Um problema a menos, um a mais

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-Então você sabia disso o tempo todo?-perguntou Troy.

Nós tínhamos acabado de explicar o que tinha acontecido desde meu quase afogamento até aquele momento. Os garotos fizeram o favor de colocarem suas camisetas de volta. Seth continuava a segurar minha mão. Troy agora sabia de tudo, e, mesmo feliz, tinha ficado um pouco desapontado por eu saber de tudo bem antes dele.

-Bem, meninos, acho que temos que leva-lo para conhecer o papai.

Leona guiava, enquanto os três garotos seguiam-na. Eu e Seth ficamos mais para trás. Eu lhe perguntei se havia a mais remota possibilidade de Key não aprovar Troy. Seth deu de ombros, e me assegurou que ele e Leona iriam protege-lo, assim como fariam comigo. Nessa ultima parte, ele sorriu.

Quando chegamos ao rio, os meio felinos fizeram como na última vez que eu havia estado em seu território: Seth me colocou em suas costas, e pulou. Porem, dessa vez, Troy também fez a mesma coisa, nas costas de Kuna. Hine pulou ao lado do irmão, caso este precisasse de ajuda. Leona foi logo atrás, e foi a única de todos que teve uma aterrizagem segura e confortável.

Ela estava agindo diferente. Andava mais ereta, com o estilo de uma líder. Eu corri até ela, e Leona sorriu para mim, como que dizendo "Lá vamos nós, de novo". Então, nós duas entramos na clareira. Mira estava deitada de costas para cima, uma perna dobrada e a outra esticada. Seu top natural estava brilhando, molhado, a luz do sol. Os filhotes se sacudiam para se secarem. Eles deviam ter acabado de tomar banho. Larabia estava toda ensanguentada e, quando quase liguei para os primeiros socorros, percebi que estava tirando a pele de um veado. Havia caçado-o.

Tuna brotou ao lado de Leona, o sorriso travesso lhe iluminando o rosto. Kuna e Hine, que estavam logo atrás de nós, empurarram o irmão para longe de mim e de Leona. Seus rostos tinham um aspecto sério forçado. Então, com reverências exageradas, guiaram Seth até mim. Tuna olhava tudo sem entender muito bem.

Troy apareceu logo atrás, sorrindo enquanto seu cérebro tirava fotografias mentais de todo o espaço. Key saiu de sua toca, ainda vestindo a camiseta. Eu me pus ao lado de Troy, me preparando para sair correndo. Não me julgue mal, eu morria de medo de Key.

O meio leão andou até nós, e baixou os olhos para mim. Eu fiz o mesmo. Quase havia me esquecido de que era assim que eles se cumprimentavam. Então, Key olhou para Troy, e suspirou longamente. Acho que havia se cansado de se meter com humanos. O meio leão pediu para que Troy o acompanhasse, e Leona os seguiu. Eu ainda conseguia ouvir as engrenagens da cabeça de Troy enquanto ele se distanciava.

Seth parou ao meu lado. Ele era pelo menos uma cabeça mais alto do que eu, mas isso não importava. Então, ele se sentou no chão, com perna de índio. Eu me ajoelhei ao lado dele, e descansei minha cabeça em seu ombro.

-Desde quando os dois pombinhos estão tão próximos?- Mira perguntou.

Levou alguns segundos para que eu compreendesse que era comigo.

-Ah. Eu...nós... Enfim. Sei lá.

Minha resposta saiu mais embolada, para variar, e eu corei. Mira olhou para Seth. Ele estava ereto, mas mais baixo que a irmã, já que a garota apenas estava abaixada.

-Seth, seu sumisso tem a ver com isso?

Seth sorriu, e se levantou. Mira só percebeu que ele pensava em ataca-la tarde demais. Os dois rolaram pelo chão, entre risos e gunidos. Percebi, emfim, que a brincadeira de lutinha era a favorita dos felinos.

-Ah! Então vocês dois ficaram juntinhos, no quarto dela? Que meiguice!- provocava Mira, tentando se defender do irmão.

Tuna estava olhando para eles, e então caiu a ficha para ele. Eu percebi esse pequeno fato pois ele a) ficou vermelho (de raiva, acho), e b), quando Seth conseguiu se ajoelhar em cima de Mira, imobilizando-a, Tuna o derrubou bruscamente. Percebi que os dois não estavam brincando quando Kuna e Hine correram até lá, tentando separa-los.

Coisa de gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora