The Society

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Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, meu corpo havia  simplesmente parado de funcionar. Jeon tinha me encontrado e, naquele momento, eu só conseguia pensar no que ele iria fazer comigo... me matar, me esquartejar, me matar e esquartejar!

Talvez a última alternativa!

Sabia que havia algo de errado com esse velho estranho, com certeza ele deve ter entrado em contato com Jungkook enquanto estava naquela sala, e não com a polícia. Eu deveria ter fugido e tentado achar outra forma de pedir ajuda, mas agora era tarde demais. Talvez esses estivesses sendo meus últimos pensamentos...

- O que você está esperando, vamos embora!
- Jeon quebrou o silêncio arrepiante que pairava o ambiente.

Não corri, não gritei, nem neguei sua ordem, a única coisa que consegui fazer foi obedecê-lo, foi como um piloto automático. Eu não estava interessado em saber até onde a paciência que eu sabia que ele estava se forçando a ter iria chegar, por isso, não o reivindiquei. Me levantei lentamente da cadeira onde estava sentado, lutando internamente para não desmaiar ali mesmo, e segui de cabeça baixa até ficar frente a frente com ele, que apenas proferiu, quase em sussurros:

- Tão esperto e tão burro. - Permaneci olhando para baixo, sem sequer mexer um músculo do meu corpo.

Ele agradeceu ao senhor por ter cuidado de mim enquanto ele não chegava e então tirou algumas notas da carteira, cerca de 600.000 wons (2.000 reais) e colocou nas mãos ásperas do velho.

Saímos da conveniência e andamos em silêncio até o carro, fui em direção à porta de trás, mas antes que eu pudesse segurar o trinco, as mãos gélidas de Jungkook se fizeram presente em meu pulso, os puxando e me guiando para o banco do passageiro da frente. Novamente sem dar sequer uma palavra.

Após entrarmos no carro e darmos início à corrida, o silêncio ainda se estendeu por mais alguns minutos até que Jeon resolveu me indagar.

- Você deve estar se perguntando o porquê  daquele velho ter me ligado e contado que você estava lá não é? - Escutei, porém não lhe dei nenhuma resposta. Apenas permaneci observando minhas mãos pousadas sobre minhas coxas.

- E se eu te dissesse que você o conhece?
- Automaticamente, meus olhos, juntos à um semblante de confusão, encontraram os seus. Eu nunca havia visto aquele homem, seria impossível eu conhecê-lo.

- Vou te contar uma história... - Ele disse enquanto exibia um pequeno sorriso.











- Você sabe quem é "The Judge" não é?

- Aquele serial killer que torturava as vítimas de acordo com o nível de "pecado" que elas haviam cometido? - Perguntei duvidoso.

- Esse mesmo! Ele era o maior serial killer da Coréia do Sul e estava entre os dez mais perigosos do mundo. Você recorda sobre o que ele mais falava nas entrevistas que deu enquanto estava preso?

- Sim, e quem não lembra?! Aquele sociopata vivia dizendo que um dia conseguiria sair da prisão e construiria uma "nova sociedade" para pessoas que, como ele, são "injustiçadas" pela sociedade pecadora por deterem desejos diferentes dos desejos das outras pessoas.

- Você sabe que ele fugiu da prisão não é?

- Sim, e está até hoje foragido, dez anos depois de ter fugido. - Falei decepcionado.

- E se eu te dissesse que ele conseguiu realizar seu desejo? - Jungkook olhou para mim por alguns segundos sorrindo, voltando sua atenção para a estrada logo depois.

- C-Como assim? - Me ajustei no banco em sinal de nervosismo.

- Isso mesmo! Ele conseguiu construir sua nova sociedade e estamos em seu interior nesse exato momento!

- Jungkook... você está ficando louco?
- Eu lutava para que as palavras saíssem da minha garganta.

- Claro que não! Nós moramos num condomínio especial, construído pelo grande The Judge. Também conhecido aqui no condomínio como Dak-ho, seu nome verdadeiro.
- Ele mora a três casas da nossa mas não passa muito tempo lá, prefere ficar em sua "conveniência", que por acaso também é seu matadouro.

- E-Então aquele v-velho... ERA ELE?!
- A angústia me consumiu por inteiro e eu acabei gritando de desespero.

- Sim, e você tem sorte de ainda estar vivo, porque Dak-ho não é muito fã de fugitivos. Ainda bem que ele gosta de mim e decidiu te devolver! Se não fosse isso, você poderia nem estar aqui agora! - A tranquilidade na qual se falava aquilo me assustava.
- E outra coisa, ainda bem que você correu para a floresta, porque nem consigo imaginar o que nossos vizinhos poderiam fazer ao ver uma garoto como você andando sozinho pelas ruas.

Acabei de perceber que eu estou realmente no inferno, cercado de demônios e de coisas ruins, sem saída e sem qualquer forma de ajuda. Fugir não será  mais uma opção, até porque, sinto que ficarei mais seguro caso permaneça dentro da casa sem por os pés na rua.


- Chegamos, agora você está a salvo do perigo exterior, mas sinto muito, eu precisarei te ensinar que aqui é o melhor lugar que você poderia estar para que mais nunca situações como essa voltem a acontecer.

The kidnap (Jikook) Onde histórias criam vida. Descubra agora