O SOBRADO

2.7K 217 117
                                    

DAY

Dayane chega na esquina combinada e encontra Priscila dentro de seu Porsche Cayenne branco, ela sobe no carro e vai cumprimentar a loira com um beijo no rosto, mas Priscila vira sua cabeça enquanto segura Day pela nuca pra um beijo na boca.
Dayane se afasta olhando para fora do carro com medo de alguém ter visto aquela cena.
- Porra, Priscila! Assim não! Já pensou se alguem vê isso? Vai por tudo a perder! Você disse que ia ajudar!
Priscila levanta as mãos.
- Desculpa, morena. Você precisa entender que é difícil pra mim estar tão perto de você assim e não poder te tocar.
- É, mas você vai ter que aprender a administrar isso ou eu ponho um ponto final nisso aqui, cê tá me ouvindo?
Priscila faz uma careta mas concorda com a cabeça, liga o carro e diz:
- Certo, mandona. Cê vai gostar de onde vou te levar hoje, já deixei tudo reservado pra gente, é um lugar lindo mas bem discreto, do jeito que você pediu.
Dayane sorri sinceramente com os olhos brilhando.
Esse brilho no olhar incomoda Priscila, que mal consegue disfarçar, mas permanece em silêncio.

Priscila pega uma estrada de terra, mas muito bem batida, com placas de sinalização durante todo o trajeto até chegar em um sobrado de madeira protegido por um portão enorme como o de um castelo.
- Morena, tá preparada? Vou te fazer pirar!
Day sai do carro prestando atenção em cada detalhe da propriedade, adentrando o portão ela passa por um corredor pequeno que a leva a um outro corredor, mas esse é bem comprido e todo feito de grandes pedras, do começo dele ela consegue avistar ao longe árvores enormes, o cheiro de mato é delicioso e a faz querer fechar os olhos e inspirar profundamente pra saborear ainda mais todo aquele perfume. Depois de alguns passos ela ouve um barulho de água, como um riacho, uma brisa um pouco mais fria toma conta do ambiente, a ansiedade de saber o que a espera a toma por completo.
Quando o corredor finalmente acaba ela chega em um lugar bem amplo, com um gramado de tirar o fôlego, as árvores eram ainda maiores do que ela imaginava e ao redor de tudo isso há mesmo um riacho.
É , de longe, o lugar mais lindo que ela já esteve, Priscila estava coberta de razão.
- E aí, morena? Gostou? Quer fazer aqui?
Day a olha com os olhos vidrados, sorri pra loira, pega em sua mão e diz:
- Você é mesmo a melhor. Eu quero fazer aqui, sem dúvida nenhuma. Mas nós vamos fazer aqui ou lá dentro daquele sobrado?
- Morena, a gente vai fazer em tudo isso aqui. Você não tá entendendo, tudo isso aqui nessa propriedade é pra você.
- Eu não tenho grana pra bancar isso aqui, Priscila.
- Quem aqui tá pedindo dinheiro? Fica na sua! Eu tenho contatos, muita gente nessa cidade deve favor ou pra mim ou pra minha avó. É fácil conseguir tudo que eu quero, a única coisa que sempre me deu trabalho foi você.
- Você... Cara... Eu tô mesmo sem palavras, obrigada por isso!
- Tenho aprendido que te ver feliz é uma das coisas mais deliciosas que eu já provei, Day.
Elas sorriem enquanto se olham.
- Boa parte disso eu devo a você nos últimos dias.
- Nunca pensei que eu fosse te fazer feliz.
As duas gargalham.
- Olha, não vou mentir, eu também não.
- Espero que eu não estrague tudo, quero ficar na sua vida.
- Nós vamos dar um jeito. Tenho certeza que a Carol vai entender, vamos fazer tudo do melhor jeito, ok?
- Ok, agora vamos terminar o que começamos.
Priscila pega Day pela mão e a puxa com ela.

CAROL

Carol passa o dia inteiro sozinha. Já está quase anoitecendo e Dayane ainda está fora.
O filme que passa na TV exibe uma cena de sexo quente onde um casal transa dentro de um carro, Carol está carente e sente seu corpo se acender.
A mulher tem seu seio direito a mostra onde a alça de seu vestido cai sobre seus ombros. Um seio lindo.
Carol gosta.
O rapaz o amassa como um tomate e ela na mesma hora julga o quanto os homens não sabem tocar uma mulher, então ela resolve ignorar o rapaz na cena e se concentra apenas na garota, que se contorce em cima do colo do homem que a puxa pela cintura controlando os movimentos. Os dois gemem deliciosamente e Carol já está com sua mão direita dentro de sua calcinha. Os dedos completamente encharcados deslizam pelo seu clitóris fazendo toda a sua pele se arrepiar, as pernas ganham movimentos involuntários enquanto seu tronco se contrai e se estica alternadamente, ela leva seus dedos da mão esquerda à boca e os chupa deixando a saliva molha-los e então ela os coloca em seu seio esquerdo, seu mamilo fica saliente na hora e o gemido vem mais forte. Ela se masturba tocando seu seio enquanto olha o seio da garota em seu televisor, o rapaz o abocanha inteiro enquanto a garota joga seu corpo pra trás e rebola em seu membro com mais fúria, Carol só consegue imaginar Dayane embaixo dela fazendo ela sentir tudo aquilo que aquela mulher está sentindo, seus dedos estão mais velozes e ela sente o orgasmo se aproximar, a velocidade com que esfrega seu sexo é mlcada vez mais intensa até que seu corpo não aguenta mais e todos os seus músculos se retraem num grito contigo pra depois amolecerem como nata e a saudade de Dayane e a frustração pelo seu comportamento estranho dos últimos dias envadem seu corpo traduzindo num choro compulsivo que ela nem entende de onde vem.
Dói.

