CAPÍTULO 10

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MADALENA CEREJA

São Paulo – Bairro Jaçanã

22h:45min

O carro importado totalmente preto parou na rua estreita. O homem ao volante desceu e abriu a porta traseira. Belos saltos apareceram primeiro, depois a mulher totalmente fria e de nariz em pé saltou ignorando a mão estendida do motorista. Andou até o portão velho e enferrujado onde um homem a esperava.

— Boa noite, dona.

— Onde está o seu chefe? Não converso com subordinados. — A loira olhou o homem alto e tatuado com desdém.

— Ele me mandou acompanhar a coroa até lá dentro.

— Coroa é a mãe! Denise Campos Assis, seu imundo! E não preciso que me acompanhe em nada, eu mando nesta merda aqui se você não sabe! Saia da minha frente!

— Perdão, senhora. — O homem se desculpou e a deixou passar na frente a acompanhando com uma boa distância para dentro do galpão que olhando de fora parecia abandonado, mas lá dentro vários imigrantes colombianos ilegais trabalhavam escravizados empacotando os pequenos papelotes de droga.

Um homem já era de meia idade, porém muito vaidoso contendo muitos procedimentos estéticos que tentava enganar se aproximou sorrindo. — Denise, querida!

— Não se aproxime de mim com este sorriso escroto na cara, Edgar! A minha paciência com você está por um fio, sabe? Você está fazendo merda atrás de merda há anos!

O cenho do homem se franziu com o insulto.

— O que aconteceu com você hoje? Por que toda urgência em me ver?

— Aconteceu que essa sua brincadeirinha de que está tudo sob controle já me renderam a filha e marido mortos, quando quem deveria estar morto não está, né? Muito pelo contrário, graças aos seus homens incompetentes está recuperando e pelo que estou sabendo e vi a pouco deixa claro que corremos risco de novo! Acabo de ser expulsa da casa de Enrico De Giordano, aparentemente ele já está bem do acidente de moto que seus homens imprestáveis causaram, e pior, está apaixonado novamente, você sabe que ele fica bastante motivado quando está apaixonado, porra!

— Que porra de história é essa?

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Enrico limpou a garganta e parou de alisar minhas costas.

— Não se sente confortável? Tudo bem, eu não quero te pressionar.

— Foi em um desastre aéreo. O avião em que ela estava caiu.

— E ela estava grávida? Desculpe, é que você gritou para Denise que ela e seu filho não vão voltar, e eu não consigo não pensar nisso.

— Patrícia e eu nos conhecemos pouco tempo depois que entrei para a polícia. Ela era repórter investigativa, nos envolvemos, apaixonamos e nos casamos. Ela não queria um bebê achava que não era a hora, mas acabou acontecendo... já estava com a gravidez bem avançada quando foi investigar sobre o envolvimento de uns políticos com tráfico internacional.

— Você está dizendo que o avião foi sabotado?

— A perícia diz que foi por falta de manutenção, mas, eu nunca acreditei nisso. Acho sim que Patrícia foi morta por descobrir o que não devia, uma rede de tráfico a qual eu também estava investigando. Mas nunca consegui provar.

CIDADE CINZA {DEGUSTAÇÃO} DISPONÍVEL AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora