tapete coberto por cacos de vidro e me sinto pequena, patética.

O caos ao redor era um jardim bem cuidado perto do meu caos interno, o que sua ausência fez ao meu coração na há palavras suficientes para expressar. Sentada diante do armário vazio, com uma mão na altura do meu coração suguei uma respiração funda e tremi em busca de todo ar possível apenas para chorar de novo. O olhar que minha irmã me dirigia era de pena, compaixão e era tudo que eu não queria no momento.

Her - (Hes)Onde histórias criam vida. Descubra agora