"Será que a gente nunca vai conseguir ter paz? Toda vez vai ter sempre alguma merda acontecendo pra que uma de nós fique sofrendo?"

Carol chora até cansar e a última coisa que ela se lembra antes de adormecer é do corpinho quente de Bill vindo se enroscar nela.
Ela sonha.
Elas estão na festa de lançamento de Vitão, sim, a mesma festa que já foram.
Priscila está lá também, mas ao contrário do que realmente aconteceu, Dayane some no meio da noite e Carol passa boa parte do sonho procurando por ela. A casa tinha vinte vezes o seu tamanho e milhares de portas fechadas no andar de cima, ela passa a noite abrindo todas as que ela encontra com o coração na boca, ela conhece essa sensação, ela já passou por isso antes.
Sem ter a menor ideia de que está sonhando Carol é tomada pela aflição de imaginar Dayane na cama com Priscila mais uma vez enquanto anda exaustivamente abrindo e fechando cada maldita porta que ela encontra naquele corredor sem fim.
Depois do que pareciam hora ela se depara com uma porta trancada, ela então coloca seu ouvido colado na madeira.
Era ela.
Era Dayane.
Ela gemia chamando por Priscila enquanto mandava que a loira não parasse.
Um raio atravessa o corpo de Carol fazendo com que ela tenha certeza de que foi dividida ao meio. Cada parte separada de seu corpo cai no chão.

DAY

Dayane chega em Casa e encontra Carol dormindo no sofá. Ela vai perto pra dar um beijo em sua mulher e se depara com aquela expressão que Day conhece bem.
Caroline chorou essa noite.
O coração de Day se despedaça ao imaginar Carol chorando sozinha, provavelmente por sua culpa. Não está sendo fácil pra ela enganá-la, mas ela sabe que agora não é o momento certo pra abrir o jogo, mas mesmo tendo ciência disso seu coração se comprime, mas ela não pode fazer nada pra mudar tudo que tem acontecido, foi o que ela escolheu fazer e agora não tem mais volta, tudo já estava feito, ela só precisar esperar o momento certo pra contar sobre a Priscila. E por mais que ver Carol sofrer doa nela, ela não pode deixar de ter um sorriso no canto de seus lábios pelo dia incrível que ela teve.
Ela prefere não acordar Carol e apenas coloca um cobertor sobre ela e vai se deitar também.

CAROL

Ela acorda num susto, a sala gira sem parar fazendo com que ela sinta náusea. Seu corpo está coberto de suor e ela sente uma leve pressão em sua mandíbula o que a faz entender que ela estava apertando os dentes de nervoso.
Era do um sonho. Um alívio percorre sua espinha, mas antes de alcançar sua nuca o corpo se enrijece novamente ao lembrar que ela dormiu sem Dayane.
Carol se levanta num salto ao olhar que o relógio marca três horas da manhã. Ela vai até o quarto e encontra Dayane dormindo na cama.

"Porra... Ela veio dormir sozinha?"

Carol sente o chão se abrir diante de seus pés. Aquilo pra ela, naquele momento, parecia ser o indício mais forte de que tudo que elas tinham estava realmente chegando ao fim, a cumplicidade parecia ter término Depois de tudo que viveram, depois de tudo que passaram por cima pra estarem ali. Tudo, de alguma forma muito louca e sacana, estava desmoronando e levando Dayane pra longe dela. Mais uma vez.
O choro volta com tudo, mas dessa vez ele vem silencioso, Carol se aproxima de Dayane pra fitar seu rosto, uma expressão de cansaço profundo.
Ela se recusa a pensar que Dayane seria capaz de traí-lá, mas sua cabeça a sabota, a insegurança a segura pela cintura e a arrasta pro limbo do ciúme e da desconfiança.
Carol estava enterrada até o pescoço na mágoa e no ressentimento e não havia mais nada em que ela pudesse se apoiar pra evitar que toda aquela dor travestida de água turva pudesse cobri-la inteira.

Ela estava submersa.

Desejo e tentação Onde histórias criam vida. Descubra agora