Capítulo 2

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Parecia que o mundo desabaria sobre a cabeça de Harry. E, certamente, ele não se importaria de ser esmagado. Tudo estava dando errado de tal forma que o caçula Styles não se importaria de virar purpurina e desaparecer do mundo. Harry achava que ele ainda teria tempo de convencer seus pais a desistir da ideia absurda de fazê-lo casar com um velho, mas ele não poderia estar mais enganado. Aparentemente, o tempo passa mais rápido quando tem uma desgraça iminente.

Era doloroso saber que estava destinado a passar a vida do lado de um desconhecido e era nojento que esse desconhecido tivesse quase idade de ser seu avô. Ademais, casar com alguém que você mal conhece seria terrível para qualquer pessoa. E para Harry era pior, pois ele sempre sonhara com borboletas no estômago, flertes divertidos e sorrisos bobos. Ele desejava juras de amor, beijos românticos e toques quentes. Igual como acontecia nos livros que ele tanto gostava de ler.

Harry não aguentava mais chorar. Isso porque não houvera um dia que ele não tenha chorado desde que recebera a notícia. Contudo, pior do que o matrimônio indesejado era a falta de apoio dos seus irmãos. Harry nunca esperara que seus irmãos ficariam contra ele. Foi um choque quando ele ligou desesperado para Liam e Zayn contando o que estava acontecendo e estes só disseram que um casamento não era o fim do mundo.

O pior é que ele não sabia o que esperava. Talvez ele quisesse que Liam e Zayn o ajudasse a fugir ou que conversassem com seus pais e os fizesse mudar de ideia. Como nada disso aconteceu, Harry fez de tudo para evitar o matrimônio. Ele chorou, passou dias sem falar com os pais, não comia direito e mal saía do quarto. O rapaz estava completamente desesperado e enojado com a situação. E eu não vou mentir, eu também estava.

Os dias que sucederam o casamento de Zayn foram todos utilizados para planejar o casamento de Harry. Seria uma festa simples porque o velho Gherardini era bastante sovina. Isso não deixou Anne nem um pouco satisfeita, já que ela queria a melhor festa de casamento de toda a Itália. Entretanto, não havia como fazer exigências, eles já tinham conseguido muito mais do que esperavam.

Todo o dia, Harry era acordado por uma Anne sorridente, anunciando algum novo detalhe da festa que precisava ser organizado. Harry levantava com a cabeça doendo, fingindo que não tinha passado toda a noite anterior chorando. Algumas vezes, ele soltava um sorriso amarelo e fingia que aquilo tudo não era para ele. Passava os dias fingindo que não haveria casamento nenhum e que todos aqueles detalhes eram para o matrimônio de alguma outra pessoa.

Ele não se importava se seu terno seria preto ou branco. Nem com o que seria servido após a cerimônia. Ele não achava relevante quais as flores que seriam utilizadas na decoração, tampouco o significado que elas tinham.

Contudo, quando a noite chegava, parecia que todo o chão sólido que Harry pisava havia sido tirado de debaixo de seus pés e que ele estava caindo em um abismo sem fim. Ele liberava um choro tão forte e desesperado que causava ânsia de vômito. Ficava totalmente perdido olhando para o escuro de seu quarto sem saber o que fazer e sem sentir sono algum.

Vagava no cômodo se sentindo como a Rapunzel presa na torre. Algumas vezes, abria a janela do quarto porque o ambiente se tornava sufocante e ele precisava de um pouco de ar fresco. Ele olhava para o céu estrelado e devaneava que o amor de sua vida apareceria na janela e fugiria com ele para algum país distante. Ou pensava que ele teria coragem de ir embora enquanto todos ainda dormiam. Pegaria uma mochila com poucas roupas e deixaria aquela casa para sempre. Entretanto, recobrava sua racionalidade em pouco tempo e voltava para a realidade em que ele não tinha dinheiro. E nem poderia roubar um dos carros da família porque não sabia dirigir.

No dia do casamento, Harry parecia que estava indo para um enterro. Ele estava consideravelmente mais magro, havia manchas roxas embaixo de seus olhos, seu cabelo estava sem brilho. Mas, acima de tudo, Harry estava oco. Já não tinha mais força para derramar lágrimas ou para implorar que não o submetessem a isso. Ignorava a falta de apoio das pessoas que deveriam cuidar do seu bem-estar. E tentava colocar em sua cabeça que todas as pessoas faziam sacrifícios na vida.

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