CAPÍTULO 02

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   O coração de Ramón estava a ponto de explodir de tanta raiva que estava sentindo. Uma semana havia se passado depois do ocorrido e nenhum dos dois havia se quer lembrando, mas agora que estão rosto a rosto se encarando. A conduta ética estava a ponto de ser quebrada. Ramón sorri, cinicamente.

–– Ora quem está aqui! Errou o caminho da boate? – perguntou.

–– Embora sua mente debilitada ache que só por que eu sou gay, necessariamente tenho que viver numa boate vinte e quatro horas por dia, não, eu não errei. Estou aqui fazendo minha pesquisa de campo, mas pode deixar que dedico uma linha do meu texto para você. Imagina se eu ia esquecer de enfatizar um fato raro numa sociedade tão moderna – Diego disse.

–– O que quis dizer com isso? – Ramón perguntou.

–– Resumindo, que você é um pré-histórico.

–– Escuta aqui/

–– Já vi que vocês vão se dar muito bem, não é mesmo? Diego, você pode ficar nessa mesa ao lado – Jimón aponta para a mesa ao lado da de Ramón, com poucos centímetros de distância.

–– Ah, não! Cê não pode estar falando sério. Jimón! – Ramón olha para o chefe, indignado.

–– Que foi. Medo de descobrir sua heterossexualidade abalada? – Diego provoca.

Ramón força um sorriso, mas sua intenção era realmente deixar o mais falso que podia.

–– Nem fudendo – ele responde.

–– Ótimo!

Diego senta-se na cadeira ao lado e Ramón passa a fazer o que estava fazendo, mesmo contrariado. As últimas horas no Centro de Investigação tinham sido pura chatice. Diego mal conseguira passar cinco minutos sem bocejar. A única coisa que o distraiu foi quando viu Ramón se furar com o compasso. Isso o fez rir. Ramón o olhou rapidamente, orgulhoso demais para demostrar a falha. Por um momento, Diego se perguntou como um homem tão atrapalhado como Ramón pode se mostrar tão rude e preconceituoso ao mesmo tempo.

–– Hum...

Deixou escapar ao observar Ramón e seus trejeitos. Notou o descuido com sua aparência, barba com cara de que não via uma gilete há pelo menos uma semana, mas isso não encobria sua beleza, não teve como negar. Seu corpo era esbelto e forte na medida certa, sem exageros. Ramón, finalmente acabando o mapa conceitual, notou o olhar fixo de Diego. Olha de solslaio, rapidamente, incomodado.

–– Algum problema? Perdeu alguma coisa aqui? – Ramón fala, cruzando as mãos sobre a bancada, ansioso.

Diego sorriu de lado, irônico e continuou a encará-lo com mais foco que nunca. Ramón investiu em falhas tentativas de se concentrar em seu trabalho, mas se voltou para Diego novamente, impaciente.

–– Escuta, dá pra você parar, heim?

–– Você é engraçado – disse Diego.

–– E você vai ficar sem dente – retrucou Ramón.

–– Sabe, analisando você bem, parece ser aquele tipo de cara que só dá flores para a namorada no dia oito do mês três – Diego fala e volta a digitar algo no computador.

–– Isso não é verdade!

Percebendo que Diego não lhe dá mais atenção, ele digita discretamente um lembrete no celular.

"Lembrar de dar flores a Dani".

Ramón se levanta e com um sorriso no rosto, caminha até a mesa de Diego, pondo se a frente dela e se inclinando por cima para chegar mais perto de Diego.

Fácil de Se Apaixonar (GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora