QUATORZE

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Bonnie


Enquanto eu forçava minha mente a reconhecer Elijah, meu corpo parecia feito de gelo. Minhas células clamavam por Niklaus.


Algo que jamais tinha me acontecido.


Me afastei dele tentando disfarçar o desinteresse que me acometeu durante o beijo.


"Quer saber, faz tempo que não te vejo tão relaxado assim, podemos ficar mais um pouco." Falei acariciando o rosto dele. Ele merecia esse tempo em paz.


"Tem certeza, podemos ir se você prefere." Ele disse atencioso.


Elijah era muitas coisas, mas um de seus traços mais marcantes era a diplomacia. E então ele se viu em um salão com várias espécies disponíveis a dialogar, novas alianças pareciam um atrativo muito maior do que ficar de olho em mim naquele momento.


"Tenho certeza. Volte para suas conversas que eu vou comer alguma coisa." Disse sorrindo.


Ele beijou minha mão e juntos voltamos ao salão.


Me distrai da patética situação em que estava enquanto degustei alguns canapés.


Uma jovem se aproximou de mim no bar, parou o garçom e nos serviu de duas taças de champanhe. "Ele pediu que fosse até o estúdio." Ela disse de maneira quase robótica, eu ia dizer que era um engano, pois eu não a conhecia quando percebi que ela estava sob compulsão.


Na mesma hora meu coração disparou, senti a boca secar e olhei nervosamente para os lados.


"Eu não poso." Falei mais para mim do que para ela.


"Eu sou seu álibi." A jovem respondeu automaticamente.


Niklaus era um maldito manipulador... e eu só conseguia pensar nele.


A garota se levantou e andou em direção às escadas e então tomei a decisão de ir junto. Que mal poderia fazer trocar com ele algumas palavras?


Ela sorria para mim e andávamos juntas, se alguém olhasse de longe, pensaria que éramos amigas aproveitando uma festa.


Meu coração parecia que sairia pela boca quando ficamos de frente para o estúdio. Eu queria apenas vê-lo, falar com ele, tentar amenizar a saudade. Mas tinha consciência de que as coisas poderiam sair do meu controle em um piscar de olhos.


Enquanto encarávamos a porta eu dei um passo para trás, decidida a correr dali, mas a garota deu um passo para a frente e abriu a porta.


O cheiro de tinta, bourbon e o que quer que fosse o delicioso perfume dele, me atingiram. Nem percebi quando inspirei profundamente buscando mais daquelas lembranças.


Quase hipnoticamente eu entrei no quarto. Aquela luz sempre baixa de quem enxerga perfeitamente no mais absoluto breu. O jazz que tocava no quarto era muito mais agradável do que a música da festa.


"Oi, amor." A voz dele surgiu me causando arrepios. Ouvi a porta se fechar atrás de mim, olhei para trás e vi que a garota estava lá, parada do lado de dentro do estúdio.


"Alana, pode se sentar." Ele disse com um sorriso. A garota foi até o canto da sala e sentou-se em uma cadeira que ficava de costas para nós.


"Não sabia se você viria." Ele falou me oferecendo um copo com bourbon. Eu recusei apenas para não deixar que ele visse minhas mãos trêmulas.


Mais que uma garota! - KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora