Não houve muita conversa entre os três no caminho até a casa dos Navarro. Apesar dos protestos de Jonas, Sara voltou para a classe buscar suas coisas e avisar os colegas do grupo que não poderia apresentar o trabalho, o professor sugeriu mudarem o dia da apresentação. "Como se você ainda fosse estar aqui na semana que vem" ela pensou, mas concordou com a mudança de data.
Foram todos sentados no banco da frente da van com Sara entre Jonas que dirigia e Camila na janela. Sara mandou uma mensagem para as amigas e inventou uma desculpa para justificar sua ausência no almoço. Foi só quando guardou o celular que se incomodou com o silêncio. Não ter o que fazer exigia que ela pensasse em seu pai e essa era a última coisa que ela queria agora. Sara batucou nas pernas, tentou ligar o rádio até perceber que não funcionava então viu dois muffins em cima do painel.
– Esses bolinhos são para alguma comemoração especial?
– Era pra ser... – Jonas resmungou sem tirar os olhos da rua.
– Então... – Ela hesitou em pedir – Posso comer?
– Pode pegar o meu. – disse Camila sem olha-la.
Sara deu uma mordida e se pegou olhando para Camila. Ela olhava pela janela com o rosto apoiado em uma das mãos, com o vento Sara pode sentir a fragrância do cabelo de Camila era um cheiro doce que ela não conseguiu identificar. Deu outra mordida no doce quando se imaginou, mais uma vez, tirando o boné dela para poder ter uma visão melhor do seu rosto. Sara não sabia dizer por quanto tempo olhava ela, mas foi o suficiente para Camila se virar e encara-la de volta.
Foi nesse momento que Sara percebeu a dualidade na personalidade de Camila. Quando estava séria seu semblante podia ser descrito por qualquer outro como amedrontador ou misterioso, mas para Sara seus olhos negros e lábios bem desenhados eram muito sexy. Então, quando Camila sorriu e apareceram as duas covinhas em sua bochecha era como olhar uma criança pega no flagra fazendo travessura. Era intrigante para Sara como Camila ia de sexy a fofa em um instante. Sara não percebeu que estava sorrindo até Camila dizer:
– Tem uma coisa no seu nariz.
Levou alguns segundos para Sara entender o que ela disse e limpou o nariz com as costas das mãos.
– O que eu faço agora? – perguntou Jonas alheio ao que aconteceu.
– Vira à direita – Camila e Sara disseram ao mesmo tempo.
Sara olhou para Camila se perguntado como ela sabia o endereço de sua casa e Camila simplesmente deu de ombros e voltou a olhar pela janela.
A casa da família Navarro por fora não era muito diferente de todas as outras daquela vizinhança, tinha dois andares e em alguns lugares no telhado dava para ver o teto solar. As janelas eram grandes e com vidros temperado fume, o único indicio de que quem planejou morar ali queria ter seus assuntos reservados. Fora isso, para um criminoso de renome não tinha nada de luxuoso. Sara abriu o portão com o controle remoto que estava em sua bolsa e entrou, só percebeu que Jonas e Camila não a seguiram quando estava na metade do caminho.
– O que foi?
– A gente precisa de permissão. – disse Camila.
Sara riu e olhou os dois.
– O que, vocês são vampiros por acaso?
Eles não se mexeram, Jonas estava teclando no celular outra vez e Camila não tirou os olhos da tela.
– Tudo bem, vocês têm minha permissão... Só por favor não me matem no carpete novo da Andreia.
– Não a sua permissão. – disse Jonas levantando o celular.
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Quebrando regras
RomanceSara Navarro vive uma vida normal de estudante na faculdade, ela quase nunca tem notícias do pai e mal o conhece. É só quando Camila, uma misteriosa agente recém-contratada da policia secreta aparece em sua vida que Sara descobre a verdadeira identi...