Capítulo 4

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Harry ficou encantado com o jardim da casa de Louis desde a primeira vez que viu. De tal forma que aquele era um de seus lugares preferidos na casa. Isso porque o jardim era cercado por grama e, para que ninguém pisasse nela, tinha alguns caminhos de pedra. Havia diversos vasos espalhados com flores de todas as cores e uma mesa de concreto rodeada por quatro banquinhos. A quantidade de flores deixava o jardim com um cheiro doce e gostoso. E atraia pássaros e borboletas no verão e na primavera.

Estar em contato com a natureza e com os animais fazia com que Harry se sentisse a própria Branca de Neve. Era por isso que ele amava tanto o jardim, principalmente porque podia ouvir os passarinhos cantando. Era tão calmo e relaxante que ele passava a maior parte das tardes por ali. No entanto, era sempre nessas horas que ele sentia falta da companhia de alguém, porque o incomodava bastante ficar sozinho num lugar tão alegre quanto aquele.

Como resultado, ele passou a querer compartilhar os bons momentos no jardim com Louis. Contudo, ele sempre estava fora de casa, alegando que tinha muito trabalho. Aquela resposta não convencia Harry e foi inevitável se impedir de perguntar a respeito desse trabalho. Além disso, não era bom passar tanto tempo sozinho. Era torturante, para Harry, não ter ninguém para conversar.

Louis foi pego de surpresa no dia em que Harry perguntou se ele também trabalhava nos fins de semana e que tipo de escravidão era aquela. Ele ficou sem resposta porque deuses não seguem regras trabalhistas, apenas fazemos nossas obrigações quando temos vontade. E Louis era um dos únicos que levava tudo a sério e passava muito tempo trabalhando. No entanto, seria estranho fazer Harry acreditar que era normal que ele trabalhasse todos os dias.

Para aplacar a futura curiosidade que Harry poderia ter sobre seu emprego, Louis estabeleceu um horário e começou a segui-lo regularmente. Desse modo, seus fins de semana ficaram livres. Em um desses finais de semana com sol, Harry insistiu que ele e Louis deveriam fazer um piquenique no jardim. Eles gostaram tanto que, depois desse dia, passavam um tempo no jardim todos os domingos após a soneca da tarde.

Louis tinha plantado três árvores perto da mesa afim delas fazerem sombra no lugar em que a mesa estava. Mas, nesse dia, eles resolveram se sentar na parte ensolarada do jardim porque Harry queria sentir a luz do sol na pele. Então, estiraram uma toalha de piquenique e levaram uma cesta repleta de doces que Harry passara a manhã preparando.

"O que tem aí? Não entendi o porquê de você não ter deixado eu ver você cozinhar." Louis apontou para cesta que Harry acaba de colocar no chão. Conviver com Harry estava fazendo ele começar a apreciar a comida humana. Por isso, ele estava constantemente ansiando pela hora de comer.

Parecia que havia amor em todas as coisas que Harry fazia. E esse sentimento nunca parecera tão doce e confortável. De tal forma que, Louis já se acostumara com os rebuliços na barriga e nem estava mais com tanto medo de fazer algo errado perto de Harry. Com o tempo, ele percebeu que Harry não iria embora com qualquer mínima coisa que ele fizesse.

"Tem doces." Harry disse abraçando a cesta, em um gesto de proteção. Como se Louis fosse atacá-lo e olhar o que tinha dentro dela. "Eu não gosto de ninguém me olhando, enquanto eu cozinho. Não é nada contra você." Ele explicou, franzindo os lábios ao final.

"Ok, estou aliviado que não seja um problema comigo. Achei que era por causa da minha falta de habilidade na cozinha." Louis riu fraco e jogou a franja para cima com o intuito de tirá-la dos olhos.

Ele ainda sentia uma imensa vergonha de não conhecer muito sobre os mortais. Embora tenha passado muito tempo observando-os, ele nunca se dedicou a imitar seus hábitos. Portanto, ele não sabia fazer quase nada do que era básico para qualquer humano. E se via ficando com bochechas quentes sempre que tinha que admitir para Harry.

Behind the maskOnde histórias criam vida. Descubra agora