Capítulo 5

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Já passava das onze da noite, quando Harry invadiu o quarto de Louis. Ele tinha passado um bom tempo inquieto, rolando em sua cama. A vontade de beijar Louis parecia ter se solidificado e se transformado em milhões de espinhos que tornava impossível que ele continuasse deitado lá. Por isso, ele se levantou e foi ao quarto de Louis com tanta urgência que nem bateu na porta, apenas invadiu, caminhou a passos rápidos e se jogou por cima dele.

Louis não estava com sono porque estava absorto demais em sua leitura e só notou outra presença em seu quarto quando sentiu o corpo de Harry por cima do seu e o cheiro de morangos dominar o ambiente. Ele o abraçou e fez carinho em seus cabelos, manteve-se em silêncio por não querer quebrar um momento tão precioso quanto aquele.

Seus dedos se enroscaram nos cachos emaranhados e ele sentia a chama que aquecia seu peito ficando cada vez mais forte, o que era um indicativo de que a ligação das almas deles estava se solidificando. Apesar disso, ele ainda considerava Harry uma incógnita e tinha um pouco de dificuldade de ler seus sentimentos, não porque Harry não fosse transparente como água limpa. Mas porque o nervosismo e a insegurança deixavam o discernimento de Louis um pouco turvo.

"Qual o motivo disso tudo?" Louis perguntou depois de algum tempo, ao notar que Harry não diria nada e não faria nada além de ficar esfregando o nariz no seu pescoço.

"Eu estava com saudades, só isso." Harry respondeu, com a cabeça enterrada no pescoço de Louis. Dessa vez, não porque queria sentir o cheiro dele, mas porque estava sem coragem de encará-lo. Devido a isso, sua voz saiu um tanto abafada e Louis pode sentir os lábios de Harry roçarem levemente sobre sua pele, enquanto ele os movimentava para falar.

A verdade é que Harry não tinha coragem de encarar nem a si próprio, quando se tratava de confessar os sentimentos que vinham crescendo de forma desordenada em seu peito. Isso porque ele não sabia lidar com a possibilidade da paixão criar raízes e elas serem arrancadas quando ele tiver que ir embora.

Mesmo que nunca quisesse pensar no assunto, Harry sabia que chegaria um momento que ele teria que partir e era doloroso pensar em uma realidade em que ele nunca mais pudesse ver Louis. No entanto, como sempre, ele soterrou essa certeza e focou no momento porque ele ainda não havia perdido a inércia costumeira e sua falta de vontade de tomar as rédeas de sua própria vida. Logo, eles não teriam que se separar por tão cedo, exceto se Louis o expulsasse da casa.

O silêncio novamente recaiu sobre o quarto e por pouco eles não foram esmagados pelas palavras que tentavam evitar devido ao receio. Contudo, o coração de Harry bateu muito mais rápido e o coração de Louis acompanhou o ritmo porque havia muito mais por trás da saudade incontrolável proferida por Harry.

Um pensamento cruzou a mente de Louis e ele sentiu imediata vontade de reprimi-lo, porém parecia tão impossível quanto esquecer de música de comercial chato. Logo, o pensamento ia e voltava na mente de Louis como em uma vai-e-vem deixando suas mãos suadas, mas ele não as moveu do cabelo de Harry. E, enquanto ele respirava descompassado, percebeu que não seria mais capaz de se controlar e que talvez já fosse tempo de deixar um pouco mais evidente o que sentia. Até porque, mais cedo ou mais tarde, isso teria que acontecer.

"E estamos só a um quarto de distância. Imagina quando estivermos mais separados que isso..." Louis deixou as palavras saírem preguiçosamente por sua boca, enquanto abaixava o rosto para enfiar seu nariz entre os cachos cheirosos de Harry.

"Eu não quero imaginar." Harry falou e se censurou mentalmente logo depois, por estar assombrado pelo medo de ser ridicularizado caso deixasse Louis saber o que passava em seu coração. O medo da rejeição era tanto que ele preferia esconder seus sentimentos para sempre e nunca saber se era correspondido do que arriscar dizer a verdade.

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