Aguentem firme mais um pouco

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Os meio felinos tiveram suas mãos amarradas em suas costas. Eu fui escoltada por Ben, enquanto Troy era acompanhado por Brett. Meus pais estavam no meio da multidão, e, quando me viram, correram ao meu encontro.

-Filha, o que está acontecendo, querida?-perguntou minha mãe.

-Lembra o Seth? Descobriram uma verdade sobre ele e sua familia. Agora vão mata-los!

Quando chegamos a praça, os meio felinos foram enfileirados e ajoelhados a força. Leona estava mais ou menos consciente. O diretor andava arrogantemente de um lado para o outro, decidindo quem iria matar primeiro. Meu pai o chamou para um canto e perguntou se aquilo era realmente necessário. O diretor respondeu com outra pergunta.

-Deus sabe o que essas criaturas podem fazer, não?

Então, me toquei. A população tinha medo do diferente. Era por isso que queriam os meio felinos mortos. E era por isso que o diretor era o herói. O diretor começou seu espetáculo. Ele disse que caçava para proteger a cidade dos animais selvagens, e que as feras matavam pessoas como nós sem dó nem piedade. Então falou que os mutantes atrás dele podiam apresentar um perigo jamais visto antes. Finalizou falando que teria que mata-los pelo bem da sociedade e do mundo. Essa ultima frase foi recebida com vivas.

-Mas não somos nós que controlamos essa gente com palavras! E mentiras...- murmurou Tuna.

-Quieto!- gritou o diretor, e disparou uma bala no peito do meio tigre. Tuna se encolheu, e Mira, que estava ao seu lado, encostou sua cabeça na dele e começou a chorar, repetindo o nome do meio irmão.

-Dave, minha vez de falar!-berrei.

Eu corri para onde o diretor estava, e abracei Tuna. Minhas mãos e braços ficaram cobertos de sangue. Ele estava morrendo. Isso eu não iria aguentar. Então, com lagrimas nos olhos, comecei.

-As "feras" matam sem dó nem piedade? Olhem isso! Olhem o que ele acabou de fazer.-apontei para o diretor- Tuna era meu amigo! Ele era um dos meus melhores amigos! Acho que vocês não sabem a historia deles, não é? Eu vou contar!

E contei. Contei que eles vieram da África porquê estavam sendo massacrados. Contei que dependiam uns dos outros para sobreviver. Contei tudo o que sabia. No final, não aguentei mais e comecei a chorar.

-Eles sentem tanto quanto nós! Imaginem-se no lugar deles! Temendo cada esquina porque lá pode haver uma arma pronta para arrancar-lhes a vida. Os animais, as feras, somos nós! Nós matamos sem dó nem piedade. E, agora, a vida dos últimos da especie deles depende do julgamento de vocês. Depende se vocês vão ou não mandar o suposto herói de vocês, o diretor, baixar a arma! Uma grande parte deles é humana, igual a vocês. Vão deixar que eles morram?

Eu esperei, para ver a reação deles. Então, percebi uma câmera me gravando. Parecia algum telejornal que mandou meu discurso para o mundo inteiro. Melhor ainda!

Depois de alguns segundos, meu pai gritou "abaixe a arma, Dave!". Então, minha mãe repetiu. Depois, meus vizinhos. Logo, todos gritavam para que o diretor abaixasse a arma. A polícia, ciente de seu trabalho, algemou o diretor, alegando que ele tinha assassinado Tuna, um igual. Troy me ajudou a soltar os meio felinos, e paramédicos examinaram o corpo do meio tigre estirado no chão de pedra.

-Ele esta morto, senhorita. Não ha nada a que possamos fazer.

Eu solucei, e Seth, que tinha ouvido a afirmação, me abraçou. Nós dois nos ajoelhamos e choramos pelo nosso amigo...e irmão.

Coisa de gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora