Capítulo 8

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A traição sempre machucou o amor. Era por isso que Louis estava sentindo dor, ele sentia fisicamente a traição e a falta de confiança de Harry. Era como se todo o seu corpo estivesse se partindo em milhões de pedacinhos, como se todos os átomos que o constituía estivessem se desintegrando aos poucos.

Ele nunca estivera tão enfermo. Ele saiu de sua casa cambaleando como um bêbado. Era como se ele fosse alguém que bebera para esquecer suas desgraças e por conseguinte não conseguisse se manter em pé ou se lembrar de quem era.

Suas asas mal ficavam abertas da forma que era necessário para que ele pudesse voar. Por isso ele mal conseguia se sustentar com elas quando voou até o Olimpo.

Ele se sentia o próprio Ícaro quando encostara perto demais do sol e perdera a capacidade de voar. Louis se sentia em queda livre, prestes a desabar em meio ao mar. E pronto para se afogar no oceano de sua decepção e perder o ar sufocado pela mágoa.

E lá no fundo de seu ser ainda existia o medo que corria se espalhava pelo seu sangue feito veneno. Ainda que Harry tenha o machucado, ele não queria que a visão de sua face tenha prejudicado o reconhecimento das duas almas gêmeas.

Louis chegou ao Olimpo e se manteve escondido de qualquer deus ou ninfa que pudesse lhe encontrar no caminho até o palácio de Afrodite. Ele não passava muito tempo naquele lugar porque o seu trabalho o obrigava a conviver com os mortais. Logo, existiam milhares de criaturas por ali que iriam querer lhe encontrar e bater um papo para matar a saudade. Mas ninguém tem saco para bater papo quando o coração estilhaço, sendo assim era compreensível que Louis não quisesse ver ninguém.

Afrodite pode parecer a pior mãe de todos os tempos e talvez ela seja. No entanto, pertencia a ela o lugar que Louis considerava o refúgio dele. E apesar de ter muito tempo que não voltava para ali, ele sabia que sempre que precisasse poderia ir até lá que sempre seria bem recebido.

Ele nunca se esquecera da aparência do palácio de sua mãe e enquanto se aproximava ia se recordando de cada sensação que o lugar lhe transmitia. As paredes de diamante roxo, embora fossem chamativas, passavam sensação de conforto e guardavam milhões de memórias de sua infância. Nenhum outro lugar o deixava com tanta sensação de segurança.

Louis caminhou pelo jardim de rosas e revirou os olhos assim que viu as pombas brancas voando para todos os lados. Elas ainda o incomodavam e faziam com que ele se lembrasse de ter pedido que Afrodite as substituíssem por cachorrinhos. Seu pedido não fora atendido, porque os humanos já haviam escolhido as pombas como animais de sua mãe. No entanto, nada tirava da cabeça dele que cachorros eram mais agradáveis.

"Mãe." Louis chamou enquanto abria as portas e entrava no palácio de Afrodite. Ele tropeçou pelo tapete que se estendia das portas até o trono dourado. Estava tão silencioso, exceto pelo som do violino e a voz de Louis ecoou por todo local

Ele não precisou chamá-la mais de uma vez, visto que a encontrou sentada em seu trono de diamantes. Afrodite estava com máscara de pepino no rosto e dois querubins fazendo suas unhas, enquanto uma touca térmica prendia seus fios de cabelo para hidratá-los. Ela parecia tão em paz que Louis não queria atrapalhá-la, entretanto ele sabia que não tinha muita escolha porque precisava da mãe.

Assim que a viu, Louis chegou ao máximo de sua exaustão. Por isso, ele não conseguiu se manter em pé e precisou de apoio. Ele encostou suas costas em uma das colunas de arquitetura jônica feita de diamante roxo como o resto das paredes. Essa ação chamou a atenção da deusa que já estava achando estranha demais a visita inesperada dele. Ela estalou os dedos, afastando os querubins porque sabia que tinha algo errado com Louis.

"O que houve, Eros?" Afrodite perguntou preocupada, assim que viu o rosto contorcido de dor do filho e o corpo fraco não se sustentando sozinho. "Como você se machucou?" Ela levantou do trono e mudou sua aparência.

Behind the maskOnde histórias criam vida. Descubra agora