Eu te amei tanto que até aprendi tocar violão pra poder compor uns versos tristes sobre você. O fato é que nunca consegui manter esse amor em silêncio, sempre foi necessário gritar a todos pulmões porque se não me sufocava. Mas o meu som sempre chegou muito baixo em seus ouvidos ou você fazia questão de ser impermeável, enquanto eu me desgastava tentando te fazer notar o que era óbvio: eu não sabia viver sem você.
Eu chorei com você naquele dia que me olhou com os olhos marejados dizendo que era uma rua sem saída e que eu deveria me manter longe. Mas eu quebraria suas paredes por você, tá legal? Eu construiria um trator e passaria por cima de qualquer obstáculo pra chegar em ti, mesmo não entendendo nada de engenharia mecânica, eu entendia de amor e de loucura. E um amor louco toma medidas desesperadas. Ao mesmo tempo eu também me manteria longe pra não me machucar se eu pudesse, sabe? O problema é que eu nunca tive opção quando o assunto era você. Arrisquei todos meus sentimentos tentando te desarmar. Mas era você que sempre detonava. Seu pavio de pólvora sempre foi curto pra mim e não era ninguém além de você que me explodia. E detonava qualquer coisa que tivéssemos construindo.
Ontem passei um dia todinho sem pensar em você. A noite eu parei pra comemorar este marco aí acabei pensando em você de novo, recapitulando momentos, tentando não sorrir ao lembrar de como seu sorriso sempre começava do lado esquerdo e como você gostava daquela blusa velha do Mickey. Tentei desviar de procurar o exato momento em que tudo começou a desmoronar entre a gente e acabei percebendo que nossa história foi plantada desde o começo em um solo infértil, foi ali meu erro, sempre aprendi que a gente colhe o que planta, eu plantei amor e rezei pra colher isso de você, mas não quis enxergar que se deve olhar onde se planta também. Seu coração estava fechado, a cabeça estava longe dali, eu tentei te abrir, te chamar... Não foi sua culpa que não pode atender, nem minha culpa que não pude evitar de ser atraído pra você. Você se enganou, você nunca foi rua sem saída, você era labirinto, eu me perdi tentando te encontrar, mas nem você sabia onde estava. E nunca rezou pra que te encontrassem.
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Tudo que restou do nosso infinito
Kısa HikayeDa magia dos primeiros beijos à amargura dos finais: o que resta do infinito que vivemos? Um livro de crônicas que tenta registrar em palavras o que sobra das coisas que duram para sempre em nossos corações.