Um lembrete ruim

346 24 0
                                    


Eu poderia te culpar por me tirar da minha zona de conforto, mas no nosso caso, eu corri sozinha pro abismo. Eu quis deixar de lado minha descrença nessa coisa toda de amor porque seus olhos castanhos brilhavam. Que puta estupidez, por causa de uma falsa luz me deixei cegar. Quando eu estava perto de você os outros pareciam tão estúpidos e eu só conseguia te admirar, fazendo o papel da garotinha boba que eu nunca fui, desejava que você me quisesse pra tua menina como quem anseia uma tempestade no deserto.
Me confundia quando nos beijávamos porque você causava curto circuito em todos meus mecanismos de defesa que sempre me protegeram tão bem. Eu não via mais nada, era só seu beijo, seu sorriso e o quanto sua risada me fazia querer sorrir também. Eu me achava ridícula toda vez que você se despedia de mim com um beijo na testa, depois de um beijo completamente despudorado porque eu tinha vontade de sair gritando pra todo mundo que eu estava apaixonada, que eu era sua e que você me fazia florescer.
A primeira vez que você a citou em uma das nossas conversas, disfarcei ao engolir seco, mas minha saliva era veneno que me queimava por dentro, por fora eu sorri e disse algo descontraído que não faço a mínima ideia do que era, devia ser algo mostrando o quanto eu não me importava de você ainda pensar nela porque eu nem sequer te considerava nada. Ali eu soube que você não era meu.
Depois você nem precisava citar, ela estava presente no seu olhar vago, nas coisas que eu sabia que lembravam ela, mas você fazia questão de manter, em como você não conseguia avançar um passo na nossa história e na questão que fazia que fosse casual. Eu nem te sentia ali, mas o encanto não acabava, quanto mais distante você parecia mais me tirava o sossego.
Eu te queria tanto, mas a verdade é que nunca fui menina de ninguém e como mulher que era, te dei a minha indiferença, fingi que não doeu, só pra não te ver me preterir e correr para os braços dela, como você fez pouco tempo depois e enquanto você chove de amores por outra, a seca aqui dentro continua matando as flores esquecidas.
Mas você nunca vai saber, o quanto te desejei será apenas um lembrete para não me encantar novamente por quem não está presente.

Tudo que restou do nosso infinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora