DOZE

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Bonnie

Elijah e eu estamos... bem.

Basicamente passamos os dias juntos. Exceto quando um de seus irmãos precisa dele.

É tão estranho. Nós não falamos sobre Niklaus, nunca. Entretanto eu sei por Rebekah que os dois mal se falam, e quando precisam trocar algumas palavras o clima é tenso e desconfortável.

Eu me sinto culpada, em alguma medida me envolvi entre eles, e isso ocasionou o rompimento. Rebekah jura que eles já tiveram momentos muito piores, e que eventualmente fazem as pazes, mas não consigo ignorar o desconforto da situação.

Se eu dissesse que não sinto falta de Nik estaria mentindo. Não é necessariamente uma falta física. À sua presença é sempre tão intensa que eu pareço ansiar por estar perto dele. Às vezes, enquanto ando pela cidade posso sentir sua aura, é algo incomum, único. Mas em todos esses meses eu nunca o encontrei.

Tento não pensar que ele esteja me observando, ainda assim minha vaidade não me permite ficar alheia às sensações que experimento ao circular pela cidade.

Vincent tem sido um bom amigo e me ensinado muito sobre a magia ancestral daqui, e eu me sinto completa praticando magia todos os dias. Na verdade essa é uma das coisas mais legais que aprendi neste período. Não preciso invocar minha magia como se girasse uma chave de liga e desliga, ela passou a ser tão natural, que está em cada gesto meu. Nos detalhes, ela flui por mim com uma sincronia que eu jamais imaginei experimentar. Vincent acha graça no meu deslumbramento, é como se eu descobrisse o que é ser bruxa só agora, enquanto ele cresceu aprendendo a lidar com seus poderes como se estivesse aprendendo a andar ou falar.

É libertador.

Liberdade é uma palavra que eu venho desfrutando pouco ultimamente. À medida que Elijah é incrível e eu esteja feliz namorando com ele, ele também se mostra ciumento, e pior, tem ciúmes da própria sombra. Kol deixou escapar uma vez que a tal sombra de quem ele tem medo é Nik, mas ele nunca diz, apenas paira sobre mim, controlando meus passos, monitorado o que eu faço.

No começo não me incomodou, eu achei que era questão de tempo até ele estar mais seguro.

Mas as coisas parecem piorar aos poucos.

Ainda mais agora. Rebekah decidiu dar uma festa, e ela tem tomado muito meu tempo, eu estou adorando, é uma distração incrível, ela é divertida, mas a preocupação de Elijah é a festa que acontecerá no complexo.

"Você vai sair?" Elijah pergunta pela manhã enquanto me arrumo. "Vou comprar algumas coisas na loja de magia da Kate, depois vou encontrar Rebekah." Respondo sem muita paciência, detesto a maneira como ele me cobra satisfação, é perceptível que ele está controlando meus passos.

"Você tem passado muito tempo no complexo, vai ser inevitável encontrá-lo." Ele me repreende.

"Nik tem me evitado, se isso te deixa mais tranquilo. De qualquer forma, nós o veremos na festa, e espero que não seja um problema." Já deixo avisado, só me faltava Elijah fazer uma cena de ciúmes.

"Devo ficar grato a ele então, por estar te evitando?" Ele murmura.

"O que isso quer dizer?" Pergunto.

"Se Niklaus não estivesse te evitando provavelmente seriam amigos." Ele responde sério.

"E o que teria de errado nisso?" Questiono irritada.

"Você só pode estar brincando." Ele diz indo até o closet.

"O único motivo para Nik e eu nos afastarmos foi seu ciúme, caso contrário nós poderíamos sim manter a amizade." Digo com veneno na voz. Elijah se vira para me olhar e sua raiva é palpável.

"Você faz de propósito. Mantém ele entre nós. Meu irmão parece um fantasma pairando sobre a gente." Ele acusa.

"É você quem faz questão de me lembrar dele o tempo todo. Sua paranóia é o verdadeiro fantasma." Rebato. Essa é nossa primeira briga, geralmente os desentendimentos não são levados a ferro e fogo, costumam ser assuntos bobos que são resolvidos na cama. Mas agora é diferente, nenhum de nós quer ceder.

"Admita Bonnie, você tem inventado desculpas para cruzar meu irmão pela cidade, frequenta os bares que ele frequenta, visita Rebekah no complexo mais vezes do que posso me lembrar. Isso sem falar nos passeios matinais que você passou a dar no Boulevard, onde por coincidência meu irmão costuma pintar." Ele diz com um brilho de raiva nos olhos.

"Você está vigiando meus passos e fazendo suposições. Não vou aceitar essas insinuações, Elijah." Rebato com raiva. Em pensar que eu cheguei a achar que sua preocupação era zelo.

"Eu não estou insinuando, é visível que você fez uma escolha e se arrepende. Sente falta de Niklaus e deixa isso claro para mim a cada dia que passa." Ele diz diminuindo o tom de voz.

Agora ele parece surpreendentemente triste.

"Você está supondo. Tudo bem, ainda que eu sinta falta dele, em nenhum momento eu disse a você ou deixei transparecer que eu estou arrependida. Uma coisa não depende da outra." Falei também diminuindo o tom de briga. Andei até Elijah e o fiz me encarar.

"Eu te amo, Elijah." Disse me certificando de que ele lembrava bem disso.

Ele concordou com um aceno de cabeça e se aproximou me pegando pela cintura. "Também te amo." Disse suspirado e tocando nossas testas, não demorou para me beijar com paixão.

Os lábios que me dominavam estavam ali, demonstrando certo receio no início. Mas ganhando intensidade conforme eu correspondia.

Eu não via a hora de Elijah superar o fantasma de Niklaus. Isso não estava nos ajudando em nada, e essa cobrança nos distanciava, e nos causava mais desencontros.

Eu saí para cumprir minhas tarefas e deixei um original muito quieto para trás.

Entrei no complexo já vendo certa movimentação. Rebekah era perfeccionista e mandou instalar ar condicionado e luzes extras por todo salão principal.

"Que bom que você chegou! Não vejo a hora de provar o vestido que separei para você." Rebekah disse com uma prancheta na mão e uma animação contagiante. Uma pontada de melancolia me atingiu quando me lembrei do jeito controlador de Caroline.


"Estou mesmo precisando me distrair. Seu irmão está me enlouquecendo." Me queixei revirado os olhos. Rebekah soltou uma risada alta e atou o braço ao meu indo em direção ao seu quarto.

"E você achado que ficou com o irmão menos complicado." Ela debochou.

Mais que uma garota! - KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora