CAPÍTULO 9

5.2K 614 50
                                    


MADALENA CEREJA

Depois que escapei a tempo de um novo surto de Enrico para o quarto verifico o celular vendo que Aline já tinha enviado uma mensagem comunicando que estava prestes a sair de casa com a localização enviada.

Correndo pelo quarto comecei a me arrumar agradecendo por ter tomado banho enquanto o peixe assava, meu acompanhante deveria chegar a qualquer minuto.

Vesti um dos conjuntos que Aline tinha me presenteado naquele dia. A saia envolvia meu corpo até a metade das coxas com a estampa bonita preta e amarelo mostarda. A blusa era uma espécie de top de ombro único que deixavam meus seios maiores do que eram. Os sapatos que Aline tinha me feito comprar há alguns dias com o meu primeiro salário eram altos demais, tinha passado a semana treinando me equilibrar em cima deles e ainda sentia que poderia cair a qualquer segundo.

A casa estava tão silenciosa que nem parecia que acontecia um jantar ali. Duas batidas na porta me fizeram ficar em alerta até que dona Luísa entrou saltitando fechando a porta.

— Meu Deus, você está linda! Enrico vai morrer, tô falando sério.

— Não sei do que a senhora está falando, dona Luísa. — Andei até o espelho gostando do que via e cobri meus lábios com um batom vermelho sangue.

— Ah Madalena... — Ela coloca as mãos na cintura. — Até um cego consegue ver a tensão sexual que está rondando vocês dois. O bichinho está lá fora sem nem tocar na comida, está bufando a cada dois minutos naquela mesa de jantar.

— Está? — Me virei para encará-la enquanto prendia meu cabelo com alguns grampos para que caíssem sobre o ombro que o top não tinha alça.

— Está! — Ela dá alguns pulos engraçados. — Me diga, quem é vem te buscar?

— Jonas quem virá.

— Não brinca! — Dona Luísa leva a mão até a boca me choque e depois joga a cabeça para trás rindo. — Garota, e eu pensando que teria que dar uns empurrõezinhos... sabia que esses trinta dias iam ajudar muito, você não é boba.

— Dona Luísa não sei o que a senhora está imaginando, mas Enrico não gosta de mim.

— Gosta sim! E você gosta dele também, não é?

— Eu gosto, mas ele não gosta. — Me encolho me lembrando do beijo e de toda rejeição que veio depois. — Se quer saber nós dois nos beijamos, e então ele se afastou, me rejeitou e me trata como se me odiasse, é isso.

— Madalena — segura minhas mãos. — Ele se culpa pela morte da esposa... ele não entende que foi uma fatalidade, se prendeu a essa culpa e a essa ideia de fidelidade. E aquela bruxa loira lá na sala se aproveita dele pensar assim para mantê-lo preso.

— Bom, eu sinto muito por isso, mas ao contrário da filha daquela senhora, estou bem viva, já passei por coisas difíceis demais, não posso ficar sofrendo por Enrico se ele não me quer.

— Você está certa, meu bem. — Me abraçou apertado. — Eu concordo e estou do seu lado... se for para ser, vai ser! Só de ver que Enrico está percebendo que é capaz de se apaixonar de novo, que não está morto como Patrícia... só isso já me alivia tanto. Vem sendo anos difíceis, mas agora ele está vendo que gosta de você.

— Eu não sei se concordo com que disse, mas ok. — Ofereço um sorriso nervoso.

— Eu tenho que voltar, menti que vinha no banheiro. — Ele estava inquieto para vir até você, mas não arranjou uma desculpa antes da minha. — Piscou de um olho só. — Vá logo para sala, não quero perder a cara dele quando te ver gostosa assim!

CIDADE CINZA {DEGUSTAÇÃO} DISPONÍVEL AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora