Eles...

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Nunca se sabe, não?

Ao que parecia, não havia lugar nenhum que fizesse Leona e Troy pararem de se irritar. E foi por isso que aquela semana foi super legal. Kuna e Hine estavam meio cabisbaixos, e não era para menos. A preocupação com Tuna pesava bem mais neles. Mas Troy não se deixava abater. Ele tentava de todas as formas fazer com que todos rissem. Talvez preferisse rir do que chorar.

Seth estava se recuperando rápido de seu arranhão. Ninguém podia encostar em suas costas mas, tirando isso, estava bem melhor.

Meus pais haviam deixado eu ir para a "casa" dos meio felinos, desde que eu dormisse no "quarto" das meninas. Pois é. Leona tinha me falado que eu dormiria lá. Mais uma noite perto de Seth.

Quando chegou sexta de manhã, eu pulei de cama, repetindo "É hoje, é hoje". OK, aquilo foi loucura, mas eu não via a hora de reencontrar meus amigos. Então, engolhi meu café, e peguei minha mala escolar e a outra, de viajem. Meu pai me deu uma carona para a escola, porque eu tinha muita coisa para carregar. Quando cheguei, enfiei a mala com as roupas no armário e fui para a aula de desenho geométrico.

O sinal para a aula não tinha batido, então eu havia chegado cedo. Encontrei, na sala, Troy, Leona (ferrou!) e Hine. Ele estava com a cabeça deitada sobre a mesa. Ao seu lado, Leona sorria para Troy, enquanto ele contava algo.

-Mik! Você chegou!- Troy piscou para mim, como que completando "Olha o que eu vou aprontar agora".

Então, ele pegou a cintura de Leona e, quase que na velocidade da luz, lhe deu um beijo "The flash".

Bem, digamos que ele tinha tentado fazer isso a semana inteira. Os dois tinham ficado mais próximos desde que Troy visitara a clareira dos meio felinos. Na real, ele nunca tinha ficado com ninguém, então percebi que aquilo exigiu muita coragem dele.

Leona cobriu a boca com a mão, e eu lembrei de um pequeno detalhe. Os lábios dela.

Troy, que estava sentado na mesa, quase caiu. Eu acho que o efeito não fora tão intenso nele porque foi só um selinho, e ele estava descansado. Leona observou a cara de espanto dele, e correu para o fundo da sala. Eu me sentei ao lado dela, e Troy despencou para a sua cadeira. Pelo menos ele não desmaiou.

Os alunos chegaram logo depois, e a aula comessou.

No almoço, Troy estava normal. Um pouco assustado pelo efeito dos lábios, mas normal. Leona foi para o banheiro, não para usa-lo como se usa, e eu a segui. Ela se apoiou na pia, e olhou seu reflexo.

-Leona? Você está bem?

-Mik, como foi? Seu beijo? Sabe, com Seth.

Aquela pergunta me pegou de surpresa, mas eu descrevi aquela noite para ela de novo. No final da historia, ela voltou sua atenção para seu reflexo. Percebi que estava comparando-o com o meu.

-Leona, não somos tão diferentes. Você é a irmã que eu nunca tive. E o beijo...não é tão ruim quanto você acha.

No fim da aula, Leona puxou Troy para um canto, e comessou a conversar com ele. Mas, desta vez, os dois estavam muito sérios. Eu fui para meu armário, e peguei minhas coisas. Seth me acompanhou, e perguntou o que tinha acontecido com a irmã. Eu não contei. Achava que, se alguém fosse contar algo, esse alguem seria Leona ou Troy.

No final, encontramo-os, junto a Hine e Kuna, na entrada da floresta. Percebi que ir para onde eles viviam estava se tornando um habito.

Então, comessamos a caminhar.

Leona me ajudava com a minha mala, e Kuna ajudava Troy. Hine tinha que carregar as coisas de Seth, por causa do machucado. Ele ficou vermelho quando se deu conta de que eu havia percebido isso, mas não podia fazer nada.

Coisa de gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora